Existe uma exterioridade do discurso em relação a quem o escreve, uma autonomia do dizer que define a possibilidade de comunicação e formulação. Então, se a identidade é um atributo de nossas falas, ela também é uma desconstrução de nós mesmos como sujeitos ou produtores de discurso, pois reduz o discurso a uma máscara. A identidade com aquilo que dizemos é tão artificial e falsa quanto uma bandeira empunhada. A bandeira não fiz a si mesma, não significa em sua própria existência. Mas simboliza. Remete a algo que a transcende. Neste sentido, ninguém tem identidade, mas pertence a ela negando a si mesmo. Toda identidade é simulacro.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
sábado, 24 de fevereiro de 2018
A MÁSCARA DA SEXUALIDADE
A sexualidade é uma máscara de identidade elementar. Antes de tudo nos reconhecemos como homens e mulheres e, portanto, nossa condição de sujeitos é dada pela sexualidade. Nossa possibilidade de inventar discursos são condicionadas à isso. Nossas vozes não são livres da marca da sexualidade. Mesmo o homo erotismo reproduz papéis masculinos e femininos em suas dinâmicas afetivas. Tal fato torna enigmática a pergunta: O que é, afinal, uma pessoa?
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018
IDENTIDADE E DIVERSIDADE
Apesar de nossa tendência a associar
identidade com singularidade, não existe identidade sem diversidade e sem
homogeneizações dentro desta mesma diversidade. A identidade é um
atributo tanto individual quanto coletivo. Por isso é pertinente
questionar se quando falamos de identidade, reportando a singularidade de um
determinado individuo, estamos nos referindo a mesma coisa quando atribuímos identidade a um conjunto de indivíduos.
Se identidade é mais do que
simples identificação, podemos arriscar dizer que a palavra possui nos dois casos significados distintos. Para o individuo, em
relação a si mesmo, identidade é auto consciência e diferenciação. Para um
grupo de indivíduos que se reconhecem como semelhantes ou associados por um
conjunto de crenças, atividade ou afeto compartilhado, identidade é um
perder-se de si através do grupo. Nos dois casos a experiência da identidade
tem resultados opostos. Mas se grosso modo identidade refere-se aquilo que é idêntico, a
reconhecimento, ela é a busca de uma verdade seja de um individuo ou um
conjunto de indivíduos. A questão é se podemos atestar a autenticidade a partir de uma verdade. Isto é, reduzir
identidade a uma espécie de rótulo, a ponto da identidade não passar de uma
persona.
Assim, toda identidade é
superficial e esconde uma indeterminação mais profunda que revela a diversidade
como um atributo de indivíduos e grupos. A própria identidade é diversa.
Existem identidades plurais, múltiplas, fluidas e fixas que interagem e nos configuram.Essencialmente,
somos diversos e indeterminados.
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018
SOBRE O DIZER DAS COISAS
A vida transmutada em palavras
abertas não é o acontecer das coisas,
É um pensamento que pensa a si
mesmo inventando as coisas como representação,
Como significado e significante
no jogo verbal do sentido de um enunciado.
Mas a vida em si é ilegível e
silenciosa. Não cabe no dizer das coisas. Mas este dizer é o que somos...
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018
O QUE OU QUEM SOU EU?
Viver é exteriorização constante
e não um movimento em direção a uma abstrata identidade e egoica.
A vida é um modo de perder-se nas
coisas e situações. É o fato de a todo instante surpreender um outro em si
mesmo como linguagem e consciência.
Afinal, quem sou eu?
O que sou eu?
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018
ESCREVER...
Ainda que eu seja menor do que as palavras que diariamente inventam minha vida, sei que meu dizer é infinito. Jamais esgotarei as possibilidades do branco da folha. Mas sempre estarei tentando, através de cada novo enunciado, dizer o indizível, o insustentável e insuportável, que dorme no fundo do discurso. Aquele significado quase ilegível que me escapa na aventura de cada verso ou linha.
Quero do real atingir a nervura onde o vazio do ser da linguagem se confunde com a aventura do meu próprio corpo transfigurado em literatura.
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018
O SENTIDO DE NOSSAS PALAVRAS
Palavras náufragas tentam reinventar
a vida,
Redefinir o mundo,
Mas escrevem apenas silêncios.
É como se nada mais pudesse ser
dito.
Pois há uma ausência crescente em
nosso dizer das coisas,
Um tedio de sentido que tudo
reduz a informação.
O dizer do mundo nos escapa através
de delirantes representações,
Enquanto enunciados à margem da
verdade povoam nossa imaginação.
Já não sabemos o que somos,
O que seremos,
LINGUAGEM E EXISTÊNCIA
Cada um deve criar sua cota
pessoal de significados para orientar-se no mundo, inventar sua própria
linguagem no plano da imanência e do cotidiano. Imagens de pensamento não são pressupostos apenas do saber filosófico,
mas algo inerente a própria existência através do exercício da linguagem. Existir,
tornar-se um indivíduo, é a aprender a dizer o mundo a sua maneira, de uma forma cada vez mais rica e complexa.
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018
O TEMPO NOS OLHOS
Os anos não inventam o tempo.
Fazem acontece a vida,
O vazio e o mundo
Dentro da gente.
Mas todos os fatos juntos
Não me definem o rosto.
Meus olhos criam espaços,
Alimentam silêncios e vazios...
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