sexta-feira, 17 de novembro de 2017

SOBRE O VAZIO DA IDENTIDADE



Procedemos diariamente à encenação de nós mesmos como um rito de identidade (s). Mas são os outros quem nos define a persona, a trama e o próprio destino. Se a vida social é um teatro, um simulacro, nele não temos direito se quer a definição de nós mesmos.  Mas se fosse possível tal prerrogativa, seriamos capazes de nos  auto impor algum rosto que não fosse o simples esboço de nossas imprecisões?  


segunda-feira, 13 de novembro de 2017

O JOGO DOS OPOSTOS DE NOSSA CONSCIÊNCIA DO MUNDO

Duas tendências opostas nos condicionam a existência: por um lado a vocação para nos conformar ao mundo como exterioridade, como norma coletiva. Em contrapartida, sofremos a tendência para experimenta-lo como um outro de si mesmo, enquanto interioridade subjetivada. Nosso bem estar depende de um equilíbrio entre estas duas tendências do movimento introjetivo da consciência das coisas.

O conformismo é a submissão natural ao bom uso do impessoal da linguagem como forma de inscrição no jogo social, o cultivo da individualidade é, de modo complementar, a codificação aleatória e subjetiva de todo material e experiência simbólica, a vocação para estabelecer arranjos próprios dentro do horizonte de uma perspectiva ou visão de mundo. Uma tendência tende a conformar-se a outra através do perigoso caminho do cultivo da verdade. Mas a única verdade que nos é realmente possível é o devir, a perenidade de todas as coisas. É neste ponto que as duas tendências devem coincidir.



SUBJETIVAÇÃO

Sou filho dos meus gritos
E sobra dos meus silêncios.
Metade de mim é imperfeita,
Outra metade é desejo.
Sou por inteiro
Feito de inacabamentos.
Parte de mim já se foi,
Outra nunca acontecerá.
Existo de modo impreciso
Entre a vontade e a representação
De um eu sempre em construção.


NOTA SOBRE INSPIRAÇÃO E CRIATIVIDADE


ROSTO

O que melhor define o corpo
É o rosto.
A paisagem da carne viva
No gosto das coisas,
no sentimento do outro
Que é o mundo
que através do olhar
Nos faz tudo
Entre ver e ser visto
Mediante o sentimento
E sentido da paisagem,
Como se fosse um quadro de carne.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

RETÓRICA

Entre quem escuta e quem fala existe a regra,
O pré-dito no silêncio que antecede a fala.

Existe mais do que nós ...
O SENTIDO,
O vazio, o acaso
E a memória.
 Talvez haja, inclusive,
um "Isto".

Mas o corpo não existe.
Ele simplesmente é,
Contra o ilegível
Que dorme dentro
De qualquer palavra.


CÉU AZUL

Este céu azul
não é o mesmo 
Da minha infância.
Mas ainda me serve
Como matéria de sonhos
E a evasão
Que me reinventa criança
Contra todas as certezas do mundo.

O CORPO NA ALMA

O corpo preso à alma das coisas
Inventa a realidade compartilhada
Na prisão da verdade.

Nada é absoluto quando o absoluto
É relativo à carne que pensa,
Que sente e sofre significados
Gritando o absurdo de tudo.

                                           

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

ARQUEOLOGIA DO SABER

Minha essência é ausência,
Uma falta de ser,
Que me define como um fantasma
Dentro de um espelho.

Digo apenas o que pode ser dito
E penso apenas o que pode ser pensado
A margem do ser da linguagem.
Sou o original e a cópia
De um discurso fechado.
Para mim quem é por que
Na arqueologia de Foucault