segunda-feira, 18 de setembro de 2017

MAQUINAS DE GUERRA E PENSAMENTO NÔMADE



A virtualidade imanente da forma estado na filosofia de Deleuze e Gattari, inspirando-se na noção de guerra primitiva da etnologia de Pierre Clastres, nos oferece o conceito de maquina de guerra  nos provocando com desconcertantes  estratégias de pensamento e ação politica.

A maquina de guerra, em suas linhas de fuga, em seu nomadismo,  representa a recusa da forma-estado e mesmo da identidade como principio de oposição. A maquina de guerra é devir, não tem a guerra como seu objetivo. Quando aqui me refiro a “linhas de fuga” me reporto a  uma “vitalidade não orgânica”.

Em Deleuze , filosofia critica é ontologia, um lugar entre um devirmesmo e um devir- outro que já não reivindica o ser ou o acontecimento em seu sentido fenomenológico. Filosofia é, neste sentido, desterritorização na geografia de um novo campo de experiências definido por agenciamentos e devir. Filosofia é imanência.... A própria filosofia é um agenciamento.

A noção de maquinas de guerra propõem uma exterioridade em relação ao Estado, mesmo que passiveis de captura. Tal noção expõe uma tensão e um conflito constante entre o nômade do social e o sedentário normativo e hierárquico do Estado. A exteriorização que se busca na fuga  é atingir o ponto em que o controle já não disciplina os corpos. É preciso escapar a todas as estratégias de assujeitamento.


DEFINIÇÃO DE MUNDO

O mundo é puro e absurdo devir de micro realidades justapostas. Não funcionamos como um organismo, mas como uma massa densa e informe. O mundo, enquanto totalidade é simples abstração, ilusão cognitiva. Ele é aquilo que me informa enquanto individuo, enquanto apêndice de enunciados, signos e símbolos. O mundo é a abstração que nos define.


sexta-feira, 15 de setembro de 2017

CÉTICO

Minha voz é pequena.
Quase não me escutam.
Minhas palavras não servem
Aos meus desconhecidos
E nem impressionam meus amigos.
Tenho, aliais, muito pouco a dizer
Entre tantos e tantos discursos
Que nos estraga a vida.
Definho no meu silêncio
E na minha essencial descrença

Na força de todos os enunciados.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

POEMA PÓS ESTRUTURARISTA

Entre o ato e o fato
Habita o desejo,
Este abstrato e cego impulso,
Este absurdo impulso
Em direção a um objeto
Que só existe no querer
E nunca se define inteiramente
Como coisa.
Afinal, entre o ato e o fato

Não existe sujeito.

O CORPO

Estou condenado a ser este corpo.
Ele existe mais do que eu.
É coisa concreta,
Realidade dinâmica,
Em tempo e espaço.

O corpo tem seus lugares,
Seus silêncios e gritos.
As vezes é divertido.
Mas tento apaga-lo
Afirmando o eu contra o corpo.
Como se fosse possível ser

Algo mais do que um corpo.


terça-feira, 5 de setembro de 2017

PEDRAS DE SILÊNCIO

Atirei nos telhados da humanidade
Algumas pedras de silêncio.
Escutei um eco caindo,
Correndo contra o infinito.
Mas ele era ilegível.
Era, naturalmente,
Apenas o barulho

Do meu próprio silêncio....