sexta-feira, 11 de agosto de 2017

DISCURSO


O TEMPO


O tempo não envelhece
Apesar das épocas, mudanças e perdas,
Ou do fim que termina os filmes.

O tempo é sempre o tempo
Que transforma e mata a gente.

Nunca muda através de tudo
Se reinventando no nada das metamorfoses.

O tempo é físico,
Espaço e movimento,
Mas só faz sentido
Através da memória.


DUALISMO


quinta-feira, 10 de agosto de 2017

SEM VALOR

Para Wittgenstein, em suas Investigações Filosóficas,  "no mundo , tudo é como é e acontece como acontece. Nele não há valor, e, se houvesse, o valor não teria valor."

quarta-feira, 9 de agosto de 2017


FOUCAULT E A FORMA LIVRO

O livro como receptáculo de enunciados é predestinado ao envelhecimento, a degradação perpétua. A forma livro é como um momento que nos aprisionamos em uma fotografia, uma imagem que se transforma em simulacro, pois um texto acabado é um texto morto.  Por isso é inconveniente ficar preso a impressão de qualquer livro como se sua narrativa fosse atemporal e não um produto datado e circunstancial destinado sempre a ser desvalorizado  pela infração bibliotecária, bibliográfica, e a critica implacável do devir das épocas. Ao mesmo tempo, o livro é também ameaçado pela tirania do autor que, muitas vezes, o renega parcial ou integralmente enquanto ele se degenera em um outro de si mesmo através de citações e referências.

No breve prefácio que faz a primeira reedição de sua História da Loucura, suprimindo o prefácio original, Foucault  bem define o simulacro  da identidade de um livro:

“... Um livro é produzido, evento minúsculo, pequeno objeto manejável. A partir dai, é aprisionado num jogo contínuo de repetições; seus duplos, a sua volta e bem longe dele, formigam; cada leitura atribui-lhe, por um momento, um corpo impalpável e único; fragmentos de si próprio circulam como sendo sua totalidade, passando por contê-lo  quase todo  e nos quais acontece-lhe, finalmente, encontrar abrigo; os comentários desdobram-no, outros discursos no qual enfim ele mesmo deve aparecer, confessar o que se recusou a dizer, libertar-se daquilo que, ruidosamente, fingia ser. A reedição numa outra época, num outro lugar, ainda é um desses duplos: nem um completo engodo, nem uma completa identidade consigo mesmo.”


Tal fragmento torna-se mais significativo quando consideramos o fato de que o primeiro livro publicado por Foucault, Doença Mental e Personalidade, teve sua reedição proibida pelo próprio autor a partir de 1966. Pode-se aqui apenas especular sobre as razões do fato. Mas certamente, tal recusa se explica em função das obras posteriores  do autor, em especial sua História da Loucura e  O Nascimento da Clinica que reduziram a nada o evento minúsculo do primeiro livro. Afinal, o que é o momento de um livro dentro do tempo de uma obra?