quarta-feira, 24 de junho de 2015

NOSTALGIA

A vida é demasiadamente efêmera. Tudo acontece e se perde rápido demais.

Fico pensando em todas as situações e coisas que já vivi e deixaram um amargo sabor de nostalgia.

O passar do tempo é realmente desagradável e nos rouba tudo aquilo que nos define e consideramos importante. Nada é definitivo... as vezes não é fácil conviver com isso.

No fundo somos todos colecionadores de escombros e ruínas que vão se acumulando dentro da gente até que chega uma hora em que nós mesmos nos tornamos ruína.


Por isso fico sempre desconfortável. Principalmente quando me sinto alegre. A satisfação dura quase nada. Menos que um por do sol. 

sexta-feira, 19 de junho de 2015

FUGA

As vezes me vestia de frio
E ia buscar a companhia da chuva
Para esquecer meus fracassos.

Tentava apagar as mágoas,
Os amores perdidos,
Os sonhos despedaçados
E as vontades feridas.

Tentava esquecer de mim,
Afogar em meus silêncios,

Calar o mundo e o destino.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

A DIALÉTICA DOS MEUS EUS

Amanhã posso não ser mais eu.
Posso ser ninguém, silencio e lembrança.
Posso ser a lágrima na face de alguém
Ou, talvez, apenas outro
De mim mesmo
Buscando  o vazio
Em novas ilusórias certezas.
Amanhã pode ser tarde
Ou cedo demais
Para meus tantos eus.


terça-feira, 16 de junho de 2015

INDIVIDUALISMO RADICAL

Tornar-se um individuo psicológico é a única grande meta de nossa vida. Aprofundando a tese, tornar-se um complexo de situações psicológicas e complexas é um desafio pessoal que poucos ousam enfrentar.

Inventar a si mesmo contra os lugares comuns da vida coletiva e dos  fatos nos reatualizam o desafio da invenção do espaço privado e da subjetividade dos oitocentos. Mas partindo de uma lógica diferente e que, paradoxalmente, pressupõe o deslocamento das identidades como estratégia de reconstrução de nossa mais intima e incerta subjetividade.


Na contemporaneidade nos azemos e nos reinventamos em uma modalidade de “ estar no mundo” onde o próprio real deixou de ter substância...

ESBOÇO


Nunca espero me reconhecer no espelho do tempo.
Serei sempre a soma de minhas possibilidades.
Algumas perdidas, outras falidas,
A maioria suspensa entre o sonho e a realidade
A espera de algum contundente vento de verdade.

O fato é que não passo de um precário esboço de gente
Entre tudo aquilo que fui e que poderia ser,
Que se perdeu ou nunca aconteceu.
Sou cem milhões de alternativas a mim mesmo
Tentando se acomodar ao imperativo dos fatos.

O resultado disso, um dia,  será apenas o silêncio...


NOSTALGIA

O tempo levou o jardim da infância,
Apagou o antigo azul do céu
E desapareceu com minhas esperanças.

De repente, morreu aquele garoto feliz
Que um dia fui na casa antiga.
Perdeu-se aquele
Sabor de mundo
Que me inspirava a viver.

Repentinamente me tornei adulto,
Vazio de tudo e moribundo.
Os que amavam foram morrendo,
O cotidiano foi apertando no peito
E as decepções desbotando sorrisos.

Hoje não passo de um resto perdido
De tudo aquilo que já fui.


segunda-feira, 15 de junho de 2015

DESABRIGADOS

O dia ia acabando,
Ia morrendo rapidamente.
As pessoas se escondiam
Em prédios e casas,
Definhavam enquanto a chuva caia,
Enquanto aguardavam
Em seu intimo abrigo
O incerto momento
Do voltar do dia.
A noite abraçava a todos,
Fria e melancólica.

Os sonhos atrasavam
Diante dos fatos.
As esperanças haviam fugido.
Estávamos todos trancados e sós.


AUTO CONHECIMENTO

Não me reconheço na vida que levo.
Me considero um duble de mim mesmo
Interpretando o oposto da minha própria vida.
Todas as minhas experiências são o acontecer de um outro
Que cada vez mais desconheço.
Tenho qualquer dificuldade para lidar com o imperfeito
E o impreciso do dia a dia.
Por isso evito pessoas
Na insana e inútil busca de mim mesmo.


sexta-feira, 12 de junho de 2015

CETICISMO

Não quero estar certo. Não tenho é em nada daquilo em que acredito.
Não me baseio em opiniões. Penso os fatos e acontecimentos como um quebra cabeça onde  sempre faltam peças e algumas coisas não se encaixam.
Por isso sou incapaz de fé. Não espero o absoluto de um sentido definitivo e nem dominar a realidade com o absoluto de qualquer certeza.
Prefiro enlouquecer do que me confortar com uma resposta que me faça prisioneiro de qualquer imutável ideia de realidade.
Toda convicção radical é uma forma de morte do pensamento livre e indiviual.


quinta-feira, 11 de junho de 2015

ANOITECIMENTO

A noite caiu sobre a minha sorte
E me escondeu da vida.
Estava triste.
E minha tristeza se espalhava
Sobre todas as coisas.

Rompi  acordos
Feri  certezas
E matei esperanças.


Aquebrantado,
Me desencontrei de mim mesmo.