quarta-feira, 17 de junho de 2015

A DIALÉTICA DOS MEUS EUS

Amanhã posso não ser mais eu.
Posso ser ninguém, silencio e lembrança.
Posso ser a lágrima na face de alguém
Ou, talvez, apenas outro
De mim mesmo
Buscando  o vazio
Em novas ilusórias certezas.
Amanhã pode ser tarde
Ou cedo demais
Para meus tantos eus.


terça-feira, 16 de junho de 2015

INDIVIDUALISMO RADICAL

Tornar-se um individuo psicológico é a única grande meta de nossa vida. Aprofundando a tese, tornar-se um complexo de situações psicológicas e complexas é um desafio pessoal que poucos ousam enfrentar.

Inventar a si mesmo contra os lugares comuns da vida coletiva e dos  fatos nos reatualizam o desafio da invenção do espaço privado e da subjetividade dos oitocentos. Mas partindo de uma lógica diferente e que, paradoxalmente, pressupõe o deslocamento das identidades como estratégia de reconstrução de nossa mais intima e incerta subjetividade.


Na contemporaneidade nos azemos e nos reinventamos em uma modalidade de “ estar no mundo” onde o próprio real deixou de ter substância...

ESBOÇO


Nunca espero me reconhecer no espelho do tempo.
Serei sempre a soma de minhas possibilidades.
Algumas perdidas, outras falidas,
A maioria suspensa entre o sonho e a realidade
A espera de algum contundente vento de verdade.

O fato é que não passo de um precário esboço de gente
Entre tudo aquilo que fui e que poderia ser,
Que se perdeu ou nunca aconteceu.
Sou cem milhões de alternativas a mim mesmo
Tentando se acomodar ao imperativo dos fatos.

O resultado disso, um dia,  será apenas o silêncio...


NOSTALGIA

O tempo levou o jardim da infância,
Apagou o antigo azul do céu
E desapareceu com minhas esperanças.

De repente, morreu aquele garoto feliz
Que um dia fui na casa antiga.
Perdeu-se aquele
Sabor de mundo
Que me inspirava a viver.

Repentinamente me tornei adulto,
Vazio de tudo e moribundo.
Os que amavam foram morrendo,
O cotidiano foi apertando no peito
E as decepções desbotando sorrisos.

Hoje não passo de um resto perdido
De tudo aquilo que já fui.


segunda-feira, 15 de junho de 2015

DESABRIGADOS

O dia ia acabando,
Ia morrendo rapidamente.
As pessoas se escondiam
Em prédios e casas,
Definhavam enquanto a chuva caia,
Enquanto aguardavam
Em seu intimo abrigo
O incerto momento
Do voltar do dia.
A noite abraçava a todos,
Fria e melancólica.

Os sonhos atrasavam
Diante dos fatos.
As esperanças haviam fugido.
Estávamos todos trancados e sós.


AUTO CONHECIMENTO

Não me reconheço na vida que levo.
Me considero um duble de mim mesmo
Interpretando o oposto da minha própria vida.
Todas as minhas experiências são o acontecer de um outro
Que cada vez mais desconheço.
Tenho qualquer dificuldade para lidar com o imperfeito
E o impreciso do dia a dia.
Por isso evito pessoas
Na insana e inútil busca de mim mesmo.


sexta-feira, 12 de junho de 2015

CETICISMO

Não quero estar certo. Não tenho é em nada daquilo em que acredito.
Não me baseio em opiniões. Penso os fatos e acontecimentos como um quebra cabeça onde  sempre faltam peças e algumas coisas não se encaixam.
Por isso sou incapaz de fé. Não espero o absoluto de um sentido definitivo e nem dominar a realidade com o absoluto de qualquer certeza.
Prefiro enlouquecer do que me confortar com uma resposta que me faça prisioneiro de qualquer imutável ideia de realidade.
Toda convicção radical é uma forma de morte do pensamento livre e indiviual.


quinta-feira, 11 de junho de 2015

ANOITECIMENTO

A noite caiu sobre a minha sorte
E me escondeu da vida.
Estava triste.
E minha tristeza se espalhava
Sobre todas as coisas.

Rompi  acordos
Feri  certezas
E matei esperanças.


Aquebrantado,
Me desencontrei de mim mesmo.


quarta-feira, 10 de junho de 2015

INDIVIDUALISMO

Não me falem do vazio da condição humana,
Da falta de sentido de toda palavra falada e escrita.
Não me imponham suas justificativas,
Suas mentiras e verdades.
Quero ser livre!

Preciso inventar a mim mesmo!

Não farei parte do jogo dos outros!

terça-feira, 9 de junho de 2015

A DECADÊNCIA DA LEITURA

Já não contava com o consolo de eventuais leitores. Hoje em dia havia muita gente escrevendo boas coisas por ai. Mas poucos liam alguma coisa. É difícil quem consegue ler , até mesmo, as principais obras do cânone ocidental.

As pessoas  já não tinham mais tempo para as letras. A banalização da informação, por outro lado, empobreceu o ato de ler. Tornou-se algo trivial e banal. Ninguém sente mais grande coisa diante de um livro. As pessoas já não se enxergam mais. Estamos todos perdidos.

Eu não acredito mais em leitores. Nem naquilo que escrevo... na minha capacidade de dizer alguma coisa realmente significativa.