Sempre me pareceu incoerente a
imaginação de um deus criador por traz de toda a suposta trama do mundo. É como
pressupor algo exterior as coisas e situações, um significado que vem de fora
da realidade vivida e percebida. Esta exteriorização do significado das coisas,
para além das próprias coisas, me parece totalmente absurda. É como dizer que
uma pedra não é uma pedra, mas algo que esta fora dela em alguma espécie de não
lugar. Não percebo nada fora de mim que me defina alguma espécie de essência
invisível. Isso não é um dado da realidade, mas um delírio inconsequente.
Em outras palavras, um dos
grandes problemas da ideia de um deus criador é que ela diminui nosso
sentimento concreto de real, nossa consciência imanente das coisas através da hipótese
irracional de uma transcendência inverificável. Nenhum religioso conseguiu me
convencer da pertinência da ideia de deus porque ela extrapola a realidade como
princípio. A “realidade” deste deus estaria além de tudo o que entendemos por
realidade, mas também não é verificável,
não possui evidencias ou se quer indícios.Trata-se apenas de uma ideia antiga e
infantil da humanidade que se preserva entre aqueles que não são capazes de
assumir a realidade como principio de sua própria consciência.