segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

EU E O ACASO

Não tinha muito a dizer,
Nada a esperar ou fazer.
Apenas deixava o tempo passar
E qualquer coisa acontecer.

Sim. Apenas jogava com o acaso
E brincava com o destino.

Afinal que outro significado
Sustenta a vida
Além da falta de sentido
Da soma de fatos aleatórios?

Meu eu é um jogo de quebra cabeça...


sábado, 6 de dezembro de 2014

SOBRE A SOLIDÃO

A solidão não é propriamente o fato de estar sozinho, mas um modo de se estar insuportavelmente acompanhado apenas de si mesmo.

Não se trata de um jogo de palavras....
Suportar a si mesmo pressupõe uma incômoda lucidez quanto  a nossa existência pessoal, nossos limites, sonhos, angustias, virtudes, fraquezas e todas as experiências vividas que definem nossa biografia.


A solidão acontece quando, de tão envolvido com si mesmo se é incapaz de corresponder as ilusões e carências dos outros, ela é a agonia da necessidade de estarmos demasiadamente absortos em seguir nosso próprio caminho, independente de toda necessidade de companhia.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

TRANSFIGURAÇÃO POÉTICA

Entre a retórica e a poética
O poeta desespera
Perante a imaginação,
Sofre seus sentimentos
Que de tão intensos
Se tornam vazios.

Versos ensinam 
o lirismo dos abismos
Que nos transcendem.
Inspiram o delirio
que decora o  vestido triste
 que cobre
A mulher do fim do mundo.


terça-feira, 2 de dezembro de 2014

UM DIA...

Era um dia para escutar,
Um momento de sentir
Qualquer musica dodecafônica
No ar.
Era o instante de um relâmpago,
O vazio do grito
Na tempestade dos nossos silêncios.
Era um dia apenas...
Um dia que de tanta realidade

Não existia.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

EM BUSCA DE SI MESMO

Perdido pelas ruas em busca de qualquer coisa que desfaça todas as minhas angustias, desvendo lugares colhendo vestígios de experiências esquecidas no tempo, reencontrando rostos que já  não me frequentam  desde as  idades mais serenas.

Tenho estado além e aquém de mim mesmo,
Rarefeito em minhas incertezas de dias  futuros e embriaguez dos fatos.

Talvez eu nunca me torne quem eu sou.

Talvez eu nunca me conheça. 

A VIDA COMO LABIRINTO

O acaso e seus descasos
É o que transforma
A vida da gente
Em um labirinto mágico.
Vale a pena seguir sem direção,
Ao sabor do vento,
Esperando qualquer surpresa
Em alguma esquina
Que sem qualquer razão
Nos conduza a um outro dia

De nosso sentimento de mundo.

domingo, 30 de novembro de 2014

O HOMEM DESFEITO ( MINE CONTO)

Nada esperava além deste dia, deste definitivo vazio que lhe esclarece as emoções no gosto azedo de sonho na boca depois do despertar.
Sim. Hoje era o grande dia de nada acontecer.  A data da clareza do enigma em que a vida se revelava  apenas como uma simulação de realidades.
Nenhuma explicação. Nenhuma perplexidade. Apenas a consciência ferida nos deslocamentos aleatórios do eu na percepção de todas as coisas.
Nada mais havia para ser dito ou ouvido.Nada podia reparar o estrago.


sábado, 29 de novembro de 2014

VIDA SECA

Meus defeitos não explicam meus  erros.
Meus acertos não me aproximam da perfeição.
Nunca estou certo ou estou errado,
Apenas conformado
Com alguma forma de ilusão.
Existo entre  apenas
Entre atos aleatórios
Tentando encontrar um pouco de vida.
Nunca estou alegre ou triste.

Não vale a pena sentir.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O DESAFIO DA VIDA PLENA

Ainda não morri o suficiente
Para começar a viver.
A vida é uma descoberta
E uma realização difícil.
Poucos a atingem.
A grande maioria
Apenas sobrevive.
Por enquanto apenas
Virtualmente sou
Espalhado pelas paisagens confusas
De minha mínima existência.


terça-feira, 18 de novembro de 2014

O VAZIO DE NOSSAS GRAMÁTICAS

Não sei qual palavra ainda pode tornar novamente claro e legível o mundo.
Talvez não existam mais  gramaticas capazes de dizer as coisas
Ou assegurar nossa humanidade no corpo de qualquer  discurso.

Estamos vazios de significações e significados.
Seguimos vivendo o naufrágio de nossos dizeres, saberes
E sentimentos,
Seguimos absortos e absurdos
Desfeitos em nossos próprios passos.