sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

ÍNFIMO

Meu mínimo mundo
Não cabe em mim,
Não cabe em palavras,
Sentimentos ou vazios.
É tão ínfimo quanto
O instante de um pensamento
Que não sabe se quer
De si mesmo...

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

NOTA SOBRE RECORDAÇÕES

Penso que que os poucos bons momentos da minha vida  mereciam uma sequência, qualquer outro desdobramento, que não fosse a palidez do efêmero. É como se certos acontecimentos tivessem ficado  suspensos a espera de um profano milagre de alguma eternidade

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

POEMA QUASE NOTURNO


A luz frágil
Do fim da tarde
Quase não brilha
Na paisagem,
Pois os sonhos acordaram
Cedo
Em qualquer
Profundidade de noite
No interior da gente.
Qualquer pouco de sol
Já não faz sentido
No invisível tormento
Do desfalecimento
Do nada de mais um dia



quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

MELANCOLIA AO FIM DO DIA

Os sonhos quebrados
Esquecidos em um dia
De sol de infâncias
Ecoam na  nostalgia
De uma tarde fria.
Meus pensamentos
Já não sustentam vontades,
Minhas palavras
Já não dizem nada.
Apenas estou
Aqui e agora
Esperando o por do sol.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

MULTIDÃO

Estar em multidão é um exercício de cegueira e indiferença. A pluralidade de rostos estranhos, de vozes distantes, nos faz desatentos a nós mesmos em qualquer espécie de estranhamento da própria condição humana.

É no cada vez mais incerto espaço da vida privada onde nos reconhecemos como labirinto de intimidades e coleção de memórias cada vez mais desarticuladas.

NOTA SOBRE O NOVO DOMÍNIO DA INFORMAÇÃO

Inflacionada, a informação existe atualmente sob o signo do caos, escapando ao domínio da racionalidade pragmática e do universal.  Atualmente é  o  particular, a singularidade que nos codifica essencialmente a realidade. O perene emerge como  arquetípico da imaginação diante de uma informação que transcende a comunicação.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

MAIS SÓ QUE SOZINHO



Não importa onde eu esteja
Habito o primário grito
De um solitário desejo
De não mais ser eu,
De não viver tão a parte
Dos outros, de tudo,
Sofrendo
Mais só que sozinho,
Esperando sempre
Que algum fato novo
Mude a dor,
Me mude de dor,
Ou, simplesmente,
Exploda um sorriso
Em meus lábios.

POEMA PÓS QUIXOTESCO



Não faz diferença
Que dia é hoje.
Sempre terei nas horas
O sempre igual
De uma rotina vazia.
Permanecerei sem futuros,
Sem portas ou janelas abertas
Diante de meus passos cansados
E olhar de tédio.
Não serei coroado rei
De qualquer reino remoto
Ou o príncipe encantado
De qualquer damizela.
Estarei entre os que não deram certo,
Entre aqueles que não nasceram
Para alimentar o correto e próspero caminho
Das ascensões sociais.
Pouco me importa o que pensam de mim
Melhor que não me notem
No turvo da multidão.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

ARITMÉTICA

Somei todos os meus silêncios,
Todas as minhas duvidas
Dores e rasas imensidões...
O resultado não valeu
O esforço
Extrapolando a aritmética
Em abstrato quantitativo
De vazios.