sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

MOMENTOS


Momentos passam como o vento
Na realidade que se desfaz
Em cada instante.
Momentos que vivo sem brilho,
Sem arregalo de riso.
Surpreendendo  uma  realidade
Que quase não existe...
Que quase se desfaz em cacos e caos  de memória;
Que quase acontece...

VARIÁVEIS....



Sei que no fundo a vida apenas segue  apesar do peso dos anos e que, muitas vezes, a equação estabelecida  pelas variáveis  de nossas limitações e defeitos  resulta em nossos mais caros acertos.....

Redundante dizer em função disso o quanto é equivocado qualquer ideal de perfeição...

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

DESCAMINHO

Abandonado pela sorte
E pelas certezas
Que aos outros
Inspira a vida,
Aprendi a andar sem chão,
Sem qualquer ilusão.
Desvelei no sumo
Da realidade
Coleções de desalentos
E paixões quebradas.

RESIGNAÇÃO

Apartado dos sonhos
E do coração
Escrevi em silêncios
Minhas vontades de mundo,
Sabendo que,
Embora descrente,
Embora deserto,
Inquieto e perplexo,
Cabia apenas permanecer discreto
Em meio aos entulhos
Do caos dos dias....

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

EXPECTATIVA



Fiquei aqui a espera
De qualquer coisa
Que o tempo
Não me trouxe.
Esqueci  das horas,
Dos dias, dos anos...
Esqueci tão completamente,
Que já não acontecia
Entre as coisas todas,
Que já não me reconhecia
Diante do espelho.
A grande verdade
É que eu não vivia.
Apenas esperava
Sem grandes esperanças
Pelo tempo de viver.

ENQUANTO OS SONHOS DORMEM



Enquanto os sonhos dormem
Vou passear pelos cantos sujos
Das minhas meias verdades,
Beber o sol
Que me queima no copo,
Desvendar os limites
Da banalidade da realidade.

Enquanto os sonhos dormem
Vou me desfazer
Entre os devaneios e ilusões
Dos meus desertos mais íntimos.

MINIMO REVEILLON



Estou hoje à mercê
Dos silêncios,
Das expectativas feridas
E dos otimismos moribundos.
Pois o ano termina discreto,
Magro e epilético,
Contagiando o ano seguinte...

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O PUDOR DA LUZ

O enganador pudor
Desta luz
Que ilumina as coisas
É a própria falsidade
Do mundo,
O limite entre
O eu e os outros,
Qualquer forma
De ofuscação vazia
E delicado delírio
Que me envenena
O pensamento e a prosa.

OS SEIOS DA GARÇONETE

Os seios da garçonete
Não estavam no cardápio,
Eram apenas
Para degustação dos olhos
Em devotado silêncio
E encanto
De ancestral feminino,
Ofereciam-se como relíquias
Consagradas ás antigas deusas.

domingo, 1 de dezembro de 2013

A MICROFÍSICA DO AGORA



Aconteciam tantas coisas
Naquela  noite fria e chuvosa
Que não há gramática
Que revele o  quase infinito
De possibilidades
Que encantavam aquela madrugada.
Meu limitado eu ficou ali
Em pedaços diante de tudo
Soluçando imaginações,
Buscando explicações
Para o ilegível das coisas,
Para o intransitivo do agora.