quinta-feira, 20 de junho de 2013

A MUDANÇA DE SI MESMO

As mudanças mais importantes
Em nosso modo de ser e viver
O mundo
Acontecem sem alvoroço.
Quase não a percebemos.
Ocorrem como uma silenciosa
Desconstrução interna
De nossas gramaticas e símbolos
Mais íntimos.
Quando nos damos conta,
Já estamos simplesmente diferentes,
Pensando outros pensamentos,
No cultivo de novas sensibilidades,
De novos silêncios,
De novas prisões e angustias.

MEMÓRIA DO QUE NÃO FUI

Enquanto o dia passa, imagino a vida que poderia ser.
Sinto falta das promessas de futuro que se perderam
Pelos labirintos do presente.
Afinal, as sombras do ontem contem muitas possibilidades esquecidas... A grande maioria nunca percebi no sufocante acontecer das coisas e se quer atingiram a condição de passado. É espantoso o quanto de nós fica pelo caminho. Essas ausências nos definem mais do que qualquer traço de nossas personas, qualquer conquista de nossas geniosas personalidades.
A memoria ou inventário do que se perdeu, do que se perde a cada momento, em tudo que não nos foi e não é possível ou, simplesmente ignoramos, é um esforço de vida inteira, onde aprendemos a nos conhecer não por quem somos. Mas por quem não somos ou não conseguimos ser.... 

quarta-feira, 19 de junho de 2013

SOLIDÃO E CONDIÇÃO HUMANA

O grande problema é que o desejo de um nunca será o espelho do desejo do outro. Tal premissa elementar dos relacionamentos humanos torna o compartilhar do mundo um labirinto de desencontros e deslocamentos no cotidiano exercício da gramatica dos desacordos.
As pessoas não se entendem pelo simples fato de serem indivíduos, mônadas, que apenas parcialmente se identificam uns com os outros. Neste sentido, estamos todos tragicamente condenados a certo sentimento de solidão.  

MATURIDADE PERDIDA

Bem dentro
De minhas infâncias
Reencontrei
O adulto que seria um dia.
Tanta melancolia
Guardava em teu rosto,
Tanto quebranto pesava
Em teu corpo,
Que não se via nele
Qualquer traço
De futuro.

terça-feira, 18 de junho de 2013

FALTA

A elementar falta
Que fatalmente
Me cala
Não cabe
Em todo meu silêncio,
No sofrimento
De viver em pedaços,
De ser em retalhos
No lixo de cada dia.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

DESALENTO

Chega um tempo em que a gente se perde da gente e revê a vida em suas urgências, em seus limites e insuficiências. Toda realidade então empalidece, vazia de verdades e sem o conforto de qualquer sentimento de mundo.
Tudo se perde em um grande silêncio, no improvável dos fatos e nas rubras vontades que se escrevem no rosto como um profundo cansaço de tudo.
Entretanto, seguimos  pela existência. Mesmo que sem metas, objetivos ou futuros.
Seguimos aos tropeços...
Pura e simplesmente seguimos. 

domingo, 16 de junho de 2013

ALEM DA CAUSA E EFEITO



Causas e efeitos
Já não explicam os fatos,
As atitudes,
Angustias e ânsias
Que nos  definem
A condição humana.
Somos
Feitos de ventos,
De sementes de tempestades
E barulhentos silêncios.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

MENOS QUE O MUNDO



Cada vez menor
É o meu mundo,
Minhas possibilidades,
Meus sonhos
E minhas vontades.
Pouco cabe em mim
De realidade.
Tenho aos poucos
Ficado
Pelo caminho.

TRISTE POR DO SOL

Contemplando
O sol borrado
Que decorava
Uma tarde fria,
Revirei a vida
Através da memória.
Quase não me reconhecia
Em cada lembrança.
Habitava agora
O avesso de todas
As esperanças,
De todas as possibilidades,
No mais profundo
Desencontro de tempo e mundo...

DISTÂNCIA

Me faltam palavras
Para dizer
O mais obvio
De mim mesmo
Pois o essencial
Do fato de viver
Escapa
Na banalidade de tudo
Que existe
E me queima o peito.