Segundo Zygmunt Bauman em A Modernidade Líquida, vivemos tempos de volatilidade, instantaneidade, ambivalências e fragilidades onde o imediatismo passou a nortear a experiência do individuo em uma realidade societária em que os laços e relações intersubjetivas já não se adequam a funcionalidade de qualquer tipo ideal de persona social imposto por um conjunto de valores universais capaz de criar duradouros laços de identidade e solidariedade.
Vivemos, ao contrário, sob a precária logica de uma efemeridade absoluta.
Longe de mim atribuir a condição cultural aqui descrita qualquer valoração negativa. Creio, ao contrario, que ela é potencialmente fecunda. Afinal, em nenhuma outra época os indivíduos gozaram de tamanha autonomia e liberdade de escolha e criação. Nunca antes as codificações do real e indeterminações da consciência foram tão livres de qualquer crivo moral ou social.
O deslocamento ontológico das identidades, a desconstrução da subjetividade, apesar da emergência dos neo fundamentalismos, desenham um horizonte novo ao acontecer humano no mundo onde o inteiramente outro de nossas possibilidades já não encontra abrigo em qualquer projeto de sociedade ou na organicidade de qualquer paradigma cognitivo.
Aprendemos, ao contrário, apenas saborear a profundidade incerta do superficial, a indeterminação como essência de nossa condição humana.