A vida do individuo é apenas um apêndice da vida da própria espécie humana, mas na medida em que vivemos em uma sociedade em que o passado já não mais determina nosso presente de modo a condicionar nossa inserção na vida social, em que gozamos de um razoável leque de possibilidades de escolhas, a curta experiência de uma vida humana, torna-se lugar privilegiado do se fazer humano conferindo a imaginação e a criatividade um estatuto novo.
A contemporaneidade, marcada por uma inserção cada vez maior de “artifícios” no se fazer da experiência humana, como tão bem atestam cada vez mais as novas tecnologias digitais, estabelece condições novas a formatação da consciência enquanto interseção entre o codificar/inventar o real como linguagem e o simples e instintivo exercício de estar vivo no superficial de cada momento.
Em outras palavras, o individuo tende a tornar-se mais complexo, deslocado dos universos culturais em que cotidianamente se inscreve, na exata medida em que estes já não lhes proporcionam qualquer segurança ou garantias de funcionalidade coletiva, jogos teleológicos que sustentem qualquer Imagem mundo universal capaz de proporcionar significado e orientação simbólica.
O mundo em que vivemos torna-se assim cada vez menor, menos legível, na exata medida em que somos, enquanto indivíduos, desfiados a reaprender a existência em um contexto cultural em que o deslocamento dos sentidos e significados parece definir o jogo simbólico das praticas societárias e culturais.