A pluralidade do singular
É o que nos define
Em um mundo
De todos iguais...
Não mais coerências,
Identidades ou certezas
De ontem e de hoje
Para inventar
Qualquer amanhã.
Apenas o confuso
De nossas tantas
Vozes internas
Reinvindicando a paisagem viva
De mais um dia
Entre tantas pessoas
Que pouco enxergam
Umas as outras.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
terça-feira, 11 de setembro de 2012
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
AFORISMAS SOBRE ENCONTROS E DESENCONTROS
Só nos tornamos humanos através dos outros.
@
Somos a soma de todas as pessoas que conhecemos.
@
Há tantas pessoas em minha memória que há horas em que não me reconheço em mim mesmo...
@
É a qualidade de nossos diálogos que nos definem a consciência.
@
Somos objetos uns dos outros,
Pois o que somos não está
Em nós mesmos.
@
Há mais distância entre as pessoas do que entre as estrelas, não importa o quanto elas se iludam próximas.
@
Os outros são o que são, nunca o que precisamos, se assim não o fosse não dialogaríamos.
@
Somos múltiplos, mas esperamos que as pessoas sejam unas.
@
Quanto menos nos iludimos uns com os outros, mas profundos são nossos relacionamentos.
@
As pessoas se entendem menos do que pensam.
@
Normalmente em seus relacionamentos as pessoas querem receber mais do que podem dar.
@
Não existe amanhã nos relacionamentos,
Apenas o agora.
@
Relacionamentos são em geralmente marcados mais pelos seus desencontros do que pelos encontros. Afinal, as pessoas possuem uma tendência natural ao desentendimento.
@
O sexo é a mais profunda forma de encontro entre as pessoas.
@
A fantasia é a essência de todo relacionamento e da própria vida...
@
Mesmo quando se amam, as pessoas não se amam o tempo todo.
@
Relacionamentos não levam a felicidade, mas a delícia do inferno do constante confronto com o outro onde nos vemos no espelho.
@
Relacionamentos são virtuais...
As pessoas são reais.
@
Não espero nada das pessoas e muito pouco de mim mesmo.
@
Em um relacionamento o certo e o errado de um e do outro se misturam se misturam no caos dos íntimos intercâmbios.
@
Não escolhemos nossos relacionamentos. No fundo são eles que nos escolhem.
DUVIDA ONTOLOGICA
Tenho guardado dentro de mim
Milhões de emoções perdidas
No absurdo vazio da consciência.
As vezes
Quase me perco
Nelas
No não acontecer
Das coisas...
As vezes duvido
Da realidade
De mim mesmo
Perdido entre
Tanto mundo .
Milhões de emoções perdidas
No absurdo vazio da consciência.
As vezes
Quase me perco
Nelas
No não acontecer
Das coisas...
As vezes duvido
Da realidade
De mim mesmo
Perdido entre
Tanto mundo .
sábado, 8 de setembro de 2012
JANELAS DE MUNDO
Todas as coisas boas
Estão lá fora,
Jamais
Aqui dentro.
Todas as coisas boas
Estão no outro,
Jamais em mim mesmo...
Meus olhos colhem
O mundo
Na janela aberta
De todas as coisas
E ele não cabe
No mínimo
De minhas mãos...
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
VENTO
...E tudo que agora
Vejo
No agitar-se do mundo
Não passa
De vento.
Vento que corre livre
Em todas as direções
Sem a ilusão
De lugar algum
Para ter acento...
Vejo
No agitar-se do mundo
Não passa
De vento.
Vento que corre livre
Em todas as direções
Sem a ilusão
De lugar algum
Para ter acento...
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
INUTILIDADE
Provisoriamente perdido
Nos abismos da sorte
Busco-me na brevidade
De um instante
De puro vento
Inventando degredos
E segredos
No lugar nenhum
De mim mesmo
Plenamente ciente
Que nada me leva a nada.
Nos abismos da sorte
Busco-me na brevidade
De um instante
De puro vento
Inventando degredos
E segredos
No lugar nenhum
De mim mesmo
Plenamente ciente
Que nada me leva a nada.
terça-feira, 21 de agosto de 2012
BUSCA
Busco a agonia
De algum futuro
Que inteiramente
Me preencha
De fogo e vida.
Busco a existência
Mínima e possível
Do mais viável
E simples
De um dia de sol...
De algum futuro
Que inteiramente
Me preencha
De fogo e vida.
Busco a existência
Mínima e possível
Do mais viável
E simples
De um dia de sol...
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
FALTA
Falta ainda tanto tempo
Para o depois
Que o agora
Quase me afoga
Na estagnação de tudo.
Por hora
apenas
Quase não existo
Na falta...
Para o depois
Que o agora
Quase me afoga
Na estagnação de tudo.
Por hora
apenas
Quase não existo
Na falta...
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
DEVANEIO DE FIM DE TEMPO
Chega um momento
Em que o futuro
Nos deixa
Simplesmente livres
Para provar o agora
E lamber o tempo
Como um sorvete
Em tarde de verão.
É quando tudo menos importa
E a impotência de nossos silêncios
Grita a vida
E nos faz vivos nos ecos
Da sombra das imaginações
Mais profundas...
APONTAMENTOS SOBRE INDIVIDUALISMO E CULTURA CONTEMPORÂNEA
Hoje costuma-se falar do fenômeno do esvaziamento das individualidades e da crise do individuo, fenômenos interligados que refletem um processo de desestruturação e reestruturação das relações sociais fundado, dentre outros fatores, no profundo impacto das novas tecnologias digitais sobre os hábitos coletivos e a própria maneira de codificação de nossas individualidades em um contexto de deslocamento dos papeis sociais tradicionais norteados por uma referência comunitária de organização social.
As sociabilidades deixam assim hoje em dia de serem concêntricas e homogenizantes se pulverizando em uma pluralidade de estratégias de construção de identidades, cuja inorganicidade e a exacerbada afirmação da microfísica das individualidades se tornaram definitivamente hegemônicas.
Pode-se dizer que, embora já em gestação desde o advento da sociedade de massas no final do sec. XIX e inicio do século XX, foi apenas a partir da segunda metade dos novecentos que tal processo ganhou nas sociedades e culturas ocidentais uma dimensão realmente nova que deslocava definitivamente as “tendências comunitárias” de agregação social como referencia central de codificação do real.
Obviamente podemos rastrear tal processo de construção da autonomia do indivíduo frente as codificações comunicarias de mundo e realidade desde o inicio da era moderna, marcada por fortes tensões culturais como os descobrimentos, as reformas protestantes e as consequente “guerra de religiões”, mas até então e, pode-se dizer, de modo diferente ainda hoje, as tendências a “desorganização de todo estabelecido” tendem a reorganizar-se sobre alguma variação da “velha ordem”.
Importante considerar que, tal como aqui concebido, o conceito de individuo não se associa a qualquer noção de “a-sociabilidade”, como sugerem alguns estereótipos ideológicos clássicos. A individuação pressupõe uma estratégia de autoconsciência e adaptação a uma realidade coletiva marcada pela instabilidade e enfraquecimento das representações coletivas tradicionais que acabam por exigir um grau de autonomia e iniciativa maior de seus membros como atores sociais.
Mas pode-se também dizer que o fenômeno da “indiferença” ou do “narcisismo” contemporâneo atribuídos ao individualismo são na verdade a contrapartida de uma sociedade massificada, onde a despersonificação e a universalização através do consumo exigem um ethos comportamental antipático as sociabilidades comunitárias.
Ao contrario dos conservadores defensores de um mundo sustentado por meta narrativas e valores universais, não creio que uma re-coletivização da sociedade seja possível ou se quer desejável. Talvez o próprio conceito de sociedade tenha se esgotado e estejamos vivendo uma nova forma de interação social e coletiva fundada na justaposição de sociabilidades diversas. Seja como for, a possibilidade do individuo singular reinventar –se em codificações de mundo elaboradas exclusivamente ao sabor de seus mais preciosos caprichos parece-me uma fecunda possibilidade de futuro.
Assinar:
Postagens (Atom)