segunda-feira, 10 de setembro de 2012

AFORISMAS SOBRE ENCONTROS E DESENCONTROS

Só nos tornamos humanos através dos outros.

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Somos a soma de todas as pessoas que conhecemos.

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Há tantas pessoas em minha memória que há horas em que não me reconheço em mim mesmo...

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É a qualidade de nossos diálogos que nos definem a consciência.

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Somos objetos uns dos outros,

Pois o que somos não está

Em nós mesmos.

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Há mais distância entre as pessoas do que entre as estrelas, não importa o quanto elas se iludam próximas.

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Os outros são o que são, nunca o que precisamos, se assim não o fosse não dialogaríamos.

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Somos múltiplos, mas esperamos que as pessoas sejam unas.

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Quanto menos nos iludimos uns com os outros, mas profundos são nossos relacionamentos.

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As pessoas se entendem menos do que pensam.

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Normalmente em seus relacionamentos as pessoas querem receber mais do que podem dar.

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Não existe amanhã nos relacionamentos,

Apenas o agora.

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Relacionamentos são em geralmente marcados mais pelos seus desencontros do que pelos encontros. Afinal, as pessoas possuem uma tendência natural ao desentendimento.

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O sexo é a mais profunda forma de encontro entre as pessoas.

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A fantasia é a essência de todo relacionamento e da própria vida...

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Mesmo quando se amam, as pessoas não se amam o tempo todo.

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Relacionamentos não levam a felicidade, mas a delícia do inferno do constante confronto com o outro onde nos vemos no espelho.

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Relacionamentos são virtuais...

As pessoas são reais.

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Não espero nada das pessoas e muito pouco de mim mesmo.

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Em um relacionamento o certo e o errado de um e do outro se misturam se misturam no caos dos íntimos intercâmbios.

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Não escolhemos nossos relacionamentos. No fundo são eles que nos escolhem.





DUVIDA ONTOLOGICA

Tenho guardado dentro de mim


Milhões de emoções perdidas

No absurdo vazio da consciência.

As vezes

Quase me perco

Nelas

No não acontecer

Das coisas...


As vezes duvido

Da realidade

De mim mesmo

Perdido entre

Tanto mundo .

sábado, 8 de setembro de 2012

JANELAS DE MUNDO


Todas as coisas boas
Estão lá fora,
Jamais
Aqui dentro.

Todas as coisas boas
Estão no outro,
Jamais em mim mesmo...

Meus olhos colhem
O mundo
Na janela aberta
De todas as coisas
E ele não cabe
No mínimo
De minhas mãos...

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

VENTO

...E tudo que agora


Vejo

No agitar-se do mundo

Não passa

De vento.

Vento que corre livre

Em todas as direções

Sem a ilusão

De lugar algum

Para ter acento...

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

INUTILIDADE

Provisoriamente perdido


Nos abismos da sorte

Busco-me na brevidade

De um instante

De puro vento

Inventando degredos

E segredos

No lugar nenhum

De mim mesmo

Plenamente ciente

Que nada me leva a nada.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

BUSCA

Busco a agonia


De algum futuro

Que inteiramente

Me preencha

De fogo e vida.


Busco a existência

Mínima e possível

Do mais viável

E simples

De um dia de sol...

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

FALTA

Falta ainda tanto tempo


Para o depois

Que o agora

Quase me afoga

Na estagnação de tudo.



Por hora

apenas

Quase não existo

Na falta...

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

DEVANEIO DE FIM DE TEMPO


Chega um  momento
Em que o futuro
Nos deixa
Simplesmente livres
Para provar o agora
E lamber o tempo
Como um sorvete
Em tarde de verão.

É quando tudo menos importa
E a impotência de nossos silêncios
Grita a vida
E nos faz vivos nos ecos
Da sombra das imaginações
Mais profundas...

APONTAMENTOS SOBRE INDIVIDUALISMO E CULTURA CONTEMPORÂNEA

Hoje costuma-se falar do fenômeno do esvaziamento das individualidades e da crise do individuo, fenômenos interligados que refletem um processo de desestruturação e reestruturação das relações sociais fundado, dentre outros fatores, no profundo impacto das novas tecnologias digitais sobre os hábitos coletivos e a própria maneira de codificação de nossas individualidades em um contexto de deslocamento dos papeis sociais tradicionais norteados por uma referência comunitária de organização social.

As sociabilidades deixam assim hoje em dia de serem concêntricas e homogenizantes se pulverizando em uma pluralidade de estratégias de construção de identidades, cuja inorganicidade e a exacerbada afirmação da microfísica das individualidades se tornaram definitivamente hegemônicas.

Pode-se dizer que, embora já em gestação desde o advento da sociedade de massas no final do sec. XIX e inicio do século XX, foi apenas a partir da segunda metade dos novecentos que tal processo ganhou nas sociedades e culturas ocidentais uma dimensão realmente nova que deslocava definitivamente as “tendências comunitárias” de agregação social como referencia central de codificação do real.

Obviamente podemos rastrear tal processo de construção da autonomia do indivíduo frente as codificações comunicarias de mundo e realidade desde o inicio da era moderna, marcada por fortes tensões culturais como os descobrimentos, as reformas protestantes e as consequente “guerra de religiões”, mas até então e, pode-se dizer, de modo diferente ainda hoje, as tendências a “desorganização de todo estabelecido” tendem a reorganizar-se sobre alguma variação da “velha ordem”.

Importante considerar que, tal como aqui concebido, o conceito de individuo não se associa a qualquer noção de “a-sociabilidade”, como sugerem alguns estereótipos ideológicos clássicos. A individuação pressupõe uma estratégia de autoconsciência e adaptação a uma realidade coletiva marcada pela instabilidade e enfraquecimento das representações coletivas tradicionais que acabam por exigir um grau de autonomia e iniciativa maior de seus membros como atores sociais.

Mas pode-se também dizer que o fenômeno da “indiferença” ou do “narcisismo” contemporâneo atribuídos ao individualismo são na verdade a contrapartida de uma sociedade massificada, onde a despersonificação e a universalização através do consumo exigem um ethos comportamental antipático as sociabilidades comunitárias.

Ao contrario dos conservadores defensores de um mundo sustentado por meta narrativas e valores universais, não creio que uma re-coletivização da sociedade seja possível ou se quer desejável. Talvez o próprio conceito de sociedade tenha se esgotado e estejamos vivendo uma nova forma de interação social e coletiva fundada na justaposição de sociabilidades diversas. Seja como for, a possibilidade do individuo singular reinventar –se em codificações de mundo elaboradas exclusivamente ao sabor de seus mais preciosos caprichos parece-me uma fecunda possibilidade de futuro.



quarta-feira, 15 de agosto de 2012

INDIVIDUALISMO E BIOGRAFIA


O menino que um dia fui
Já não existe mais.
Como também não existe
Todo passado
Que um dia
Lhe serviu de mundo;
Muito menos existe,
Entretanto,
Dentro de mim
Qualquer adulto
Provisoriamente ajustado
E adaptado a banalidade
Das coisas vividas.

Sei se que sou em tudo
Apenas um  perplexo
Indivíduo
Diante da elementar
Inconstância
De nossa simples
E cotidiana existência...