domingo, 17 de outubro de 2010

BOM SCOTT E A CULTURA SOCIAL DO ROCK



Definitivamente, nenhum outro mito da história do rock seja mais singular do que aquele construído pela morte prematura de Bom Scott, do AC/DC. Digo isso por que ele simplesmente encarnou com singela e profunda singularidade a imagem mais elementar da cultura social inspirada neste estilo musical, o Puer aeternus, a eterna criança, cujas implicações na cultura contemporânea não são absolutamente irrelevantes...
Em seu livro LET THERE BE ROCK: A HISTÓRIA DA BANDA AC/DC, Susan Masino conseguiu com precisão destacar este singular aspecto que define a própria identidade da banda:

“Não há palavras suficientes para descrever o impacto que Bom Scott sempre teve sobre o AC/DC. Seu espirtito fortaleceu o rock visceral dos irmãos Young e suas letras moldaram essa imagem até hoje. Bom era um sujeito original, cuja atitude extrema com relação à vida deu a música ousada, sem barreiras dele, uma voz rebelde que ainda estimula centenas de milhares de pessoas a erguerem os punhos no ar.
Angus costumava dizer:” Bom nunca ponderou muito sobre o sentido da vida. Viveu o momento.” Ele  também apreciava muitos desses momentos, como disse Angus à Sounds em julho de 1986: “Bom se juntou a nós muito tarde na vida, mas aquele cara tinha mais juventude nele do que pessoas com a metade de sua idade. Era assim que ele pensava  e eu aprendi a com ele. Viva a vida e seja sempre um grande garoto”.
Robin Zander do Cheap Trick brincou: “Eu gostava de tomar café da manhã com Bom porque ele sempre pedia um croissant ou alguma outra coisa com um copo de uísque”. Kirk Dyler, diretor da Turnê do Cheap Trick, concordou: “Ah,é, é porque ele [Bon] nunca se importou com nada! Sua atitude era: ’Eu não estou nem ai se você me conhece ou não, agora onde é a festa?’ É assim que eu mais me lembro dele.”

( Let there be rock: a história do AC/DC, Susan Masino; tradução Alexandre Barbosa de Sousa. SP: Companhia Editora Nacional, 2009, p. 189)             

RELES FANTASIA

Minhas mãos escritas
No ar e no tempo,
Múltiplas e coloridas
Na diversidade de cada
Momento,
Somam vazios
No transparente espaço
Do esquecimento,
Minhas mãos perdidas
tremulas e infantis
esquecidas em algum
impossível futuro.

nota sobre individualidade e contemporaneidade


Já não há verdades universais a inventar certezas de mundo e significados. Já não compartilhamos o mesmo universo e princípios de realidade no cotidiano intercâmbio humano.
Somos todos apenas indivíduos dispersos e isolados a viver de imanências, mergulhados no superficial de  fatos e atos cotidianos que já não edificam qualquer ilusão satisfatória de coletividade .   
Se quer esperamos o consolo de qualquer outro destino além da certeza da morte como a mais elementar condição de nossas ralas existências.  
Tudo que ainda podemos fazer é buscar autenticidade, encontrar aquilo que nos faz singulares e nos permita a certeza de que somos distintos de todos os outros indivíduos existentes na face da terra...
Em poucas palavras, a realização da individualidade é a única perspectiva que ainda condiciona o acontecer humano no tempo presente.   

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

AFORISMAS SOBRE A TRANSPARÊNCIA DO VIVIDO



Ser sincero deve ser uma forma de não se levar a sério
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Não raramente a mentira é apenas uma realidade na qual não conseguimos acreditar.
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Nada é mais profundo do que o complexo da superficialidade como linguagem básica das vividas e cotidianas imanências.
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Viver a idéia de sociedade é um modo de recusar a simplicidade  da pura dialética do eu e do outro interna e externamente.
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Quanto mais nos enterramos em nós mesmos, menos nos conhecemos, pois o eu é uma experiência projetada.
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Não existe erro maior do que a confissão de que acreditamos sinceramente em alguma coisa.
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A felicidade é um sonho que não aprendemos ainda a sonhar como objetividade de um não sentido...   
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Viver é correr contra o tempo sem esperanças de salvação...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

BREVE NOTA ALEATÓRIA SOBRE O SIGNIFICADO DO DIA DOS MEUS ANOS


No ilegível e falso momento do dia dos meus anos, pretendo apenas escrever futuros, rasgando meu rosto em profunda busca de autenticidade, erguer contra os fatos de agora a faca do vento e do tempo, reinventando a soma de todos os momentos arcaicos de mim mesmo... 

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Radiohead - Paranoid Android (Legendado)

AFORISMAS SOBRE INDIVIDUALIDADE E PÓS MODERNIDADE



O sentimento de si mesmo é fluido e incerto no acontecer de todas as coisas que definem a consciência. Facil perder-se nele...
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Nunca espero dos outros aquilo que não encontras na dialética e caos dos seus múltiplos eus vividos.
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O que mais me faz um indivíduo é a negação das primazias coletivas no sem rosto do mundo vivido...
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Vazios de nós mesmos e carentes de mundo seguimos nossos próprios passos em direção a um incerto futuro...
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Fomos educados para ser através dos outros em qualquer fantasia de nós mesmos...
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Sempre nos enganamos no que diz respeito ao essencial da vida sentida e sonhada...
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Todo sentimento é uma forma de alto engano...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

JAMES HILLMAN APRESENTA A TEORIA DO FRUTO DE CARVALHO



“Apesar da relutância da psicologia em admitir o destino individual em seu campo, ela reconhece que cada um de nós tem seu feitio, que cada um de nós é definitiva e até desafiadoramente um indivíduo singular. Mas quando se trata de explicar a centelha da singularidade e o chamado que nos atém a ela, a psicologia também fica aturdida. Seus métodos analíticos fragmentam o enigma do indivíduo em fatores e traços de personalidade, em tipos, complexos e temperamentos, tentando localizar o segredo da individualidade nos substratos da matéria cerebral e dos cromossomos. Escolas mais ortodoxas de psicologia chutam essa questão para a parapsicologia, a fim de que ela estude  os “chamados” paranormais, ou pesquise estações nas colônias distantes da magia, da religião e da loucura. Em sua forma agressiva, e mais árida, a psicologia explica a singularidade de cada um por uma hipótese de acaso estatístico aleatório.
Este livro se recusa a deixar para o laboratório de psicologia esse senso de individualidade no âmago do “eu”. E não vai aceitar que minha vida humana estranha e preciosa seja o resultado de um acaso estatistico. Note, porém, que nem por isso essas recusas enterram nossa cabeça numa igreja. O chamado para um destino individual não é uma questão entre  a ciência sem fé e a fé não cientifica. A individualidade permanece uma questão para a psicologia- uma psicologia que tem em mente seu prefixo, “psique” , e sua premissa, a alma, para que sua mente possa desposar da fé sem uma religião institucional e observar cuidadosamente os fenômenos sem uma ciência institucionalizada.
A teoria do fruto de carvalho transita  com desenvoltura entre esses dois dogmas antagônicos  que há séculos ladram um para o outro e que o pensamento ocidental  continua mantendo afetuosamente como animais de estimação.”

(James Hillman. O Códico do Ser: Uma busca do caráter e da vocação pessoal/ tradução by Adalgisa Campos da Silva, RJ: Editora Objetiva, 5º edição, s/d, pg. 21 e 22)