Definitivamente, nenhum outro mito da história do rock seja mais singular do que aquele construído pela morte prematura de Bom Scott, do AC/DC. Digo isso por que ele simplesmente encarnou com singela e profunda singularidade a imagem mais elementar da cultura social inspirada neste estilo musical, o Puer aeternus, a eterna criança, cujas implicações na cultura contemporânea não são absolutamente irrelevantes...
Em seu livro LET THERE BE ROCK: A HISTÓRIA DA BANDA AC/DC, Susan Masino conseguiu com precisão destacar este singular aspecto que define a própria identidade da banda:
“Não há palavras suficientes para descrever o impacto que Bom Scott sempre teve sobre o AC/DC. Seu espirtito fortaleceu o rock visceral dos irmãos Young e suas letras moldaram essa imagem até hoje. Bom era um sujeito original, cuja atitude extrema com relação à vida deu a música ousada, sem barreiras dele, uma voz rebelde que ainda estimula centenas de milhares de pessoas a erguerem os punhos no ar.
Angus costumava dizer:” Bom nunca ponderou muito sobre o sentido da vida. Viveu o momento.” Ele também apreciava muitos desses momentos, como disse Angus à Sounds em julho de 1986: “Bom se juntou a nós muito tarde na vida, mas aquele cara tinha mais juventude nele do que pessoas com a metade de sua idade. Era assim que ele pensava e eu aprendi a com ele. Viva a vida e seja sempre um grande garoto”.
Robin Zander do Cheap Trick brincou: “Eu gostava de tomar café da manhã com Bom porque ele sempre pedia um croissant ou alguma outra coisa com um copo de uísque”. Kirk Dyler, diretor da Turnê do Cheap Trick, concordou: “Ah,é, é porque ele [Bon] nunca se importou com nada! Sua atitude era: ’Eu não estou nem ai se você me conhece ou não, agora onde é a festa?’ É assim que eu mais me lembro dele.”
( Let there be rock: a história do AC/DC, Susan Masino; tradução Alexandre Barbosa de Sousa. SP: Companhia Editora Nacional, 2009, p. 189)