Originalmente lançado em 2003 nos USA, HEAVY METAL: A HISTÓRIA COMPLETA by Ian Christe, é mais do que um mero revival consagrado a experiência coletiva dos “metaleiros”.
Trata-se, antes de tudo, de uma peça de memória social que celebra o mais intenso e complexo gênero musical já derivado do bom e velho rock and roll.
Basta dizer que esta magnifica obra cobre um período que tem como marco de origem o lançamento do primeiro álbum do Black Sabbath, na sexta feira 13 de fevereiro de 1970, até o múltiplo e criativo cenário da cultura headbanger dos anos 2000; é bom lembrar, privilegiado palco do “renascimento” de Ozzy Osbourne como celebridade, da definitiva consagração do Metallica e do surgimento do estilo metalcore como expressão mais recente do autentico e cru metal que, contrariando certas previsões, continua vivo...
Christe fecha sua obra com um otimista balanço sobre as perspectivas do gênero neste sombrio inicio de século, onde o heavy metal esta longe de perder sua vitalidade e potencial crítico-cultural.
Em suas próprias palavras,
“Apesar de ainda estarem por vir os álbuns marcantes desta nova era, o heavy metal começa o novo século revitalizado por uma nova geração de devotos. Os primeiros headbangers chegam hoje aos cinqüenta anos, e a musica começa a gozar de um grau de respeito que anteriormente era inconstante. A cobertura do metal no grande circuito já não peca pelos estereótipos cansados de uma nota só em que os fãs são apenas adolescentes ignorantes. Enquanto os detalhes continuavam estranhos e misteriosos- e generalizações maldosas permaneciam sendo a norma-, a atual cobertura pelo menos minimamente vê a questão do metal com dignidade.
E, sobretudo, a longevidade da musica é sua própria condecoração. Sua resistência durante períodos de grande popularidade manteve-se viva e independente, e ataques de forças retrógadas em seu próprio território ou no exterior somente aumentarão sua força exterior. Seja no Iraque, Itália ou nos condomínios de New England, o heavy metal apresenta uma vida cultural em qualquer lugar que seja necessário. Canalizando a necessidade universal de gritar em grupos estáveis e ao mesmo tempo variados, o heavy metal encontrou sua essência e sobreviveu.
A partir de 2003, o termo “headbanger” até ganhou seu lugar no léxico inglês, apresentado e definido na décima primeira edição do dicionário Merriam-Webster’s Collegiate Dictionary como um substantivo surgido em 1979 que significa: “ um musico que toca rock pesado” ou “um fã de rock pesado”. Para todos os efeitos, o termo que ficou faltando- “heavy metal”- havia sido introduzido previamente e definido de maneira vaga como: “musica rock altamente amplificada e energética batida pesada”. Mesmo que definido sem precisão, o heavy metal continua misterioso e mais vivo do que nunca em sua busca por verdade em meio a uma tempestade de insensatez.”
( Christe Ian. Heavy Metal: a história completa; tradução de Milena Duarte e Augusto Zantoz- SP: Arx, Saraiva, 2010; p. 467-468)