sexta-feira, 25 de junho de 2010

SOBRE RAIDO HEAD IN RAINBOWS



O ALBUM SEM PREÇO do Radio Head, IN RAINBOWS,lançado em outubro de 2007, pode ser considerado um dos mais inovadores acontecimentos da cultura pop rock das últimas décadas. Não bastasse sua qualidade musical e simbólica, chama atenção a iniciativa da banda contra as lógicas da industria cultural, sua afirmação da arte acima dos cifrões...
Mas também se trata de um álbum diferenciado na carreira da mais singular de todas as bandas britânicas contemporâneas.
Afinal, é impossível não considerá-lo “meta conceitual”, tecnicamente perfeito, indefinível em sua linguagem paradoxalmente homogênea e diversa...     
De certo modo, ele reflete as oscilações cotidianas de nosso humor e virtuais identidades egoicas...  

Bodysnatchers - Radiohead live from the basement

individualismo e ontologia


Saber-se só é uma descoberta do  abismo definidor das distancias entre o eu e o mundo, um aprendizado da insólito e vaga certeza de si mesmo em um obscuro universo em expansão...
Saber-se só, é carregar a biológica  obrigação da morte, contra todas as nossas convicções culturais ...
Mas o isolamento ontológico de uma vida humana , o acontecer das coisas dentro de um individuo, é a personificação mais radical do desafio humano

O MOMENTO DENTRO DO TEMPO



Recebo um carinho do vento
Vivendo o sem tempo
De cada momento...
Talvez,
Toda minha vida
Ganhe sentido
Em um segundo
De imaginação e labirinto
Enquanto me  perco
No acontecer sem rumo
Do mero cotidiano...

quinta-feira, 24 de junho de 2010

NOTA DE UM DESAJUSTE


Vestido de inverno me perco  na paisagem urbana decorada de dia. Busco algum absurdo para fugir a rotina e me reconstruir em cada momento como esboço de mim mesmo na aventura de tudo aquilo que poderia ser...
Vivo de tudo aquilo que dentro de mim se perde como recusa do mundo que os outros dizem...  

SUBTERRANEAM

O encanto de um devaneio
Conduz o pensamento
Ao mais longe
Do agora.


Surpreendo-me perdido
E distante
Vivendo noturno
Fantasias de arcaico
E infâncias
Até o limite da realidae...

terça-feira, 22 de junho de 2010

The Scientist - Coldplay

FEEL THE WIND


Um gosto de inverno
E tédio
Rouba-me do cotidiano
No lúdico d’alma...

Que importa rotinas,
Destinos e objetivos
Quando me vejo perdido,
Quase infinito,
Diante de praias
E  ondas
Vestindo  púrpuras evasões
E devaneios sob um vento frio?....

FUTURE



Eu vivo das janelas
Que me abrem o mundo
Através do pensamento...
Busco apenas
Um momento,
Talvez menos,
Para dizer minha vida
Sem o medo do vazio
De saber eternidades
Além de mim...

NOVAS JANELAS PARA O UNIVERSO



NOVAS JANELAS PARA O UNIVERSO by Maria Cristina B. Abdala e Thyrso Villela Neto é uma pequena brochura paradidádica destinada a um breve , porém  substancial,  panorama dos avanços da Astronomia comtemporânea.
Falando muito livremente, pessoalmente considero um dos méritos deste pequeno ensaio de ciências dedicado ao público leigo,  o fato de nos induzir a uma conceituação mais ampla de meio ambiente que incorpora o sol, as estrelas e os planetas como parte de nosso meio vivido fomentando reflexões sobre como convencionalmente representamos a condição humana.
Afinal, enquanto codificação do real, todo conhecimento do universo é um conhecimento de nós mesmos através da linguagem  e que invariavelmente  produz realidades e situações novas.
Não por acaso o texto nos chama atenção para o significativo impacto que as  tecnologias produzidas neste campo do saber cientifico exercem sobre o mais imediato cotidiano através de invenções  hoje banais como o forno de  micro ondas e nossos telefones celulares.
Mais o que este belo ensaio nos  informa essencialmente é o surpreendente  limite de nossos conhecimentos sobre o universo apesar de nosso enorme arcabouço tecno-científico.  No dizer dos próprios autores:
“Segundo os melhores dados de hoje, apenas 4% DO Universo é constituído de matéria cujo comportamento é regido por teorias conhecidas, ou seja, a matéria comum composta pelos elementos conhecidos da tabela periódica, opacos ou que emitem luz. Por sua vez, 26% do que se observa no Universo é feito de uma matéria que de fato não conhecemos, chamada matéria escura. A tendência em favor da matéria escura entrou no cenário da Astrofísica e solidificou-se, baseada em firmes dados de pesquisa sobre toda a matéria existente no Universo. Depois de anos e anos de observações, os cientistas concordam que, por meio de uma aritmética simples, a soma de toda matéria não exótica com a exótica explica apenas 30% do Universo!
Além da matéria escura exótica, hoje em dia não há mais duvidas de que deve existir ainda um outro tipo de elemento no universo. Esse novo ingrediente foi chamado de energia escura e isso significa que 70% do Universo é regido por ela. Finalmente, temos a  contribuição dos fótons, que é muito pequena, responsável pela temperatura do Universo ser hoje de 2,726K.
Resumindo, os valores aproximados para constituição do Universo são os seguintes:
CONSTITRUINTES DO UNIVERSO                                              QUANTIDADE
Fotons                                                                                               0,005
Matéria luminosa                                                                           0,5
Matéria escura não exótica                                                          3,5
Matéria escura exótica                                                                  26   
Energia escura                                                                                 70
Isso significa que  desconhecemos a constituição de quase 96% do Universo! A maior parte dele é permeada por uma matéria ou energia escura que não podemos ver nem entender ainda. Significa ainda que 96%  da gravitação que se manifesta no Universo não pode ser atribuída a aglomerados isolados de matéria. Entender esses números é uma das grandes tarefas da Física Moderna.”
( Marisa Cristina B Abdalla. Thyrso Villela Neto. Novas Janelas para o Universo. SP: Editora UNESP, 2005 ( Coleção Novas Tecnologias), p. 104-105)
Creio que o presente fragmento é mais do que suficiente para nos induzir a uma reflexão sobre os contemporâneos limites do conhecimento humano e de nossas representações convencionais de realidade.
Ainda nos movemos essencialmente sobre o desconhecido no que diz respeito a existência e nenhuma fantasia religiosa pode dar conta das enormes lacunas  de nosso conhecimento. Mas isso é o mesmo que dizer que a aventura humana , depois de tantas centenas de anos, ainda se encontra em seu mais elementar limiar...