domingo, 13 de junho de 2010

MOBY DICK by HERMAN MELVILLE



Embora possua uma obra bastante extensa e possa ser considerado o pai da moderna prosa norte americana, Herman Melville (1819-1891) é lembrado em todo mundo pela consagração de seu  mais impactante e fascinante romance, definitivamente revolucionário para época em que foi publicada, sobre a baleia branca e seu incansável algoz.
Moby Dick possui  lugar privilegiado no cânone da literatura universal. Por isso é realmente irritante vê-lo convencional e corriqueiramente classificado como um romance de aventura, dadas suas  tantas versões condensadas destinadas ao  público infanto-juvenil.
Trata-se, afinal, de uma narrativa épica e complexa cujo grande tema é a própria condição humana e sua teleologia, nossa dramática aventura através do mundo natural que, tomando como parâmetro a imanência como essência do humano, cotidianamente nos confere significado e propósito.  
As intermináveis descrições de aventuras e lembranças de sua viagem de três anos pelos mares do sul abordo do baleeiro Pequod, pelo narrador identificado como Ismael, os grandes trechos de não-ficção sobre variados assuntos, desde a caça as baleias à reflexões metafísicas, conferem a obra uma densidade só comparável a de um bom tratado de filosofia.
Não seria, aliais, exagero dizer que no fundo é justamente isto que Moby Dick é, um tratado de ontologia ou teologia... Afinal, a obsessão do capitão Ahab por sua baleia branca é de natureza religiosa no mais radical sentido passível de ser atribuído a tal palavra.
Estamos falando de um trágico confronto entre a razão humana e a razão animal em um combate épico onde o que está em jogo é o significado e conteúdo da própria existência, mas que aos poucos vai revelando apenas a fragilidade de nossas mais arraigadas convicções e valores humanos...
Mob Dick nos lembra o quanto sermos humanos definitivamente não quer dizer absolutamente grande coisa...  
Segundo o escritor e tradutor Carlos Heitor Cony  na introdução que fez a sua tradução condensada da obra para o português,

“Melville conseguiu impor ao seu romance um significado que transcende ao de simples aventura. Moby Dick é, sobretudo, o Absoluto, o Absurdo, o Infinito, talvez o próprio Deus, que os homens teimosamente tentam apreender e assimilar. A obstinação do capitão Ahab em busca de sua enorme baleia branca tem um patente significado místico e talvez sexual. Sua luta contra o monstro inatingível é a própria busca de um destino que por ser absurdo não deixa de ser profundamente humano. E sua derrota é humana também.”

sobre pesamento e linguagem


 A REALIDADE EXISTE ATRAVÉS DAS RETÓRICAS ESTABELECIDAS PELOS TEXTOS VIVOS QUE SOMOS NO EXERCICIO DE NOSSA INDETERMINADA E VIRTUAL CONDIÇÃO HUMANA.
EM CERTO SENTIDO, NOS FAZEMOS ENUNCIADOS DO MUNDO NA EXATA MEDIDA EM QUE O INVENTAMOS.
SOMOS OS NARRADORES E AS PRÓPRIAS NARRATIVAS, COMO SE A LINGUAGEM TIVESSE UMA EXISTÊNCIA PRÓPRIA E AUTONOMA ATRAVÉS DE TUDO AQUILO QUE SOMOS EM SEU EXERCICIO...   

LEITURA PÓS JUNGUINANA DO ARQUETIPO DE ANIMA



Em termos pós-junguinanos, anima é uma fantasia meta erótica contra sexual que demonstra na psique masculina o quanto sexo e imaginação são fenômenos psíquicos interligados de uma forma arcaica e impessoal.
Quanto mais exploramos as fantasias eróticas associadas as vivencias masculinas das imagens primordiais e representações simbólicas do feminino através do encontro intimo com mulheres , mais somos surpreendidos pela pertinência do mito como privilegiada modalidade de  codificação do vivido.
  

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Let Down

I'm SORRY...


Derramei emoções
Sobre uma mesa fria
Mirando a face
De uma desbotada fotografia
De tempos perdidos...
Mas já nada
Tinha a dizer ao passado.
Tudo já fora acontecido,
Esgotado e dito...
Engasgado
Com meus eus distantes
E perdidos
Cuspi no presente
Meus retrocedidos futuros...

NOW!


Vida alguma
Dura o suficiente
Para a felicidade
Ou basta a liberdade
De ser nas coisas.
Por isso importa-me
O farto gozo do instante
Até engasgar com o agora
Na crua finitude
De cada momento vivido...

domingo, 6 de junho de 2010

MEMÓRIA, EGO E CONSCIÊNCIA


A capacidade de memorização pode ser tomada como a base sobre a qual se desenvolveu a consciência e a conseqüente auto percepção do eu.
Defino memória, em termos bem superficiais, mas a contento para os meus propósitos aqui, como uma espécie de “senso de recorrência” que nos permite reconhecer a realidade como um conjunto coerente de permanências fenomenológicas.
Não é difícil admitir que existimos no somatório e acumulo de nossas experiências codificadas seletiva e teleológicamente organizadas em lembranças.
Se possuímos memórias que são pragmáticas e mecânicas, como o recordar do significado de uma palavra ou dos procedimentos inerentes a uma equação matemática, também possuímos aquelas que são irracionalmente subjetivas como a recordação de um acontecimento traumático.
Desta forma poderíamos construir uma vasta tipologia de nossas memórias de acordo com sua natureza: pragmáticas, funcionais, emotivas, nostálgicas, antigas, recentes, provisórias,individuais, coletivas, etc...
Creio que isso é mais do que suficiente para demonstrar a complexidade do tema. Mas também é insuficiente para revelar toda a minha perplexidade com as tantas possibilidades inerentes ao ato de lembrar que ora surpreendo como um acontecimento autônomo, impessoal cujas regras e dinâmicas me transcendem como seu sujeito e objeto...

aventura noturna


Tenho agora
Todo tempo do mundo
No superficial
Das coisas.
Pois chovem
Sobre mim
Suaves melancolias
De outono e vento.

Busco, então,
Imparcial e inerte,
Beber do pensar das pedras
Enterrado na estática paisagem
Desta interminável noite...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

DANGER



Basta um segundo
Para  errar o rumo,
Perder certezas
E escrever um erro
Nas geografias biográficas...

Basta um instante
Em falso
Parta o dia explodir
Em labirintos
E as horas perderem o sentido...

segunda-feira, 31 de maio de 2010

IMAGINAÇÕES PÓS JUNGUIANAS



Pode-se dizer que as formulações de C G Jung são assistemáticas e profundamente dialeticas em um sentido quase socrático...
Recuperando aqui um de seus conceitos elementares sua obra pode ser definida, para além das formalidades da psiquiatria do seu tempo, como um exercicio de enandiotromia no jogo de espelhos e labirintos que define a dualidade projetada no pensamento entre psique objetiva e consciência.
Para Jung, simbolos e mitos eram uma linguagem viva, um meta discurso contra as convenções vazias da vida cotidiana a desafiar nossos relativos eus sociais e coletivos...
Atrevo-me a dizer que “o pensar de Jung” transcende em muito as cristalizadas fórmulas e lugares comuns de seus seguidores “junguianos” agrutinadas pelo rótulo de psicologia analitica...
Afinal, a inbdividuação é uma imagem arquetipica sem materiazações concretas que se revela como um jogo de imaginações e desconstruções intimas na gramatica pessoal dos simbolos...