domingo, 25 de abril de 2010

In A Gadda Da Vida - Iron Buttefly I

BIOGRAFIA E INDIVIDUALIDADE

Cada individuo é a inexata soma de suas experiências vividas articuladas como memória e significado. Isso o distingue de seus pares na exatra medida em que lhe transforma em paradoxal dialogo entre um eu e um outro de si mesmo mediado pela linguagem... Neste contexto, a memória apenas define o locus através do qual produzimos discursos sobre o mundo e quem somos na invenção constante das realidades vividas...


sexta-feira, 23 de abril de 2010

Radiohead - No Surprises

DAY AND LIFE


Atos decoram o dia



Parcialmente vivido


No absurdo de rotinas;


Atos mecânicos,


Quase automáticos,


Nos quais não reconheço


Ou percebo


Qualquer biográfica marca,


Qualquer alegria ou ludico


De mero sentimento de vida...






Existo no virtual de imaginações


Em oniricos devaneios e evasões


Contra o absoluto das significações


E coletivas verdades diarias...







MICRO UNIVERSO

Tento pensar um sorriso



Dentro do pensamento


Que obtuso


Se transforma em ato e vento...






Pois gosto


De imaginar sentimentos


Dentro de cada objeto


Que povoa a vida


Como muda paisagem


De abstrato quadro.






Me enervo no olhar que toca


Cada canto do finito


Em complexo cenário..

segunda-feira, 19 de abril de 2010

META INFÂNCIA




Em algum canto

De paz e sonho,

Perdido entre madrugadas

E imaginações,

me reinvento em um sonho bom.





A criança que fui um dia

Envia mensagens do além,

tem nostalgia de futuros

que ficaram esquecidos

na velha caixa de brinquedos.



sexta-feira, 16 de abril de 2010

INDIVÍDUO E SOCIEDADE

Eu amo o vazio



Que em cada dia


Acorda os desafios


De cada momento.






Adoro o tempo


Ao qual me rendo


Em gradativo desaparecimento...






Gosto de aprender


A ser o minimo


Que me diz o rosto


Entre os outros


Em anônimo nada...







quarta-feira, 14 de abril de 2010

CONSCIÊNCIA E LINGUAGEM

A consciencia é como o fluir de um rio, um ininterrupto fluxo de imagens e pensamentos no impreciso vir a ser da condição humana. Mas Nõ existe uma conexão direta entre consciencia e realidade ( ou representações de realidade), muito menos um processo mental ao qual nos referimos quando falamos em consciencia. Aquilo que vagamente definimnos como mente não condiciona a formação de enunciados simbolicos ou codificações da realidade. Pois a consciencia é um grande vazio para o qual toda significação possivel é uma premissa linguistica, uma vez que toda figuração do mundo é uma função da linguagem e não do pensamento...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

SOBRE LITERATURA BEAT

A chamada Geração Beat, é uma das principais matrizes da cultura contemporânea. Seu legado, entreto, é pouco discutido e permaneça envolvido por varios estereótipos e preconceitos. Contrariando esta tendência geral, o ensaio A GERAÇÃO BEAT de Claudio Willer é uma satisfatória introdução ao tema.


Não é minha proposta aqui propriamente resenhar o texto de Willer, mas a partir dele apontar para atualidade da cultura beat. Afinal, o autor nos oferece um panorama amplo e consistente desta verdadeira explosão de criatividade e renovação literária que sacudiu os Estados Unidos a partir dos anos 50. Para Willer, uma das peculiaridades desta literatura, quando comparada a movimentos vanguardistas como o surrealismo, é sua diversidade interna e multiculturalismo, além da informalidade que condicionaria seu desenvolvimento ao longo de decadas.

Embora originado como movimento literário entre os anos de 1944 e 1958(9) através da colaboração e convergência de um pequeno grupo de jovens escritores como Jack Kerouac, Neal Cassady, William Burroughs, Hebert Huncker, John Clellon Holmes e Gregory Corso, a cultura beat reinventou-se ao longo dos anos 60 do ultimo século, ampliando-se e transmutando-se em contra cultura, rebeliões juvenis e Flower Power.

Como observa Willer quanto a este particular, assim como o surgimento do Beat é marcado pela dramática tentativa de censura dos textos , a contra cultura o foi pela ação policial direta. Tal ação repressiva, paradoxalmente, muito contribuiu para a conquista da quase irrestrita liberdade de expressão da qual gozamos nos dias de hoje.

Apesar desta simbiose entre cultura beat e contra cultura, vale assinalar que a primeira, após a perda do prestigio da segunda em fins dos anos 70, permaneceu despertando forte fascínio e interesse.

Segundo Willer

“ A contra cultura foi a última manifestação de alcance universal do século XX. Dai em diante, desde 1968, sucederam-se movimentos de afirmação de particulares, nacionais ou regionais,n e das minorias e setores especificos da sociedade. A cultura jovem segmentou-se e fragmentou-se em tribos e tendencias: punks, góticos, neo-hipies; a militancia politica de esquerda, em tendências, facções, conventículos. Haverá quem diga que a movimentação mais recente associada ao Forum Social Mundial é uma retomada da mobilização planetária; contudo, por mais expressiva que seja, não se mostra capaz, como o foram as revoltas de 1968, de paralisar uma nação ( como aconteceu na França em maio de 68) ou de colocar governos em xeque.

Mas o eclipse da contracultura não determinou o declinio do prestígio da beat. Ao contrário: é como se, freado o movimento alternativo, houvesse o retorno àquilo que o originou, a uma densidade inerente à pesquisa e à invenção literária, talvez perdida com a subsequente massificação. Muitos autores podem ser associados à geração hippie e à contracultura; sua expressão artística é evidente na música, do experimentalismo lisérgico à canção de protesto, e em diversidade de criações em artes visuais e multimeios. Mas não se pode designar essa produção de contracultura nos mesmos termos em que se fala de beat, essa sim, movimento literário em primeiro lugar, e acontecimento comportamental em seguida, por consequência.”

( Claudio Willer. Geração Beat. Porto Alegre: L&PM, 2009 ( coleção L&PM Pocket); p.110-111)


EGO AND TIME


Sei que não posso

Retroceder nos caminhos dos anos,
Reinventar-me
Nos fatos estáticos
Que me decoram biografias,
Para respirar em alivio
Outros futuros.


Pois este eu
Que ora escreve,
Não é o mesmo
Que intensamente
Provou o passado
E, muito menos,
Será aquele que viverá
Meu último suspiro...