segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A CIENCIA MEDICA DE HOUSE by andrew holtz


“PERIGO NO MEDICO- É preciso ter nascido para seu medico, caso contrario se perece pelo seu medico.” F. Nietzsche in Humano, Demasiadamente Humano.

CIENCIA MEDICA DE HOUSE by Andrew Holtz, é uma obra impar que apresenta um interessante panorama da prática medica norte americana tomando como inspiração o universo ficcional da premiada serie de Tv exibida pela FOX.
Ao final da leitura o leitor leigo obtém um satisfatório quadro geral sobre alguns aspectos técnicos da série, podendo ponderar sobre suas verdades e exageros e, acima de tudo, refletir sobre o mito do Dr. House e o tipo de racionalidade e individuo que ele representa e personifica no imaginário social.
Se o livro de Holtz nos chama demasiada atenção para a impossibilidade de existencia de um House entre os nossos médicos reais, dado seu irreverente talento para solapar a ética medica das mais imaginativas formas possíveis, por outro lado, é inegável que a personagem personifica algo de essencial a pratica da medicina: a combinação entre conhecimento, intuição, experiência e bom julgamento, que não raramente falta aos nossos médicos reais conformados aos protocolos éticos e convenções do cotidiano hospitalar.
Segundo o autor, House corresponde a chamada doutrina da medicina baseada em evidencias:

“De certo modo, a personalidade do dr. House está bem enquadrada na doutrina da medicina baseada em evidencias. Embora a maior parte das pessoas tenda a confiar nas opiniões de especialistas, ele demonstra pouco respeito pelas figuras de autoridade ou pelos conselhos de especialistas, com base apenas em suas reputações. Ele não escolheria determinado tratamento simplesmente porque algum especialista o considerou a melhor opção para o caso.
É exatamente assim que funciona a medicina baseada em evidencias. A ‘opinião especializada” é considerada a menor forma de evidencia possível; não é desprovida de valor, mas é algo que só deve ser usado quando não houver outros dados disponíveis. Afinal de contas, a opinião dos especialistas pode não ser mais do que a soma do que um único medico lembra de sua experiência clinica, que esta sujeita aos caprichos da memória e aos naturais vieses humanos.”

( Andrew Holtz. A ciência medica de House: A verdade por trás dos diagnósticos da série de TV. Tradução de Adriuana Rieche. RJ: Editora Best Seller, 10° ed. , p. 161-162. )


NIETZSCHE E O SEGREDO DO ESCRITOR



Um bom escritor deve transgredir a linguagem com sua caligrafia a ponto de transformá-la em metáfora do indizível e ilegível cotidiano vivido que transcende o mero cotidiano e socialmente estabelecido.
Um bom escritor nos oferece uma chave para o desconhecido...
Segundo o aforismo 183 de Nietzsche em Humano, Demasiadamente Humano:

“ A CHAVE. O pensamento isolado ao qual um homem notável atribui um grande valor, para riso e zombaria dos insignificantes, é para ele uma chave de tesouros ocultos; para aqueles , nada mais que uma peça de ferro-velho.” .

EXISTENCIA E ONTOLOGIA

A existência é uma esfinge que nos desafia a responder enigmas e escapar a labirintos que só existem como partes estranhas de nós mesmos...

Somos nossas próprias questões e os vazios que nos motivam como vontade e desejo em uma busca inútil do próprio rosto. Por isso acontecemos em círculos...


DIA PERDIDO


Um dia de azul aço
Cobre todas as coisas,
Cai sobre os olhos
E as almas
Que habitam cada individuo.
Hoje não haverá destinos
Ou rotinas.
Apenas o tempo
Preso ao corpo
E o silêncio do mundo
Até o derradeiro instante
Do riso noturno
Escrito em sonho...

A INDIVIDUALIDADE COMO SEGREDO

A essência da individualidade é a afirmação da singularidade, o que é o mesmo que dizer que ela é definida pela capacidade de cada um para interagir com os outros de modo contraposto apesar da intermediação de um referencial simbólico compartilhado. Desta forma, se a auto-consciência é um fenômeno ambíguo condicionado a mentalidade coletiva, o mesmo não se pode dizer com relação ao sentimento irracional de propósito ou meta particular que define a experiência de uma dada biografia vivida. Refiro-me aquele conjunto de fantasias pessoais que aproximam o esforço de perpetuação e construção de uma existência singular da construção de uma obra artística cujo conteúdo e significado não somos capazes de compartilhar com os outros, mesmo quando lhe comunicamos.

Tornar-se um individuo é adquirir-se como “um segredo” ou meta-significado, como um complexo processo irracional e ontológico que escapa a qualquer expressão lingüística.

É justamente como indivíduos que somos capazes de transcender a natureza através de uma consciência diferenciada.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

SEA...

O mar de agora

Não guarda os mesmos encantos
Que o mar antigo,
Já não nos conduz
Ao desconhecido.
Mas ainda é em essência
Infinita imensidão
A desafiar a humana finitude.

O mar
Ainda impõe fantasmalidades
E fantasias
Embalando pensamentos
De aventura e solidão
No gritar de algum
Mundano desafio.

The sea is the life
And time...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

NOTA SOBRE O PARADOXO DA INDIVIDUALIDADE HUMANA

É na medida em que nos fazemos cada vez mais conscientes de nós mesmos que inventamos e reinventamos o mundo, nosso sentimento próprio de singularidade, que nos permite compartilhar subjetivamente o existir humano.

Nos individualizamos através dos outros em paradoxo esforço de íntimo acontecer...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

DESAFIO

A existência segue no vazio de rotinas, enquanto administro o tempo que passa refazendo a mim mesmo nos atos de dia a dia. Sei que brinco constantemente com o acaso, tentando me tornar futuro no superficial dos mais íntimos fatos.

O que sei é que talvez passe a vida inteira tentando inutilmente escrever dentro do tempo um especial momento de ser entre as coisas...



sábado, 6 de fevereiro de 2010

NOWHERE MAN FOREVER...?


A VIDA ACONTECE


LÁ FORA E NESTE MOMENTO,

INDEPENDENTE DO QUE FAÇO

E PENSO

AQUI DENTRO...



NÃO EXISTO PARA O MUNDO

E ELE POUCO SIGNIFICA

PARA MIM.



A ÚNICA REALIDADE

QUE CONHEÇO

E RECONHEÇO

É A DO MEU PRÓPRIO EU...

I'M NOWHERE MAN...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

CANT’T BUY ME LOVE by JONATHAN GOULD III


Em CANT’T BUY ME LOVE, Jonathan Gould identifica algumas particularidades importantes que contribuíram para tornar os Beatles a mais emblemática e impactante banda de rock de todos os tempos.
Segundo o autor, por exemplo, os Beatles foram os primeiros artistas não americanos com exposição na mídia de massa a conquistar a condição de SUPERSTAR em caráter mundial. Ao mesmo tempo, eles também negavam todos os estereótipos do que significava ser inglês em 1964, ou seja, após o desmonte do Império Colonial Britânico.
Em suas palavras,

“... ao afirmar sua origem na cidade portuária de Liverpool, no Lancashire, cuja população poliglota de minorias étnicas e religiosas faziam dela a cidade menos homogeneamente “inglesa” da Inglaterra. Os Beatles personificavam uma versão iconoclasta de sua identidade nacional que se provou tão atrativa para as juventudes norte-americana, européia, australiana e de partes da Ásia quanto os fãs britânicos.”
( Jonathan Gould. Cant’t Buy Me Love: OS Beatles, A Grã Bretanha e os Estados Unidos./ Tradução Candoba. SP: Larouse, 2009, p. 18)

Também sua identidade enquanto banda de rock os distinguia dos seus pares, pois:

“Os Beatles eram uma visão de auto-suficiência, independência e ambição compartilhada que proporcionou a musica popular o arquétipo de “banda de rock”, um modelo de organização musical que viria a perdurar nas décadas seguintes.”
(Idem)

Em essência a ascensão dos Beatles foi, entre outras coisas, um sintoma de profundas mudanças nas relações anglo-americanas ocorridas após a Segunda Grande Guerra, quando a Inglaterra, a maior nação imperialista do séc.XIX, cedeu lugar no cenário mundial aos USA, a maior nação internacionalista do séc.XX. Fato político que determinou profundamente a evolução ( ou revolução) cultural da segunda metade do século XX.