quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

LOVE IS REAL




O amor

Torna-se real
Em misto
De acasos e sortes
Que nos fazem imprudentes
No acontecer vazio dos fatos
E atos em multidão...


O amor é uma viva ilusão
Que nos acorda para fantasia da vida
No limiar do desejo
Perdido em meio aos impulsos
E necessidades que nos transformam
Na linguagem muda de nossos
Corpos...
O amor é uma mera alegoria
De juventude.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O satírico William Makepeace Thackeray



Nascido na índia, o satírico novelista William Makepeace Thackeray ( 1811-1863) é lembrado pela adaptação para o cinema de seu romance de época ( sec.XVIII) : As Aventuras de Barry Lyndon por Stanley Kubrick em 1975.

Durante a década de 1840 obteve significativo sucesso com dois livros de viagens: The Paris Sketch Book e O irlandes Sketch Book ( justamente o adaptado por Kubrick). Embora não muito lido hoje em dia, durante a era vitoriana, seu nome era comparado ao de Dickens. Sua reputação aumentou consideravelmente depois de 1850 com Pendennis romance parcialmente autobiográfico.
Em 1851 realizou uma série de palestras, sobre humoristas Inglêses do século XVIII, que repetiu em uma turnê pelos Estados Unidos em 1852-53. Em 1852, apareceu seu romance da vida do século 18, Henry Esmond.
Trata-se de um autor digno de ser redescoberto e relido...
Também lhe é atribuida pela tradição a invenção do termo "capitalismo".  

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

COTIDIANA ESPERANÇA



Ainda aguardo o dia seguinte...



O acontecer mais profundo


Do ato de viver


Nos particulares mundos


Contidos em cada segundo.






Ainda aguardo as cores


De um amanhã vivo


Que elucide


Toda a minha existência


Ensinando-me a vida


Como transformação permanente


Ou acontecer constante


De futuros


Que me realizam e transcendem...

NOTA SOBRE O BOM SENSO



O bom senso é o precário equilíbrio entre a realidade e nossa imagem pessoal de mundo. Ele é a “nossa consciência dos outros” no acontecer das coisas ou, simplesmente, aquela imprecisa fronteira que existe entre o pensamento e o fato no complexo universo oculto por traz das ações que definem o destino e caráter de cada indivíduo...


MEDOS



Meus medos são tantos



Que não cabem no peito,


Cobrem o mundo inteiro


De duvidas e incertezas


No silencioso drama


De percorrer atônico


Os dias


Em busca, simplesmente,


De mim mesmo.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

NOTA SOBRE O TEMPO QUE PASSA



Daqui a cem anos não estarei aqui ou em parte alguma. O mundo em que vivi NÃO MAIS EXISTIRÁ e tudo que eu possa ter feito ou sentido não passará de um eco mudo de abstrato passado.

Daqui a cem anos, todas as ambições, vontades, desejos, defeitos e qualidades que agora me afetam e agitam, não farão a menor diferença...
Mas eu se quer me importarei com isso em absoluto silêncio e inexistência...





terça-feira, 8 de dezembro de 2009

LEMBRANÇAS DE JOHN LENNON IN 2009...



Neste oito de dezembro de 2009, completam-se 29 anos do insano assassinato de John Lennon... Curioso como o tempo passa depressa....

Mas, parafraseando John, em diferentes momentos, diria que o fato é que ainda hoje acredito que os Beatles são mais populares que Jesus Cristo ( pelo menos para mim) e que deus é um conceito pelo qual medimos nossa dor... Que sexo e nudez é melhor que violência, corrupção, hipocrisia, etc...
E, acima de tudo, tento fazer e viver meu próprio sonho contra o mundo espalhado em fragmentos e inspirações psicodélicas de meta cotidiano no mais profundo do pensamento ...
Sei que nestes quase trinta anos o mundo mudou bastante, mas as pessoas continuam as mesmas em seus limites, dores, burrices ou, simplesmente, na miopia social que nos torna convencionais peças da hipocrisia coletiva que define a existência contra o melhor de nossas singularidades ou individualidades...





NOTA SOBRE O TEMPO BIOGRÁFICO

Às vezes fico pensando no tempo que seria suficiente para a realização de minha mínima biografia... Abarcaria ele, certamente, pelo menos dois séculos no casar do passar do mundo e de mim mesmo nas possibilidades concretas que transcendem o momento....



Mas, concretamente, vivemos de fronteiras que separam o querer, o pensar e o viver imediato... Jamais nos tornamos na vida simplesmente nós mesmos...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

DOROTHY WORDSWORTH: UMA DISCRETA VOZ FEMININA...



No cenário da poesia inglesa Dorothy Wordsworth ( 1771-1885), irmã do famoso poeta romântico William Wordsworth, pode ser considerada uma espécie de patinho feio da literatura britânica. Afinal, nunca foi ou quiz fama e, de acordo com o biógrafo Richard Cavendish, não passou de "uma névoa em aprofundamento da senilidade". Nunca quiz ser uma literata e, justamente por isso, nos expõem involuntariamente, com máxima precisão, a marginalidade da mulher e do feminino na literatura da época. Sua obra nos chegou, inclusive à sombra da literatura do irmão que lhe consagrou o poema Abbey Tintern:



"Tintern Abbey"


FIVE years have past; five summers, with the length


Of five long winters! and again I hear


These waters, rolling from their mountain-springs


With a soft inland murmur. -- Once again


Do I behold these steep and lofty cliffs,


That on a wild secluded scene impress


Thoughts of more deep seclusion; and connect


The landscape with the quiet of the sky.


The day is come when I again repose


Here, under this dark sycamore, and view


These plots of cottage-ground, these orchard-tufts,


Which at this season, with their unripe fruits,


Are clad in one green hue, and lose themselves


'Mid groves and copses. Once again I see


These hedge-rows, hardly hedge-rows, little lines


Of sportive wood run wild: these pastoral farms,


Green to the very door; and wreaths of smoke


Sent up, in silence, from among the trees!


With some uncertain notice, as might seem


Of vagrant dwellers in the houseless woods,


Or of some Hermit's cave, where by his fire


The Hermit sits alone.


These beauteous forms,


Through a long absence, have not been to me


As is a landscape to a blind man's eye:


But oft, in lonely rooms, and 'mid the din


Of towns and cities, I have owed to them


In hours of weariness, sensations sweet,


Felt in the blood, and felt along the heart;


And passing even into my purer mind,


With tranquil restoration: -- feelings too


Of unremembered pleasure: such, perhaps,


As have no slight or trivial influence


On that best portion of a good man's life,


His little, nameless, unremembered, acts


Of kindness and of love. Nor less, I trust,


To them I may have owed another gift,


Of aspect more sublime; that blessed mood,


In which the burthen of the mystery,


In which the heavy and the weary weight


Of all this unintelligible world,


Is lightened: -- that serene and blessed mood,


In which the affections gently lead us on, --


Until, the breath of this corporeal frame


And even the motion of our human blood


Almost suspended, we are laid asleep


In body, and become a living soul:


While with an eye made quiet by the power


Of harmony, and the deep power of joy,


We see into the life of things.


If this


Be but a vain belief, yet, oh! how oft --


In darkness and amid the many shapes


Of joyless daylight; when the fretful stir


Unprofitable, and the fever of the world,


Have hung upon the beatings of my heart --


How oft, in spirit, have I turned to thee,


O sylvan Wye! thou wanderer thro' the woods,


How often has my spirit turned to thee!


And now, with gleams of half-extinguished thought,


With many recognitions dim and faint,


And somewhat of a sad perplexity,


The picture of the mind revives again:


While here I stand, not only with the sense


Of present pleasure, but with pleasing thoughts


That in this moment there is life and food


For future years. And so I dare to hope,


Though changed, no doubt, from what I was when first


I came among these hills; when like a roe


I bounded o'er the mountains, by the sides


Of the deep rivers, and the lonely streams,


Wherever nature led: more like a man


Flying from something that he dreads, than one


Who sought the thing he loved. For nature then


(The coarser pleasures of my boyish days,


And their glad animal movements all gone by)


To me was all in all. -- I cannot paint


What then I was. The sounding cataract


Haunted me like a passion: the tall rock,


The mountain, and the deep and gloomy wood,


Their colours and their forms, were then to me


An appetite; a feeling and a love,


That had no need of a remoter charm,


By thought supplied, nor any interest


Unborrowed from the eye. -- That time is past,


And all its aching joys are now no more,


And all its dizzy raptures. Not for this


Faint I, nor mourn nor murmur, other gifts


Have followed; for such loss, I would believe,


Abundant recompence. For I have learned


To look on nature, not as in the hour


Of thoughtless youth; but hearing oftentimes


The still, sad music of humanity,


Nor harsh nor grating, though of ample power


To chasten and subdue. And I have felt


A presence that disturbs me with the joy

Of elevated thoughts; a sense sublime


Of something far more deeply interfused,


Whose dwelling is the light of setting suns,


And the round ocean and the living air,


And the blue sky, and in the mind of man;


A motion and a spirit, that impels


All thinking things, all objects of all thought,


And rolls through all things. Therefore am I still


A lover of the meadows and the woods,


And mountains; and of all that we behold


From this green earth; of all the mighty world


Of eye, and ear, -- both what they half create,


And what perceive; well pleased to recognise


In nature and the language of the sense,


The anchor of my purest thoughts, the nurse,


The guide, the guardian of my heart, and soul


Of all my moral being.


Nor perchance,


If I were not thus taught, should I the more


Suffer my genial spirits to decay:


For thou art with me here upon the banks


Of this fair river; thou my dearest Friend,


My dear, dear Friend; and in thy voice I catch


The language of my former heart, and read


My former pleasures in the shooting lights


Of thy wild eyes. Oh! yet a little while


May I behold in thee what I was once,


My dear, dear Sister! and this prayer I make,


Knowing that Nature never did betray


The heart that loved her; 'tis her privilege,


Through all the years of this our life, to lead


From joy to joy: for she can so inform


The mind that is within us, so impress


With quietness and beauty, and so feed


With lofty thoughts, that neither evil tongues,


Rash judgments, nor the sneers of selfish men,


Nor greetings where no kindness is, nor all


The dreary intercourse of daily life,


Shall e'er prevail against us, or disturb


Our cheerful faith, that all which we behold


Is full of blessings. Therefore let the moon


Shine on thee in thy solitary walk;


And let the misty mountain-winds be free


To blow against thee: and, in after years,


When these wild ecstasies shall be matured


Into a sober pleasure; when thy mind


Shall be a mansion for all lovely forms,


Thy memory be as a dwelling-place


For all sweet sounds and harmonies; oh! then,


If solitude, or fear, or pain, or grief,


Should be thy portion, with what healing thoughts


Of tender joy wilt thou remember me,


And these my exhortations! Nor, perchance --


If I should be where I no more can hear


Thy voice, nor catch from thy wild eyes these gleams


Of past existence -- wilt thou then forget


That on the banks of this delightful stream


We stood together; and that I, so long


A worshipper of Nature, hither came


Unwearied in that service: rather say


With warmer love -- oh! with far deeper zeal


Of holier love. Nor wilt thou then forget,


That after many wanderings, many years


Of absence, these steep woods and lofty cliffs,


And this green pastoral landscape, were to me


More dear, both for themselves and for thy sake!


By William Wordsworth (1770-1850).


[Composed A Few Miles Above Tintern Abbey,


On Revisiting The Banks Of The Wye


During A Tour. July 13, 1798.]

Tradução:




Cinco anos à passaram, cinco Verões

e cinco Invernos longos! E outra vez

ouço estas águas que dos montes rolam

com tão doce murmúrio. Tomo a ver

estas altas escarpas majestosas

que no isolado matagal imprimem

ideias de mais funda solidão.

E à paz do céu eu ligo esta paisagem.

O dia me voltou em que repouso

uma vez mais à sombra do sicômoro,

e vejo desenhados os cultivos,

e os tufos do pomar que ainda imaturo

nesta estação do ano é verde, e não

se distingue dos bosques, nem perturba

o verde da paisagem. Ainda outra vez

contemplo as sebes, indistintas já,

porque cresceram bravas; e as herdades

verdes até ao limiar das portas;

e entre o arvoredo os ascendentes fumos!

Alguns são tão incertos, como se

fossem de vagabundos pelos bosques

ou de caverna de eremita aonde

junto do fogo el' esteja.

Esta beleza,

na longa ausência, nunca foi pra mim

como paisagem na Visão de um cego:

mas, amiúde, em quartos solitários

ou nas cidades agitadas, eu,

em horas de amargura, lhes devi

no sangue e no meu peito sensações

que entram às vezes no mais puro de alma

num repousar tranquilo. E sentimentos

de prazer não-lembrado, quais, talvez,

poder não pouco é que hão-de ter naquela

parte melhor da vida do homem justo:

breves, sem nome, não-lembrados actos

de bondade ou de amor.. Nem menos, creio,

ainda lhes devo mais sublime dádiva,

um estado de alma em bem-aventurança

em que a pesada carga do mistério,

em que a opressão, que nos esmaga e gasta,

do não-inteligível deste mundo,

se toma leve: esse sereno estado

em que Os afectos nos conduzem suaves-

até que, o respirar em nosso corpo

e o movimento de correr o sangue

quase que suspendidos, dorme o corpo

e se transforma em palpitar de uma alma:

enquanto um olhar, aquietado pelo

fundo poder de alegres harmonias,

nos mostra a vida interior das coisas.

Se uma vã crença isto só for.. mas quanto -

em trevas ou por entre as várias formas

de um triste dia, quando o anseio inútil

e a febre deste mundo mais pesaram

no coração que bate, oh, quantas vezes

em espírito, voltei às tuas margens,

silvestre rio!, que vagueias por

bosques tão verdes - quanto a ti voltei!

E Ora, em relance de idear quase extinto,

num reconhecimento vago e frágil

e algo também de urna tristeza ambígua,

a paisagem do espírito renasce:

enquanto estou aqui, não só no senso

do presente prazer, mas na confiança

que neste instante o alimento e a vida

no futuro não faltam. O que ouso esperar

sem dúvida diverso do que eu era,

quando andei nestes montes qual cabrito

saltava nas encostas, Pelas margens

de fundos rios e torrentes frias,

por onde a Natureza me levasse:

mais como aquele que foge do que teme

que quem procura o que ama. A Natureza

(os mais rudes prazeres da juventude


e a alegria animal do movimento,


agora já perdidos) para mim

era tudo. Não posso descrever

o que por mim eu era. A catarata

de ecos me fascinava: e a escarpa abrupta,


as montanhas, e os bosques mais sombrios,

as suas cores e formas então eram

como um desejo: sentimento e amor

não precisando mais remoto encanto

que o pensamento empreste, ou outro interesse


mais que o do próprio olhar. Mas esse tempo

passado é já, com seu prazer que doía,

suas vertigens de êxtase. Não me cabe

chorar ou lamentar, pois outros gozos

vieram, para tal perda, quero crer,

compensação bastante. É que aprendi

a ver a Natureza, não qual via

com juvenil descuido; mas ouvindo

a triste música da humanidade,

nem áspera, nem dura, poderosa

para nos aquietar. Tenho sentido


uma presença a perturbar-me alegre

com mais altas ideias: um sublime


senso de algo mais fundamente infuso,


cuja morada é a luz dos sois poentes,

do oceano a curva, o ar que nos rodeia,

o céu azul, e o pensamento humano:

um movimento, um espírito, que impele

tudo o que pensa, tudo o que é pensado,


e rola em quanto existe. Sou, portanto,

o amante ainda de montanhas, prados,

e bosques, e de tudo quanto vemos

na verde terra, e também todo o mundo


que ver e ouvir em parte criam e é

o que apercebem: e de aceitar feliz,

na Natureza e na sensual linguagem,

urna âncora do puro pensamento,

guia do que o meu peito sente,

e a alma do meu inteiro ser moral.

domingo, 6 de dezembro de 2009

ESpeculções sobre o devir...

A realidade não passa de um relativo consenso que construimos e reconstruimos todos os dias contra a ditadura de inércias e tradições...


*

Viver é puro devir e incerteza, apesar de nossas ilusões de segurança...

*

A chuva é, ao mesmo tempo, um símbolo de melancolia, reflexão e de uma quebra ou, pelo menos, perturbação do cotidianamente vivido ou ruptura do real...

*

Nada é mais incerto que minhas certezas...