segunda-feira, 23 de novembro de 2009

SOBRE A METAFISICA OU MITO DO GÊNIO....

Desde o renascimento a noção de “gênio” representou para os modernos um ideal inatingível de grandeza, quase pessoal, e de perfeição individual, algo, marcado pelo estigma do trágico teatral ou épico. Pois nele a individualidade é medida ou julgada pela realização de um grande feito cultural destinado a ultrapassar seu próprio criador, escravizando sua memória em vazia celebração coletiva, onde a singularidade do indivíduo cultuado simplesmente se perde em culto a personalidade...

domingo, 22 de novembro de 2009

NOTA SOBRE O ACASO

Quando visito através da memória meu acontecer biográfico me dou conta do quanto em certas decisivas circunstâncias, transcendi meus limites cotidianos no abraçar de destinos e acasos em intuição e instinto de sonhos de mim mesmo...

Definitivamente, o acaso tem uma lógica, um quase padrão irracional, que cognitivamente nos faz real através de decisivas coincidências frente as quais qualquer enunciado ou significado é dispensável.
O Acaso é um labirinto natural a desafiar teologias e teleologias em nossa busca humana de significado.
O acaso é puro labirnto...



OUT OF...



Diante da porta

Entreaberta do sono
Vislumbro
Meus mais radicais vazios,
Olho nos olhos
Do acaso,
Sem medos ou arrependimentos,
Aguardando o alivio
De um futuro
Que me ignora soberbo,
Como um sonho perdido e perfeito...
See the eyes in the dark...



sábado, 21 de novembro de 2009

FILOSOFIA BY HOUSE





“Querer é essencialmente sofrer, e como o viver é querer, toda a existência é essencialmente dor. Quando mais elevado é o ser, mais sofre... A vida do homem não é mais do que uma luta pela existência com a certeza de ser vencido... A vida é uma caçada incessante onde, ora como caçadores, ora como caça, os entes disputam entre si os restos de uma horrível carnificina; uma história natural da dor se resume assim: querer sem motivo, sofrer sempre, lutar sempre, depois morrer e assim sucessivamente, pelos séculos dos séculos, até que nosso planeta se faça em bocados.”



By Arthur Schopenhauer in AS DORES DO MUNDO

SOBRE O IRRACIONALISMO PROFUNDO DA EXISTÊNCIA

É muito fácil criar explicações complicadas e vazias para a irrelevância dos fatos cotidianos e fazê-los em magia de letra parecerem relevantes... Mas todo significado possível que atribuímos as coisas pressupõe uma boa dose de imaginação...

Acreditamos tanto em nossas arbitrarias representações de “realidade” que não percebemos uma premissa elementar da fenomenologia da existência: Há um “algo mais” irracional em nossas representações conscientes de mundo, em nossa subjetividade, que fere sua duvidosa ou imprecisa ontologia.
Podemos, em ultima instância , associar o fenômeno da vida ao irracional da necessidade ou e uma impessoal vontade que nos devora e sustenta, não nos permitindo uma compreensão adequada daquilo que chamamos pensamento ou consciência... Já que não passam de um fosco e paradoxal reflexo do irracional...

Arthur Schopenhauer e o sentido da vida...




Citações são necesárias na cosntrução de cadeias de sentido que nos sustentam a própria vida e pensamento... Somos como individuos os elos de uma infintita e indefinivel corrente...

“ As coisas só tem atrativo enquanto nos não tocam. A vida nunca é bela, só os quadros da vida são belos, quando o espelho da poesia os ilumina e os reflete, principalmente na mocidade, quando ignoramos ainda o que é viver.”


Arthur Schopenhauer in AS DORES DO MUNDO

sábado, 14 de novembro de 2009

UMA MISSIVA DE C.G.JUNG

A missiva seguinte é uma das mais interessantes dentre a obra epistolar de C.G.Jung. Talvez por nos comunicar um dos dilemas estruturais da cultura humana... a dialética dos opostos e a fragilidade de todo sentimento de verdade em uma cultura massificada, bem como o sofrimento decorrente disto....


" A um destinatário não identificado
França

28.04.1955
“Prezado Senhor,
Suas idéias o confrontam com um problema geral da cultura, que é complicado ao extremo*. O que é verdade num lugar não é verdade em outro. “O sofrimento é o cavalo mais veloz que vos leva à perfeição”, mas também o contrário é verdadeiro. O adestramento pode ser disciplina, e esta é necessária para o caos emocional da pessoa; mas pode igualmente manter o espírito vivo, como o vemos muitíssimas vezes. Na minha opinião não há palavra mágica que resolva em definitivo este complexo de questões; também não existe nenhum método de pensar, viver ou agir que elimine sofrimento e infelicidade. Se a vida de uma pessoa consiste de duas metades- uma de felicidade e outra de infelicidade- isto é provavelmente o ótimo que se pode alcançar; mas permanece sempre uma questão insolúvel se o sofrimento educa mais ou desmoraliza mais.
Seria errado, porem, entregar-se ao relativismo e ao indiferentismo. O que se pode melhorar em determinado lugar e tempo deve ser feito, pois seria mera tolice não fazê-lo. O destino do homem sempre esteve entre dia e noite. Nada podemos mudar nisso.

O destinatário havia anexado à sua carta um manuscrito com o titulo “Die Formel der Verwirrung”. Tratava de sua reação diante da desorientação geral de nossa civilização bem como de suas idéias sobre o crescente “adestramento” dos seres humanos, que os transforma em autômatos."

(C.G Jung. Cartas de; ( volume II- 1946-1955)/ tradução de Edgard Orth; editado por Aniela Jaffé; em colaboração com Gerhard Adler. Petrópolis: Vozes,2002, p. 415-416)



KAOS




Nos diversos rostos

De meus eus perdidos
E espalhados no tempo vivido,
Desconstruo identidades,
Certezas e verdades.

Já quase não sei
Quem sou
Diante de futuros desgovernados
E imagens soltas de pensamento.
Subverto imprudente
Toda tradicional subjetividade...



MEU EU NO TEMPO

MEU

Tento encontrar

A mim mesmo
Nos passados de certos
Lugares,
Colher meus próprios
E concretos vestígios
Para enganar o vazio
De meta futuros,
Contemplando meu rosto
No obscuro
E concreto devir do tempo
Sonhado e vivido...

BREVE NOTA SOBRE A IMAGINAÇÃO DA EXISTÊNCIA

NO

São as imaginações da existência que nos edificam o rosto na experiência de cada dia novo. É o sofrer dos fatos e possibilidades que cumulativamente estabelecem quem somos nas áridas paisagens do mundo vivido.

Imersos em emaranhados de situações definidas a nossa revelia pelo caprichoso acaso, nos transformamos naquilo que nos acontece externamente, como se a realidade realmente existisse...