sábado, 28 de março de 2009

EXPANSÃO

Olho para fora,
Seja de mim,
Do mundo
Ou de tudo
Que se faz pensamento.

Olho para fora,
E quase não vejo nada.

Mas olho para fora...
Despindo-me
De todos os destinos,
Certezas e possibilidades
inventadas de mim mesmo.

sexta-feira, 27 de março de 2009

POEMA PÓS HAMLET


Fiz-me abandonar
No mundo
Provando desertos
Em direções de sóis
Em crepúsculos
E serenidade de luz.

Escavei meu rosto
No chão cotidiano
Até encontrar a caveira
De minhas verdades
E escrever no céu
Um grito liberdade.

RADIOHEAD IN RIO


No ultimo 20 de março, uma sexta feira, tive o privilegio de quebrar radicalmente a rotina e vivenciar uma apresentação da banda britânica de rock alternativo Radiohead no espaço da Praça da Apoteose no Rio de Janeiro.
Como fã incondicional da banda, devo dizer antes de tudo que não se trata apenas neste caso de participar como platéia de um espetáculo de rock and roll. Um show do Radiohead é, com certeza, mais do que isso quando se é intimo de sua singular musicalidade. Trata-se de uma experiência anímica, um momento de deslumbramento ou iluminação profana de múltiplas faces e conteúdos.
No cenário da musica popular contemporânea o Radiohead ocupa um lugar impar. Nenhuma banda possui uma sonoridade tão complexa e um universo de letras tão denso.
Parte da turnê do ultimo álbum In Rainbows, de 2007, lançado inicialmente exclusivamente na internet de modo muito original, embora não seja seu melhor álbum, o que significa apenas dizer que não supera o ontológico OK Computer, é certamente o mais complexo em simbologias e alegorias. O titulo remete ao fluir do humor da banda, as suas várias faces e fases, articuladas como as sete cores do arco-iris. O jogo de luzes que define a linguagem visual do show procura comunicar justamente isso.
Bom, não pretendo aqui definitivamente uma crônica ou impressão pessoal da ocasião da apresentação da banda in Rio, mas relembrá-la, eternizá-la em palavras que, no fundo, não significam nada comparadas a experiência de escutar ao vivo clássicos como No surprises, Paranoid Android, Karma Police e experiências mágicas como The National Anthem e avadir-se do cotidiano através da magia da musica...
Caso tivesse que escolher uma banda de rock que traduzisse em musica nosso sentimento contemporâneo de mundo, de deslocamentos e incertezas identidários, ela seria sem nenhuma duvida o Radiohead de Thom Yorke (vocais, guitarra, piano), Jonny Greenwood (guitarra), Ed O'Brien (guitarra), Colin Greenwood (baixo, sintetizador) e Phil Selway (bateria, percussão).

THE REAL WORLD


Esqueça todas
As palavras ditas
Em seu fazer-se
Cotidiano,
Suas roupas,
Seu rosto e forma.
Concentre-se no silêncio...
It’s the real world.

Jogue ao vento
Os falsos e verdadeiros
Problemas,
Medos e incertezas
De dia seguinte
Até provar o vazio
Do tempo.

It’s the real world
In rites of passage...

What’s the weather like?

O QUASE NADA DE CADA DIA...


O dia seguinte corre ao meu encontro como um estranho a oferecer um abraço frio e formal. O tempo, enquanto isso, oferta possibilidades de riscos, futuros, esperanças ingênuas e leves dissociações de personalidade nos acasos e sonhos que nunca socam realidades. Sei que perdi em alguma parte do jogo entre o eu e o mundo, o rumo do meu destino, o quase saber do meu futuro aberto em possibilidades, erros, a caminho de um nada essencialmente natural.

segunda-feira, 23 de março de 2009

LANCELOT: ESPECULAÇÔES SOBRE O MITO.

A personagem de Lancelot é, depois de merlin, a mais complexa e enigmática do mito arthuriano, personificando dramática e radicalmente o ideário do amor cortês contra os códigos masculinos e partriacais do imaginário medieval.

Foi entre os anos de 1177 e 1180 que Crétien de Troyes compôs Lê chevalier de la charrette, romance que introduziu a personagem na literatura ocidental, já configurado, por um lado como símbolo e representação de cavalaria e distinção e, por outro, de infâmia e degradação.

Lancelot é a personificação mais radical do mito do cavaleiro errante. Seja através do absoluto alheamento de mundo e de si mesmo, entre o fantástico do maravilhoso, do “alem mundo” celta (domínio do sagrado), e o espaço social da tavola redonda (domínio do profano). Instancias que, quase sempre, encontram-se em tensão nas versões cristianizadas da lenda.

Sua marca é a melancolia, o desespero de quem desafia seu próprio tempo na afirmação da ética do amor cortes contra a moral cristã e a cultura partriacal da Idade Media. Genebra, afinal, é para ele mais importante que o grall, personificando o mito do eterno feminino e os imperativos do desejo e do irracional contra todo obscurantismo da fé e da idéia de verdade....

domingo, 22 de março de 2009

LANCELOT


Eu te aguardo
Do outro lado dos sonhos
Dentro do espelho
Alem dos meus medos.

Desconstruo o mundo
Em palavras jogadas
Contra a realidade
Em cada grito perdido
No contido choro
Das imaginações sublimes.

Há futuros
Que jamais viverei
Pois nunca viverei a sombra
De algum nobre rei.

POEMA DE QUASE AMOR

Jamais provei teus lábios
Ou explorei teu corpo
Na emoção de estar perdido
No mundo dos teus olhos.
Se quer sei seu nome,
Nunca escutei sua voz
Em meu coração partido
Como um hino a vida que nunca vi.

Vivi apenas silêncios,
Sombras e sonhos
Na solidão de montanha
De quem adivinha
O peso da vida
Na leveza do vento.

I love my heart.

sábado, 21 de março de 2009

CONTEMPORÂNEIDADE E PÓS IDENTIDADE


A saturação de certos valores e idéias que marcaram a chamada modernidade é um processo descontinuo, invisível e plural em seus significados.
Gosto de pensar este novo momento da história social do mundo ocidental como a gestação imagética de uma revolucionária estética da imanência; como uma recusa do “deve-ser” de todos os sentidos e meta-significados característicos da linguagem da modernidade, seus universalismos, identidades e lógicas monoteístas de homogeneidade...
Faz-se no agora que nos escapa mudamente uma afirmação do efêmero, do imediato, do irracional e do paradoxal como expressão das novas leituras e vivencias de nossa cotidiana condição humana, cada vez mais individuada, deslocada de suas tradicionais representações de sentido laicos e religiosos.
Vivemos tempos de hibridismos, multiculturalismos e pluralidades infinitas de estratégias de ser no mundo.
Entretanto, ainda nos surpreendemos perplexos diante dos espelhos da fenomenologia da existência em desafio múltiplo de diálogos e reconstruções na ontologia de cada dia.
l

AUTO ESBOÇO

Tornei-me
Um simples ensaio
De mim mesmo.
Um esboço incompleto
Do que deveria ser,
Do que poderia viver ou fazer.

Desencontrei-me do destino
Em alguma curva da vida...

Minha existência
Ainda não aconteceu.