terça-feira, 30 de dezembro de 2008

SOBRE O TEMPO

No imprevisível dos anos
Guardados no tempo
Sabemos estranhamente
Apenas dos dias seguintes.

Estamos sempre
A um passo psicodélico
Do futuro,
Pulando de um dia
Ao outro
Guardados em cores
E paisagens de mundo.

As margens das horas
Jamais nos deparamos
Com o absoluto da vida
Fora do preto e branco
Cotidiano.

Talvez as notas embriagadas
De uma canção
Transformem tudo
Em liberdade...

HUMAN RACE

Entre o grotesco,
O sublime e o erro,
Há um estranho
Parentesco,
Um espaço negro
Onde silêncios revelam
O menos que humano
Que há em nós.
Lá não cabem certezas
Ou bons pensamentos,
Apenas o absurdo
Que define a vida
Em forma pura
E delírios de natureza.

Sometimes
You just have do...
Low to the absurd....

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

THE BEATLES E A FILOSOFIA: NADA QUE VOCÊ PENSA QUE NÃO PODE SER PENSADO


Organizada por Michael Baur e Steven Baur, sob a coordenação de William Irwin, a coletânea BEATLES E A FILOSOFIA: NADA QUE VOCÊ PENSA QUE NÃO PODE SER PENSADO, pode ser interpretada como um convite a uma viagem mágica, corrigindo: uma Magical Mistery Tour que, para alguns fãs da banda parecerá sem propósito ou irrelevante para apreciação da musica dos Fab Four. Eu, ao contrário, considero fascinante e até mesmo lúdica a proposta de “pensar” os Beatles e seu impacto sobre a cultura popular do século XX através da filosofia. A comentada coletânea realmente nos permite compreender de modo mais profundo o porquê dos Beatles serem a maior banda de rock de todos os tempos e, ao mesmo tempo, alguma coisa a mais do que apenas uma banda de rock para grande parte dos seus fãns.
Para mim a musica dos Beatles é o mais perfeito pano de fundo do mais profundo e banal acontecer da vida. Acho sinceramente que eu seria outra pessoa caso nunca houvesse vivido suas canções ou colorido meu mundo com as cores vivas do psicodelismo...
Voltando a coletânea, ao longo de seus nove capítulos (referência a Revolution 9?), aos poucos vamos desvelando relações entre as musicas da banda e os dilemas do seu tempo que, de algum modo, ainda são os nossos. Seja a filosofia do amor hippie e o pacifismo diante de um mundo cada vez mais violento e instável, o dispertar da consciência e o psicodelismo como uma resposta a falência das religiões e da moral tradicional em um mundo cada vez mais complexo ou ininteligível, a aceitação e aprendizado positivo da cultura do consumo frente a nossa busca de autenticidade e individualidade, dentre outras questões.
Considero um dos mais interessantes ensaios desta obra o composto por James Crooks PEGUE UMA CANÇÃO TRISTE E FAÇA-A MELHORAR: OS BEATLES E O PENSAMENTO PÓS MODERNO.
Ler os Beatles através das lentes da Pós modernidade não é absolutamente um despropósito. Afinal, existem paralelos possíveis, por exemplo, entre o aguçado senso de humor da banda e a recusa de metas narrativas pelo pós moderno que se traduz no irônico e sarcástico ou quase, de fato, “egocentrismo bufão”. Que importa?

“Mas os filósofos pós modernos precisam ser sérios? Parte da magia da meta narrativa dos Beatles é a adaptação ininterrupta daquilo que denominei antologia “deixe-me de fora” por um mais amplo deleite “inclua-me” no mundo que dá boa vinda às coisas tolas, como uma piada entre amigos. A atitude fica evidente em quase todas as entrevistas concedidas a uma imprensa ansiosa e sem fôlego, durante o período da Beatlemania ( Repórter: “ O que você pensa a respeito de Beethoven?” Ringo: Eu adoro-principalmente seus poemas”), no capricho infantil de canções como “Yellow Submarine”, “Octopus’s Garden” e “Bungalow Bill”, e na gentil paródia de outros gêneros em “When I’m 64”, Your Mother Sahould Know”, Honey Pie”, e “Back in the USSR”. Os Beatles dão voz aos modos de jocosidade e ironia em um sentido amplo, de maneira tão hábil e abrangente quanto o fazem com os da alienação- incluindo aquele audível com clareza nas obras de Jacques Derrida ( 1930-2004), e outros para quem a alternativa ao efeito “Nowhere Man”, que persegue a critica hiper-seria do pensamento moderno, é a “desconstrução”.
O exemplo aqui é “Glass Onion”. No fim da década de 1960, a banda queria desencorajar a legião de fãs que interpretava as letras das canções como algum tipo de código cósmico. Jhon faz isso em Glass Onion” com uma releitura de algumas de suas próprias letras anteriores, definindo-as como vôos de imaginação. Isso, por sua vez, produz uma forma genial de autoconsciência artística. As próprias palavras renunciam aos poderes atribuídos a elas. O processo criativo se torna transparente por completo- como muitas camadas de vidro. Derrida e seus seguidores querem margear os perigos da filosofia moderna, provocando uma percepção similar. Para eles, como para John, a linguagem é jocosa. O que ele nos dá, na verdade não é uma representação de identidades estáveis ( objetos, “eus”, instituições e estados), mas o fluxo primordial da não-identidade- o nada ou abismo- de onde as identidades emergem.”
O trabalho do pensamento pos moderno, nessa visão, consiste em enfraquecer e desmanchar todas as formas discursivas nas quais os códigos cósmicos ou significados determinados de qualquer tipo- máscaras da indeterminação original da linguagem- se acomodam. Entre eles, com certeza, estão os valores e métodos do pensamento revolucionário tradicional mas também uma série de relações opositoras mais abrangentes, que todos os pensadores anteriores teriam considerado axiomáticas: argumentos contra a livre associação; autor versus leitor; texto versus mundo. A desconstrução retira essas oposições Sob o regime delas, a escrita filosófica pós-moderna se torna uma colcha de retalhos de trocadilhos e etimologias, piadas, citações e comentários expandidos, cujo objetivo consistente é dissolver toda a importância determinada em um jogo de palavras, para produzir no meio do pensamento um “efeito Glass Onion”.

(James Crooks. PEGUE UMA CANÇÃO TRISTE E FAÇA-A MELHORAR: OS BEATLES E O PENSAMENTO PÓS MODERNO, in Os BEATLES E A FILOSOFIA: NADA QUE VOCÊ PENSA QUE NÃO PODE SER PENSADO. ( Coordenação de William Irwin)/ tradução: Marcos Malvezzi. SP: Editora Madras, 2007, p. 183-184)

Mas, definitivamente, para se avaliar o valor desta coletânea e a aparentemente estranha proposta de pensar The Beatles através da filosofia, nada mais pertinente do que as seguintes palavras de Richard Falkenstein e John Zeis em QUARTETO COM UMA DIFERENÇA:

“ O que há nos Beatles que os faz únicos na história da música popular? Embora os tentáculos de sua influência se estendam para muitas outras áreas da cultura popular além da música, é pura e simplesmente sua musica e rápida e evolução que fundamentam o proeminente status da banda na musica popular. A música dos Beatles, como toda a grande forma de arte, é importante porque revela certas verdades básicas sobre quem e o que somos como seres humanos e as quais coisas damos valor absoluto. E, se isso estiver certo, uma discussão a respeito das música da banda e da filosofia nela incorporada não é um mero exercício de analise teórica, mas um instrumento prático e útil para aumentar nossa apreciação da própria música. Isso não significa que a estética filosófica que este ensaio atribuirá a musica dos Beatles seja algo do qual eles estavam conscientes, ou com o qual concordariam em retrospecto. Mas assim como as partituras de gravações produzidas por Hal Leonard ( que nem mesmo eles conseguiam ler) melhora o entendimento e a apreciação da musica dos Beatles para aqueles que conseguem lê-las, sua filosófica também o faz em outro nível de abstração.”

(Richard Falkenstein e John Zeis. QUARTETO COM UMA DIFERENÇA, in Os BEATLES E A FILOSOFIA: NADA QUE VOCÊ PENSA QUE NÃO PODE SER PENSADO. ( Coordenação de William Irwin)/ tradução: Marcos Malvezzi. SP: Editora Madras, 2007, p. 227-228 )

Por tudo o que aqui foi dito e citado, creio que posteriormente precisarei desdobrar esta resenha dialogando mais profundamente com o livro a partir de minha leitura pessoal e intima dos Beatles...
.



BEATLE POEM


Procuro cores em movimento
Em qualquer canção dos Beatles
Para existir por longos instantes
No mais profundo da vida.

Jogado no mundo
Não busco no fundo
Nada mais que isso...
Supondo o próprio mundo
Como algo mágico e oculto
Em meu múltiplo intimo.

Across the universe
Decomponho frases
Até descobrir
No sumo de cada palavra
Cores de coisas vivas
Que sem preciso significado
Ou motivo
Apenas acontecem
Entre imaginações e infinitos.
A day in the life...

NOWHERE MAN

Talvez tudo
Que eu faça ou diga
Não passe de vazio aberto
Entre nexos e significados
Inerentes ao fato
De que em tudo
Aos poucos passo
Ou me rasgo
Em cada palavra
Em busca de atos
Abstratos e rasos
Armados em vida
E despedaçados...

Nowhere Man....
I call your name...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

STANLEY KUBRICK E LARANJA MECÂNICA ( CLOCKWORK ORANGE)


Creio que poucos diretores foram capazes de traduzir em linguagem cinematográfica o espírito de uma época, ou seja a atmosfera da segunda metade do século XX, marcada por incertezas, violências, medos e questionamentos, do que Stanley Kubrick ( 1928-1999).
Famoso pelo seu perfeccionismo, pelo caráter recruso, o “mestre das marionetes” construiu através de seus filmes uma estética que influenciaria decisivamente o olhar cinematográfico, alem de nos conduzir a um questionamento da própria condição humana com seu ceticismo ilimitado.
Nascido em New York, Kubrick produziu seus primeiros trabalhos nos estados unidos ao longo dos anos 50 do ultimo século. Destacam-se nesse período seu primeiro longa Fear and Desire ( 1953), A Morte passou por perto (1955), o Grande Golpe ( 1956), Gloria feita de Sangue ( 1957) e seu polêmicio Spartacus ( 1960).
Mas foi após mudar-se para Inglaterra em busca de um ambiente cultural mais compatível com seu temperamento e cansado da censura enfrentada nos Estados Unidos, que produziu seus trabalhos mais relevantes e fascinantes. Destaco aqui apenas aqueles que me marcaram: 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968), Laranja Mecânica (1971), O Iluminado ( 1980), Nascido para Matar (1987) e seu último filma De Olhos bem Fechados ( 1999).
Mas caso me fosse solicitado para eleger um dos seus trabalhos para representar o conjunto de sua obra escolheria sem pestanejar Clockwork Orange ( Laranja Mecânica).
Adaptação do romance de Anthony Burgess (1917-1993), o filme é essencialmente um tratado sobre a violência e a natureza humana. A transgressora violência do individuo, instintiva é contraposta a bem intencionada violência de Estado, para qual os direitos do próprio indivíduo, são “relativos”.
Assim temos de inicio as ações de Alex DeLarge (Malcolm McDowel) a frente de sua gangue de delinqüentes, os droogs (palavra originária do russo druk, amigo)** em uma Inglaterra futurista de grandes conjuntos habitacionais e precário ordenamento social. O gosto pela musica clássica do personagem, amante de Beethoven e especialmente sua 5º Sinfonia, sugere também uma promiscua relação entre civilização e barbárie que perpassa toda a narrativa. Em um segundo momento, de cruel algoz, Alex torna-se vitima do sistema e da sociedade através de um programa experimental, para corrigir seu comportamento violento e transgressor, que nada mais é do que uma lavagem cerebral. Seu caso acaba transformando-se em arma política partidária em mesquinhas disputas de poder das quais o personagem acaba sabendo tirar proveito com significativa eficácia.
Censurado no próprio Reino Unido e em muitos paises após o seu lançamento em 1971, Laranja Mecânica é ainda hoje considerado um filme demasiada e assustadoramente violento. Mas a violência aqui é mais alegórica do que realista, articulando uma narrativa bizarra, cruel, cômica e psicodélica que nos desafia a encarar a face absurda do mundo em que vivemos e os abismos da própria condição humana. Ainda somos de muitas maneiras contemporâneos dessa perturbadora obra.


* Kubrick era um devorador de livros. Não por acaso, boa parte de seus filmes são adaptações de obras literárias. Nem sempre compreendidas pelos autores...

** Alex se expressa inicialmente através do "Nadsat", um "idioma" que mistura o russo, o inglês inventado por Burgess .

CRÔNICA RELÂMPAGO XLII


Quando somos arrancados da rotina, seja através da experiência única de uma viagem ou dos imperativos de uma doença grave, nosso cotidiano torna-se de repente tão irreal e fugidio quanto a lembrança de um sonho banal.
Ocorre, assim, uma espécie de desencontro de nós mesmos no aprendizado da individualidade dos lugares que nos envolvem oferecendo novidades e desafios. Nestas circunstâncias tudo parece maior do que realmente é, percebemos o quanto os espaços físicos e atos corriqueiros na verdade configuram referências ontológicas que também nos definem como indivíduos, seja pela recusa ou pela aceitação.

TIME AND RAIN

Eu amo a chuva
E o vento
Como quem sabe
A alma de um dia frio.

Sinto o silêncio,
A serenidade dos lugares
E objetos
fechados em tempo nublado.


Tudo parece
Mais intenso e vivo
No aconchego abstrato
De horas cinzentas.

É como se de repente
Todas as coisas existissem
Na suavidade de meus silêncios.

NADA

Nada me leva
A nada,
Como se o dia
Fosse apenas
O esforço
Mecânico e inútil
De ser entre o céu
E a terra,
Entre dias e noites,
Até o cansar do tempo.

Tudo é inútil movimento
Na soma aleatória de acontecimentos
Abandonados ao chão frágil de cada biografia.

Nada me leva
A nada.
Mas o nada
Nunca é vazio...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

METALLICA E A FILOSOFIA: O CLUBE EXISTENCIALISTA E O SENTIDO DA VIDA


Dentre os ensaios reunidos em METALLICA E A FILOSOFIA merece destaque A MILICIA DO METAL E O CLUBE EXISTENCIALISTA de Jemery Wisnewski que a partir de um dialogo com o existencialismo de Albert Camus, J P Sartre, Heidegger, e algumas letras da banda, aborda o tema do sentido da vida e o absurdo que é a existência humana e nossas respostas pessoais a esse mesmo absurdo.

Afirmar que o Metallica é uma banda existencialista, como faz o autor, significa também afirmar que em sua recusa niilista do real ela nos oferece o desafio de uma escolha, de uma alternativa de sentido e significado que impõe-se na medida em que nos descobrimos e construímos como indivíduos. Em outras palavras:

“ O existencialista desafia o absurdo. Criar uma vida significativa apesar da falta de sentido intrínseca da vida- esse é um ato heróico. Nós devemos encarar a vida como arte- escolher a participação em projetos que não tenham valor intrínseco simplesmente porque podemos. Em um mundo desprovido de qualquer significado transcendental, devemos inventar o nosso significado. É a tentativa de criar significado, sentido, diante do absurdo que domina Kill’Em All, do Metallica.”

(Jeremy Wisnewski. A Milícia do metal e o Clube Existencialista. In Metálica e a Filosofia; Um curso intensivo de cirurgia cerebral/ tradução de Marcos Malvezzi SP: Madras, 2008. p.67 )

Entretanto, o mais existencialista dentre os álbuns iniciais do Metallica talvez seja Ride de Lightning e sua atmosfera apocalíptica. Retornando ao texto citado:

“Um tema recorrente na musica inicial do Metallica- mas principalmente em Ride the Lightning- é a inevitabilidade da morte. As canções deste álbum servem a um propósito existencialista: elas revelam a finitude humana, o fato de a vida chegar a um fim inevitável. A unicidade da morte de cada indivíduo serve para distinguir um ser humano do outro. O filósofo Martin Heidegger ( 1889-1976) afirmava que a morte é a única coisa que os seres humanos precisam fazer sozinhos. E por causa disso, a morte individualiza as pessoas. Quando percebo que só eu posso morrer minha morte, Heidegger diz, reconheço que sou fundamentalmente diferente de você. Nossa morte iminente nos obriga a ver que somos indivíduos- que a nossa existência não pode ser reduzida à existência da multidão.”

( Idem p.68 )

Entre a morte, o absurdo do mundo e as letras do Metallica, surge um complexo cenário de pensamento onde o pano de fundo é nossa própria existência, nossa incessante busca por algum significado em um mundo sem sentido. Esse significado, entretanto, é necessariamente nossa própria singularidade, nossa individualidade em construção e desconstrução permanente ao sabor do tempo. Se não há caminho que nos leve para fora do absurdo que é o mundo, das angustias que nos povoam, resta-nos, entretanto, a alternativa da autenticidade. As escolhas que fazemos sem o conforto das convenções morais ou o peso das tradições culturais,os compromissos assumidos com nossa própria e complexa subjetividade e suas conseqüências, são tudo o que ainda nos faz de algum modo sentir a presença real de um rosto.
Complementando essa perspectiva, em METALLICA, NIETZSCHE E MARX: A IMORALIDADE DA MORALIDADE, Peter S. Fost nos lembra a questão da “falha de Deus” ( God that failed), e os limites de uma resposta religiosa

“Em canções como Leper Messiah e God that Failed Metallica acusa a religião de falha moral e, com isso liga-se a uma tradição filosófica que remonta a pensadores como Voltaire, Hume, Lucrécio, Sócrates e Xenofanes. De acordo com esses filósofos, o que as religiões prescrevem como moralmente “bom” é, na verdade, moralmente ruim ou errado. O que as religiões afirmam ser “correto” é, ao contrário, corrupto. O que elas descrevem como “piedoso”, é , na verdade, perverso. O que apresentam como a “verdade” é um engodo. Já que a religião tem um efeito tão grande nas idéias costumeiras acerca da moralidade em nossa sociedade, o que passa por moralidade costuma ser, de fato, um emaranhado pútrido de i moralidade”.

(Peter S. Fost. Metallica, Nietzsche e Marx: A imoralidade da moralidade. In Metálica e a Filosofia; Um curso intensivo de cirurgia cerebral/ tradução de Marcos Malvezzi SP: Madras, 2008. p.83 )

Mas a critica a religião é também uma critica a idéia de verdade, o que nos leva a assumir a ontológica incerteza que define a condição humana, o que é também qualquer espécie de meta existencialismo...
Cabe, portanto, para finalizar este texto, reproduzir aqui um fragmento do ensaio CRER E ENGANAR: METALLICA, PERCEPÇÃO E REALIDADE de Robert Arp:

“ Eu adoro berrar estas palavras do primeiro verso de “Bad Seed”: “ Come clean/ Fess up/ Tell all/ Spill guts/ Off the veil/ Stand revealed/Show the card/Bring it on/ Break the seal” [ Venha limpo, fale tudo, ponha tudo para fora. Tire o véu, e se revele. Mostre a carta. .Venha com tudo. Quebre o lacre]. Quando acabo de berrar, geralmente eu penso na diferença entre o modo como percebo as coisas, o que esta velado, e como as coisas são de fato, como é a realidade, o que é revelado. No que consiste a “realidade” de uma pessoa? A realidade é apenas “meu mundo”, minha coleção de percepções e idéias, ou será que existe um mundo fora de mim? Se existe uma realidade alem de minhas percepções, eu quero estar seguro em meu conhecimento da realidade. Assimn como Hetfield, eu quero saber “Is that the moon/ or just the light that lights this dead end street?/Is that you there/or just another demon that I meet?” [ Aquela é a lua, ou é só uma luz que iluymina essa ruía sem saída? É você que esta aí, ou mais um demônio que eu encontro?].

( Robert Arp. Crer e Enganar: Metallica, percepção e realidade. In Metálica e a Filosofia; Um curso intensivo de cirurgia cerebral/ tradução de Marcos Malvezzi SP: Madras, 2008. p.163 )