quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

O PERIGO DAS CONVICÇÕES



Algumas pessoas possuem certezas demais. Confundem a realidade do discurso com a vida vivida e acham que tudo que dizem é toda realidade. Embriagados de razão, põe a perder o bom senso contemporâneo, se afogam em um mundo-verdade.
Como em nenhuma outra época as convicções tornaram-se perigosamente fatais....

AUSÊNCIAS



Uma ausência
Articula a palavra,
Através de um mundo vazio,
De desejos ocos de liberdade,
Desorientações e vertigens.

A imaginação inventa realidades,
Onde meu eu tropeça em enunciados.
Apenas uma ausência me diz a existência.
Um silêncio profundo que define o mundo
E aos poucos me rouba as palavras.
Escreve-se em mim uma falta sem nome.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

TEMPO DE INCERTEZA




Atualmente tenho evitado conclusões,
Lapidado minhas duvidas
Até o limite da incerteza.
Não uso mais o sim e o não.
Todas as verdades são ambíguas.
Nada é uma questão de certo e errado,
Fato ou boato.
Tudo é questão de ponto de vista
Ou falta de informação.
Vou me deixando em um estado abstrato,
Em um misto de perplexidade e medo,
Tentando atingir a indiferença.

SOBRE O EU E O OUTRO





A palavra escrita é onde me desvelo como um não lugar do mundo.
Através do dizer estabeleço quem eu sou entre os outros.
Mas o eu dos meus enunciados é uma mera construção abstrata.
Não define tudo aquilo que sou.
Não posso ser reduzido ao meu próprio rosto.
O nós é o que define o eu, pois este só existe em relação ao outro.
Então, sou o produto dos meus monólogos e diálogos,
Me defino e redefino constantemente através do dizer  e do ouvir.
O outro é o espelho através do qual me percebo.


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

INFORMAÇÃO E VIDA



“A informação pode dizer tudo. Ela tem todas as respostas. Mas são respostas a perguntas que não fizemos, e que sem duvida não são nem mesmo feitas.”

Jean Baudrillard in  Cool Memories 1980-1985



No pensar e no dizer, nossas estratégias e referências narrativas não nos definem como indivíduos, nem personificam propriamente alguma forma de subjetivização do real. Ao contrário, nos faz prisioneiros de personas definidas pela instrumentalização do conhecimento. A apropriação seletiva de conteúdos impessoais (ideias e conceitos) não afirmam nossa singularidade, mas apenas nosso conformismo a alguma imagem/ formula  abstrata de realidade e mundo.


Nossa singularidade passa pela experiência do niilismo, pela desconfiança de todas as estratégias de valoração e leitura da realidade e da vida. Somos radicalmente quem somos quando percebemos o grande vazio que é a existência. Então, não há mais um jogo entre perguntas e respostas. Nada, absolutamente, faz sentido. Não há mais necessidade de informação. Não  há mais nada a ser dito.