quarta-feira, 29 de maio de 2013

O TÉDIO DAS HORAS

Sempre o mesmo
Gosto de dia,
As mesmas horas,
Vontades
E paisagens.
Novidade alguma
Rasga o céu
Como um relâmpago,
Agonia alguma
Transborda o tempo
No raso da simples rotina.

MUDANÇA


Quando os fatos
Mudam os atos
E os atos
Reinventam a vida,
O mundo se torna
Uma abstração
Quase sem sentido
Pois aprendemos
A colher os frutos
De nossas imaginações
Para plenamente
Adivinhar a vida...

sexta-feira, 24 de maio de 2013

ESTANTÂNEO DE CONTEMPORANEIDADE: NOTA SOBRE A CULTURA DO TEMPO PRESENTE

Vivemos tempos de esboço de existências, de individualidades decompostas no presentismo quase absoluto, na inaptidão dos futuros e dos passados para configurar personas, funcionalidades e competências.

Vivemos tempos de novas urgências, de reinvenção de antigos dilemas e nivelamento do real e do virtual do ato e da ação. Por todas as partes tensões, choques, movimento e pluralidade das coisas nos absorvem as imaginações.

Nenhum prazer é mais saciável. A insatisfação agora é um estado de espirito universal em nossos caminhos sem horizontes. Se nunca antes gozamos de tamanha autonomia individual frente as exigências das coletividades e metaidentidades, nunca estivemos tão decompostos em nossas individualidades.

Enquanto meta da condição humana, a individuação agora é um processo que não nos conduz a qualquer ideal fantasmagórico de autoconhecimento, mas apropria fragmentação egoica, a esquizofrenia como alegoria de toda pós cultura.

GRANDES ESPERANÇAS



Quando for
Novamente
Dia,
Quero estar
Finalmente desperto
E altivo,
Pronto para
Ir de encontro
Ao abraço
De qualquer existência
Limpa,
Intensamente aberto
Aos futuros
Que ainda não me viram
E não vieram...

PRISÃO


Preciso escapar,
Prefiro o labirinto,
A perda e o ganho
Da vertigem
Que nos conduz
Ao impreciso
Do abismo.





A prisão não tem porta.
Mas preciso da chave,

Da senha,
Que me diga a liberdade...


terça-feira, 21 de maio de 2013

SENTIMENTOS II



Sentimentos não cabem
No peito,
Povoam pessoas
E coisas
Que habitam a paisagem
Do meu mais intimo mundo,
Sentimentos Existem
Nos cantos escuros
Dos pensamentos,
Agitados e dispersos .

SENTIMENTOS

Sentimentos,
 Simplesmente,
São solitárias e abstrações
Na melhor definição
Recusada pelos dicionários,


Doces fantasias
Que casam com melancolias
Para suportarem
A própria solidão.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

AMOR E GUERRA




Faltou ao encontro
O amor dos poetas
E de juventudes.
Mesmo assim
Nos encontramos
Desdizendo
Um ao outro
Na batalha
De nossas línguas....

CONTRA O LIRISMO



Estou farto

Dos lugares comuns

Destes discursos vazios

E antigos

Sobre amor e sexo,

Sobre os encontros e desencontros

Que nos encantam
mas carecem de nexo.



Não quero dizer o volúvel

Dos sentimentos,

O leviano de uniões eternas.


Consagrarei apenas

Ao subrime

Do momento simples

E sem rima

as orgias e delírios
da minha provisória eternidade.


domingo, 19 de maio de 2013

MARINHEIRO BRITÃNICO




É tão triste

A areia branca

Da praia

Que  me arrasta os pés....

Sinto nisso

O chamar de destinos,

A aventura do mar

Me roubando de mim

Como se eu fosse

Um embriagado

Marinheiro britânico.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

JUST

Sofro o tédio
De estar vivo
Perante a manhã
Amarrotada
E pendurada
Na encardida parede
Da ordinária existência.
Mesmo assim,
Procuro e busco
Meu rosto
No cesto de roupas sujas
Para vestir
O dia seguinte
E atravessar a rua
Até saber
Das novidades do nada
E artimanhas
Do simples acaso.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

METAMORFOSE

Vazio e inerte
Entre os destroços
Do dia
Reaprendo a vida
Na reconstrução constante
De mim mesmo.
Instável e provisório
Torno-me sempre
Meu próprio outro
Através das coisas.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

EXPECTATIVAS

Não espero futuros,
Apenas o tempo presente
Correndo em todas as direções
Do efêmero e do agora.

Espero o sem tempo
Dos meus acasos,
Os silêncios
Que me escrevem
Cada momento.

Espero dias
E noites,
Nada mais...

MEU QUERER

Quero viver cada dia  sem qualquer espécie de ilusão,
Sem acreditar no impossível dos meus supostos desejos de imensidão.
Quero viver, pura e simplesmente, cada dia de cada vez.
Não perder tempo com amores sem futuro,
Com objetivos  ingênuos
Ou convicções frágeis.
Afinal, viver é tão efêmero, tão insignificante,
Que não vale um engano de acaso.

terça-feira, 7 de maio de 2013

NECESSIDADE

Preciso muito
Correr contra o vento,
Contra os caminhos
E destinos,
Para saber da vida
O prazer dos ermos,
Através dos quais
Constantemente
Me desencontro
De mim mesmo,
Apenas para te encontrar perdida
E esférica
Em um quadrado
De tempo e espaço.