Finalmente alguma coisa que vale a pena nas estantes de livros de auto ajuda de nossas livrarias! Refiro-me ao livro DR HOUSE: UM GUIA PARA VIDA by Toni de La Torre. Trata-se no mínimo de uma obra original e tão sarcástica quanto a personagem que a inspira.
Certamente esta brochura não ira mudar sua vida, mas talvez lhe ajude a se tornar uma pessoa pior e mais apta a sobrevivência no caótico mundo em que vivemos.
Uma das mais decisivas questões colocadas pela filosofia de vida personificada pelo Dr. House para cada um de nós é, ao meu ver, a desconstrução de nossa ingênua e eterna busca pela felicidade e realização pessoal.
Afinal, nas palavras do próprio autor,
“É lógico que você pensa que o seu objetivo na vida é ser feliz. Centenas de contos infantis, tradições milenares, escritos filosóficos e preconceitos culturais o orientaram para a busca da felicidade, ainda que ela se pareça com o Santo Graal, ainda que esteja etiquetada com a palavra utopia e, além de tudo, saiba que milhões de pessoas na História a procuraram antes de você e não obtiveram sucesso.
Para House, a felicidade é supervalorizada em detrimento da amargura. A busca da felicidade não nos leva a conseguir sermos felizes. Na realidade, precisamos de infortúnios, desgraças, tragédias, catástrofes, crimes, pecados, delírios e perigos nas nossas vidas. E se não os tivermos, nós os inventamos. Por que? Por que no fundo, a felicidade é chata. Imagine um coro de anjos sorridentes pousado numa nuvem e logo estará bocejando; uns com os outros , e percebera que esta comovido.”
(Toni de La Torre. Dr. HOUSE: Um guia para a vida: Como triunfar com humor e ironia/tradução Angelo dos Santos Pereira; SP: Lua de Papel, 2010, p.19 e 20.)
Mas a desconstrução da falácia de nossos sonhos de felicidade é apenas o ponto de partida para uma existência inspirada no pessimismo e no mau humor. É igualmente importante no campo das relações humanas a adoção da premissa de que todo mundo mente, que a mentira é a essência das sociabilidades humanas, o que significa dizer que não se deve confiar em ninguém além de si mesmo e que sempre se dever esperar o pior de qualquer situação, pois o mundo, de todas as formas possíveis, conspira contra você. Fato que justifica a ironia e o sarcasmos como instrumentos essenciais, para se estar sempre acima da realidade e dos outros ou, simplesmente, ter sempre razão. Afinal, nossa opinião é sempre melhor e mais importante do que a dos outros.
Se é verdade que todo mundo pode ser antipático, mau humorado, egocêntrico e solitário também é verdade que ser tais coisas ao “modo House” é uma arte para qual poucos estão preparados e capacitados.
Para finalizar é indispensável na filosofia de vida de House não fazer planos, pois,
“Um plano é um mapa, um guia, um farol, uma rota, um indicador, um caminho ou uma estratégia para alcançar os seus sonhos, e é melhor que eles fiquem apenas na fase do desejo. Assim, dentro de alguns anos, poderá se lamentar de não ter conseguido isto ou aquilo e de não ter se esforçado o suficiente em prol do que queria.
Sem planos, você não poderá lutar pelo seu desafio pessoal, pois para isso precisa de um rumo, de uma série de passos lógicos e acessíveis a curto prazo. Com um desafio impossível de se assumir e sem qualquer tipo de estrutura que o ajude a alcançá-lo, descobria rapidamente que perdeu o controle da sua vida, na medida em que seu dia a dia deixará de ter um sentido claro. Deste modo se sentirá completamente bloqueado e poderá se afundar em um tédio infindável.”
( idem p. 81)
Por outro lado, um pouco de presunção não faz mal a ninguém. Elevar a auto estima até as nuvens baixando a auto estima dos outros , mostrar-se frio, distante e seguro de si mesmo, é o melhor método eficiente para se manter no controle das situações vividas.
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