segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

O CORPO QUE NOS INVENTA

O corpo despido de alma,
des-subjetivado,
Indisciplinado,
Transborda a própria presença
na negação do universo.

Reinventa o espaço,
 criando o mundo,
Como processo,
imanência,
Hedonismo,
além do conceito e do verso.

O corpo é medida de todos os verbos.
Plural, diverso e singular acontecimento
ele é natureza em movimento
que nos atravessa e supera
em seu modo de ser frágil e efêmero.




sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

FILOSOFIA REBELDE

É sempre o erro
quem produz novidades.

É sempre o desvio
no meio do caminho
quem transforma o destino.

Artista é todo aquele que cria,
Qualquer um que desvia
ou semeia desordens.

Não há liberdade
onde heresias não abalam verdades.
A realidade é feita da soma
de pequenas e permanentes revoluções.

O mundo é filho do caos.



quarta-feira, 30 de novembro de 2022

O CORPO

O corpo acontece
a revelia da consciência,
do eu e do juízo.
Pouco lhe importam
as palavras e intensionalidades
de qualquer pensamento.

O corpo é a inexata soma de suas partes
e de todos os seus micro apetites.
Ele é movimento,
tomada de posse de um mundo
que sempre lhe escapa como realidade
e progresso.

O corpo é o tempo transformado em lugar
dos efeitos que devoram suas causas.



sexta-feira, 25 de novembro de 2022

EU E O TEMPO

O passado não me pertence,
mas é tudo que tenho
na contramão do tempo,
nas nostalgias do corpo,
dos outros, e dos momentos.

Tudo é indeterminação e mudança.
Nenhuma identidade ou autoridade
me aprisiona o juízo.
Meu passado não é tradição.

Existo limitado e finito,
dentro dos cinco sentidos,
em movimento intuitivo,
quase sem tempo,
na invenção da minha época 
aquém do futuro e do presente.

Desde sempre sou apenas lembrança
se desfazendo em esquecimentos.





quinta-feira, 24 de novembro de 2022

ELOGIO AOS INSENSATOS

Entre a tragédia e a farsa
jamais busquei equilíbrio.
Ri um delírio contra todos os princípios
diante das solenes verdades dos letrados.

Desprezei tudo considerado elevado
e que contra a igualdade atenta
em nome do Estado.

Assim me fiz a margem dos outros,
além de mim mesmo,
na contramão da existência vigente.

Desafiei a falsa alegria dos tolos.
Soube a raiva dos ventos
e as errâncias das encruzilhadas
Afirmando a resistência dos condenados,
a insurgência dos desatinados.





terça-feira, 22 de novembro de 2022

OS SONHOS DA TERRA

Onde quase não respiramos,
resistir é preciso,
é necessário lutar,
e cantar o impossível.

Os sonhos nos inventaram
para derrubar o céu,
todos os privilégios e desigualdades,
matar os deuses, sacerdotes e políticos 
que nos conformam os corpos
a ilusão do espírito.

Os sonhos transcendem o tempo,
o espaço e a eternidade,
no mais profundo sentimento da Terra
tornando a carne é a alma da vida.




domingo, 20 de novembro de 2022

O INUMANO

Não me interessa a humanidade,
os grandes debates estéticos,
éticos, políticos e filosóficos,
que adoecem a imaginação
e atrofiam os pensamentos.

Sigo reduzido a corpo e imanência,
necessidade e cansaço,
como qualquer animal de sangue quente
que sente o mundo como um delírio.

É preciso estar além de todo juízo
Para saber o espírito do tempo.
Os que ousam a vida
recusam a razão
em atrevida desmedida
e vontade de chão.

terça-feira, 8 de novembro de 2022

TEMPO E MEMÓRIA

Memória é a consciência ferida pelo tempo.
Há em nós um passado que não para de crescer,
que supera a vida e a morte,
sem se render a qualquer ilusão de eternidade.
Tal passado é o que somos como inumanos, terrestres.
É o que nos faz tudo no nada de uns  nos outros.
Há em nós uma memória que nunca será lembrança.

SOBRE SER LIVRE



Ser livre é escapar ao tempo
no absoluto dos espaços.
É permanecer no aqui e agora,
Tal qual um monumento vivo
ao tédio do simples instante.

Ser livre
é o não ser de fugir do passado, 
do futuro,
 e deste agora
que nos rouba a existência
até apagar a eternidade.


Ser livre é ser nada,
é sempre quase.
É não ter qualquer vaidade.

FILOSOFIA DO QUASE NÃO SER

Tenho buscado fazer da  singularidade do corpo uma impessoalidade onde tudo cabe e nada é possível. 
Tenho tentado equilibrar a vida e a morte até desfazer a ilusão da eternidade, mergulhar na superfície da finitude de tudo aquilo que nos define.
Todos os dias eu aprendo a morrer convencido de que nunca existi.