quinta-feira, 14 de setembro de 2017

POEMA PÓS ESTRUTURARISTA

Entre o ato e o fato
Habita o desejo,
Este abstrato e cego impulso,
Este absurdo impulso
Em direção a um objeto
Que só existe no querer
E nunca se define inteiramente
Como coisa.
Afinal, entre o ato e o fato

Não existe sujeito.

O CORPO

Estou condenado a ser este corpo.
Ele existe mais do que eu.
É coisa concreta,
Realidade dinâmica,
Em tempo e espaço.

O corpo tem seus lugares,
Seus silêncios e gritos.
As vezes é divertido.
Mas tento apaga-lo
Afirmando o eu contra o corpo.
Como se fosse possível ser

Algo mais do que um corpo.


terça-feira, 5 de setembro de 2017

PEDRAS DE SILÊNCIO

Atirei nos telhados da humanidade
Algumas pedras de silêncio.
Escutei um eco caindo,
Correndo contra o infinito.
Mas ele era ilegível.
Era, naturalmente,
Apenas o barulho

Do meu próprio silêncio....

CUIDADO DE SI E SUBJETIVAÇÃO

O cuidado de si, tal como entende o último Foucault, é um ética baseada no voltar-se para si mesmo, para o mundo e para o outro, estabelecendo uma estética da própria existência. Trata-se de um conceito que remonta a antiguidade grega. Como afirma Foucault em Hermenêutica do Sujeito, o cuidado de si é uma relação “singular, transcendente, do sujeito em relação ao que o rodeia, aos objetos que dispõe, como também aos outros com os quais se relaciona, ao seu próprio corpo e, enfim, a ele mesmo”.

O sujeito emerge, assim, como produto objetivo dos sistemas de saber e poder, como uma trama genealógica de subjetivação, onde poder é tanto poder sobre si mesmo quanto sobre outrem, mas onde a sujeição é transcendida pela subjetivação ética, pela construção de uma “ética do eu” em termos modernos. Falo da construção de formas de resistência as sujeições impostas pelas racionalidades modernas.




A TAGARELICE DO SILÊNCIO



Estamos perdendo  a capacidade de produzir e significar enunciados. Não que nossas gramaticas tenham se degradado. Mas por que os discursos se banalizaram. Se tornaram um objeto definido pelo corpo morto dos livros. É realmente difícil dizer qualquer coisa hoje em dia que não se reduza a banalidade da simples informação.

Significar o mundo já não passa pela capacidade de inventar novos enunciados, de codificar a realidade de um modo singular e único que, por sua irreprodutividade se consagre como obra aberta ou monumento gramatical. Somos cada vez mais prisioneiros da tagarelice do silêncio e não há muito a se falar sobre isso.