quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O INUTIL DAS COISAS

Estou agora


A poucos passos

Do quase depois

De tudo,

Reaprendendo a vida

No inevitável das grandes mudanças.

Carrego-me do nada ao nada

Dos dias

Sofrendo o perder-se

Do próprio tempo...

terça-feira, 14 de agosto de 2012

VIDA

A vida é feita


De simples e pequenas

Alegrias

Que não cabem

Em qualquer aventura

De pensamento.



A vida é mais simples

Do que a existência

Ou a consciência

De qualquer ser humano...

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

PERDER-SE...

Deixei a casa


Onde me abrigava

A vida

Para viver a ermo

Qualquer busca

De real existência.

Mas não escolhi

Meus caminhos.

Soprou-me o vento

Destinos

Que me levaram

Embora o rosto

No capricho de

Uma quimera...

INFIMO E HUMANO

Sei que o vazio que sinto não existe. É simplesmente consciência da infinitude do tempo e espaço que me desfaz pensamentos e vontades no sentimento do ínfimo da minha simples e perene existência.

Nada leva a nada e, justamente por isso, temos a necessidade de buscar, criar, querer e acontecer compulsivamente até o limite da própria vida. Pois a verdade é que não somos nós que acontecemos nas coisas, são as coisas que acontecem através de nós.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

DESCONSTRUINDO A FELICIDADE

Caso a vida fosse medida pelo nível de satisfação que alcançamos ao longo de nossas biografias, certamente teríamos problemas em afirmar a felicidade como algo mais do que uma palavra vazia sobre algum utópico estado psicológico possível aos seres humanos.

Afinal, nunca vivemos a vida que idealizamos e, muito menos, nos sentimos realizados pelos nossos contextos vividos. Nada nunca é perfeito.

O desencontro entre vida e realidade é uma elementar premissa da condição humana. Mesmo se, por um golpe insólito da Fortuna, conquistássemos tudo aquilo que neste momento almejamos, não alcançaríamos a felicidade, mas alguma modalidade de tédio ou falta de novo tipo que nos levaria a passar a desejar o até então indesejável.

Talvez por saber disso eu já tenha desistido a muito tempo de buscar qualquer coisa na vida, de guardar sonhos e objetivos no peito ou, simplesmente, achar que algum dia qualquer fato, que não seja o repentino da morte, mudará meu destino.

Vivo apenas as coisas, nada mais do que as coisas. E isso já me perturba mais que o suficiente....

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

METAMORFOSES

Estive por estes


Dias

Tão distante

De mim mesmo

Que o espelho

Me exibe agora

um estranho

Ao qual

Absolutamente

Nada mais tenho

A dizer...

terça-feira, 7 de agosto de 2012

TÉDIO

O eu e o outro


Do intensamente

Vivido

De cada

Perdido momento

Quase não me importa

Agora.

Como não me importa

O abstrato silêncio

No qual a noite

Se escreve

Lá fora...

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

VAZIO...

Há horas



Em que me falta


A realidade,


Em que me perco


No incerto


Dos meus hiatos


E vazios,


Duvidando


Da própria vida


E do mundo.






É quando


Uma melancolia qualquer


Me veste de frio


E nenhum pensamento


Ou crença


Da conta do oco


Da existência...






segunda-feira, 30 de julho de 2012

COMPARTILHADO ANONIMATO


As pessoas passam
Pela rua
Em acordada indiferença.
Nenhuma delas
Cabe em  seu próprio rosto
No incomunicável
Da simples experiência
De meramente viver.
Mas o tempo
Passa através delas
No comum a todos
Enquanto me busco
Em destinos
Nos ritmos do meu relógio...

domingo, 29 de julho de 2012

NOTA SOBRE INCERTEZA E BIOGRAFIA


Estamos sempre nos esforçando para corrigir nossas próprias vidas, superar nossos defeitos  e atingir pragmáticas metas de sucesso pessoal que nos garantam uma confortável sobrevivência em um mundo de incertezas.

Mas isso pouco importa. Pois  a vida escapa sempre ao nosso controle no aleatório fluxo de acontecimentos que cotidianamente nos consomem.

Nunca seguimos serenamente nossos caminhos eleitos de existência. Sempre há um desvio do destino nos esperando à cada curva de tempo nos sorrindo  o inesperado...