terça-feira, 29 de setembro de 2009

SOBRE A INSUFICIÊCIA DO TEMPO PRESENTE...

O presente, como substantivo ou adjetivo, não possui signifado real, na medida em que não oferece uma satisfatória diferenciação do que entendemos como passado e como futuro.


Ele é, em nosso cotidiano, uma ideia fugidia e vaga fundada na experiência de existir apenas em um corpo no tempo e espaço… ou na perpetuação da experiência ciclica de acontecer em cada dia como quase não lugar do mundo socialmente apreendido…


Tal premissa não é suficiente para nos permitir conclusões satisfatórias ou “verdadeiras” sobre aquilo que nos ocorre como existência em condição humana …
Apenas nos serve de esterco para a gratuita semente da duvida...





NOSTALGIA

O melhor de mim
Perdeu-se em passados,
Foi corroido pelo tempo
Em meio a duvidas
E ceticismos…


O que, afinal,
É o aprendizado da existência
Além do progressivo domínio
Do cândido vazio
Que nos ensinam os ventos?


Tudo que há
É o passar dos dias e noites
Entre a imaginação de estrelas…

domingo, 27 de setembro de 2009

SOBRE A ESSÊNCIA DO MUNDO COMO LINGUAGEM...

Uma vertiginosa variedade de alternativas… Eis aqui a mais adequada definição do acontecer da vida na suceder-se interminável dos fatos vividos. … Interesse, desejo, mudança, segurança… emoção!... Incerteza…

O desencanto é o remédio para todas estas tolices que nos pertubam no acontecer humano. O pensar enxuto e objetivo, sem surpresas ou expectativas. Isso é tudo que importa… Somente quando nos distanciamos de tudo podemos tocar e saber a existência, suportar o mundo vivido e imediato como um jogo gramatical socialmente construido…

THE PEACE FESTIVAL: 40 anos depois...



Em 13 de setembro de 1969 ocorreu em Toronto (Canada) o PEACE FESTIVAL, obviamente uma referência a guerra do Vietnã. Participaram do show ícones do rock and roll como Chuck Berry, Jerry Lee Lewis e Litle Richard, além de John e Yoko Ono, acompanhado de figuras como Erich Clapton. Os Beatles, então, ainda não haviam oficialmente terminado, o que aconteceria um pouco depois. Este evento pode ser considerado, portanto, a primeira performance pós Beatles de Lennon . Cabe observar que este involuntário marco da histório do rock mostra muito significativamente a vitalidade e atualiudade do velho rock dos anos 50, apesar das reformatações sofridas nos anos 60….

sábado, 26 de setembro de 2009

THE BEATLES AND REAL LOVE…



Neste  ano completam-se 40 anos que os Beatles acabaram… O fato foi lembrado através da reedição de sua obra no mágico dia 09/09/09 e de um videogame, mas também  pela matéria de capa da lendária revista Rolling Stonnes consagrada em sua edição de setembro a um ótimo e minuncioso ensaio de Mikal Gimore sobre os conturbados bastidores do fim daquela que foi a mais importante banda de rock de todos os tempos.
O crepúsculo da saga dos Beatles, para o autor segue as vicissitudes de uma história de amor. Imagem que me parece adequada para traduzir seu legado musical e ontológico. Sobre isso é curioso observar que essa imagem tambem foi explorada através do musical ACROSS THE UNIVERSE dirigido por Julie Taymor.
Ofereço ao leitor as próprias palavras do autor para experiência e julgamento:

“… TUDO ISSO LEMBRA UMA HISTÓRIA DE AMOR? O amor perde todo o seu valor quando tudo termina? Talvez sim, embora finais não apaguem a história; em vez disso, a concluem. A história dos Beatles sempre foi, de certa forma, maior do que os próprios Beatles, tanto a banda quanto os indivíduos que a formaram: foi a história de uma época, de uma geração que buscava novas possibilidades. Foi a história do que acontece quando você encontra essas posibilidades, e o que acontece quando suas melhores esperanças vão por agua abaixo. Sim, foi uma história de amor- e o amorquase nunca é uma benção simples. Porque, por mais que os Beatles possam ter amado o que faziam juntos, o mundo em volta os amava ainda mais. Foi esse amor que, mais do que qualquer outra coisa, exaltou os Beatles e os acorrentou juntos por tanto tempo. Algo que, por fim, nenhum deles conseguiu suportar. Jonh Lennon, em particular, sentia que precisava acabar com o romance, enquanto Paul McCartney em especial odiava a idéia de vê-lo despedaçado. E, uma vez que estava feito, estava feito. Tudo que eles criaram-cada uma das maravilhas-ainda reverbera, mas os corações responsáveis por tudo aquilo também foram responsáveis pelo seu fim, e nunca se recuperaram totalmente da experiência. “Foi a tanto tempo”, George Harrisson declarou anos mais tarde. “Às vezes, me pergunto se eu estava mesmo lá ou se foi tudo um sonho. Um sonho que nos elevou, que partiu nossos corações, que ainda perdura e que provavelmente jamais será igualado.””






DEVOULING TIME



Até a pouco
Gratuitamente experimentava
O superficial do agora
De todos os dias iguais…
Mas avançou repentinamente
Sobre mim
Algum outro instante
De vivido e vívido momento,
Um vazio estranho
De absurdo de tempo e espaço.

Deslocado das coisas,
Surpreendi-me despedaçado,
Em metafísico silence,
Rasgando meu próprio rosto
Na paisagem magical
De um simples espelho…



sexta-feira, 25 de setembro de 2009

DE PROFUNDIS by OSCAR WILDE



Publicado originalmente em 1905 pelo amigo Robert Ross, o longo relato epistolar, De Profundis, de Oscar Wilde, um de seus vários textos escritos durante o cárcere, é uma resposta do autor a sociedade conservadora inglesa de sua época, que lhe condenou a dois fatais anos de prisão por atentado a moral vigente devido a sua homossexualidade.

Cada uma de suas partes corresponde às cartas que Wilde escrevia para seu jovem ex-amante, Lord Alfred Douglas, pivô do processo que lhe condenou.
Trata-se de um texto realmente singular na história da literatura inglesa devido a sua melancólica intensidade e simultânea aposta do autor na recuperação póstuma de seu perdido prestigio literário.
Mas trata-se acima de tudo de uma intensa reflexão sobre a condição humana, seus autos e baixos, bem como sobre a natureza da arte...
Segue um interessante fragmento da comentada obra:

“O artista esta sempre buscando um modo de vida, no qual a alma e o corpo sejam uma coisa só, indivisível, em que o exterior seja a expressão do interior e a forma revele tudo. Tais modos existem, e não são poucos, Num determinado momento, a juventude e as artes que se preocupam com a juventude podem nos servir como modelo. Em outros, podemos talvez preferir a idéia de que na sua sutileza e na sensibilidade de suas impressões, na sua sugestão de um espírito que habita as coisas externas e faz de suas vestes de terra e de ar, de bruma e cidade, indistintamente, a moderna arte do paganismo, na mórbida afinidade do seu clima, dos seus tons e cores, realiza para nós, pictoricamente, aquilo que os gregos realizavam com tanta perfeição plástica. A música, na qual o tema é absorvido pela forma de expressão e não pode ser separado dela, é um exemplo complexo- e uma flor ou uma criança são um exemplo simples- do que estou tentando dizer, mas o sofrimento é o exemplo fundamental, tanto na arte quanto na vida.
Por trás das alegrias e do riso pode esconder-se um temperamento grosseiro, áspero e insensível. Mas por trás do sofrimento há sempre mais sofrimento. Diferente do prazer, a dor não usa mascara. A verdade na arte não é a correspondência entre a idéia essencial e a existência acidental, não é a semelhança entre a forma e a imagem, ou entre a forma refletida no espelho e a própria forma em si; não é o grito que ecoa no vale entre as montanhas, nem o poço de águas prateadas que refletem a imagem da lua para a lua, ou a imagem de Narciso para Narciso. A verdade na arte é a união da coisa com ela mesma, o exterior tornando-se expressão do interior, a alma revestida de forma humana, o corpo e seus instintos unidos ao espírito. Por essa razão, não há verdade que se compare ao sofrimento. Há momentos em que esta me parece ser a única verdade. Outras coisas podem ser ilusões dos olhos ou do apetite, feitas para cegar um e saciar o outro, mas é o sofrimento que tem construído os mundos, há sempre dor no nascimento de uma criança ou de uma estrela.”

( Oscar Wilde. De Profundis e outros escritos do cárcere/tradução de Julia Tetamanzy e Maria Ângela Saldanha Vieira de Aguiar. Porto Alegre: L&PM Editores, 2002, p. 101-102 )

CONDIÇÃO HUMANA

Viver é como correr

Por desertos
A espera de notícias
De terras distantes.

Não importa
O que aconteça,
Estamos sempre vazios,
Sedentos de experiência
E existência…

Send more love…
Now…

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

UNIVERSE




Somos todos
Poeiras de estrelas,
Restos animados
Da história
De um mágico universo
Onde existimos anônimos
E atônicos.

A mais profunda natureza
Contradiz
As certezas humanas...

Existir é um conceito
Relativo e provisório
Que escapa a razão
Que desenha a palavra.



quarta-feira, 23 de setembro de 2009

SOBRE O MOVIMENTO PUNK ( ORIGENS E SIGNIFICADO)



Originalmente o punk surge por volta de 1975, nos Estados Unidos, através do punk rock da banda The Ramones , cuja proposta era a de uma revitalização da cultura rock and roll (músicas curtas, simples e dançantes) e do estilo rocker/greaser (jaquetas de couro estilo motociclista, camiseta branca, calça jeans, tênis e o culto a juventude, diversão e rebeldia). Contraposto as então grandes bandas e icones do rock, o estilo “faça você mesmo” de musicas simples de três acordes, que qualquer um poderia fazer, começou a se difundir rapidamente. No ano seguinte a boa nova chegou a Inglaterra, onde o descomprometido punk rock ganhou novas formatações e conteudos originando assim o chamado movimento e cultura Punk.



Dois marcos fundadores deste movimento merecem ser citados: o Fanzine Sniffin’Glue ( Cheirando cola) e a radicalmente anarquica e niilista banda Sex Pistols, tutelada por Malcom McLaren, um afccionado pelo dadaismo e a cultura de vanguarda. Nenhuma outra banda de rock até hoje vociferou tão radicalmente contra a cultura estabelecida, ideologias politicas, valores morais e religiosos como os Pistols. Ainda hoje simbolo máxio do niilismo punk, apesar da curta carreira, eles se tornaram um dos maiores icones de rebeldia e cultura juvenil dos últimos tempos. A partir de 1977, a cultura punk começou a se tormar as ruas e se ramigicou em diversos sub generos consolidando-se tambem como uma estética que influenciava modas e comportamentos. É facil compreender o impacto do punk rock na Inglaterra dos anos 70, marcada pelo Thatchismo mas a força do seu impácto na cultura popular é bastante complexa.


Sabe-se hoje o quanto o mundo do rock foi profundamente abalado e transformado pelos punks. O New Have e o Heavy Metal dos anos 80 foram apenas as primeiras ondas pós punks aos quais, ironicamente, muito deve a musica pop dos últimos anos.


Ao buscar desconstruir o mito do rock que se difundia através da industria do enterterimento e representava certa diluição de sua cultura social, o punk não fez mais do que dessacraliza-lo e lembrar o quanto o rock é muito mais do que um estilo musical, mas uma cultura.