domingo, 14 de julho de 2019

ESPECULAÇÃO SOBRE O CORPO E O MUNDO

Qualquer experiência do corpo pressupõe  uma identidade sem sujeito com o ambiente. É  assim que uma imagem mundo se torna experiência , apresentação e presença ou, simplesmente, participação, encontro de um dentro e de um fora que nunca se consuma inteiramente. 

Existir é  ser preenchido pelo que nos falta e ultrapassa. Viver é  indeterminação, ausência de ser através  das coisas. O corpo sempre carrega a intuição  do caos  em seu apetite de mundo. O corpo é  um estado de falta extra uterina onde não  há fronteira clara entre o orgânico e o inorgânico,  entre o vivo e o morto.

sexta-feira, 5 de julho de 2019

MARCAS EPIDERMICAS



Guardo na pele cicatrizes antigas.
Experiências impressas,
porém invisíveis,
na alma da pele dos sentimentos.

Guardo a memoria de silenciosas vitórias,
Derrotas, angustias e desafios,
Jamais findados ou concluídos.

Levo em mim o vazio
De ser mudança,
De acontecer mundano,
Provisoriamente inscrito
No limbo do espaço tempo.

quarta-feira, 3 de julho de 2019

A VELHICE DA NOVIDADE


Nascemos para mudar,
Para criar e transformar.
Ou, pelo menos,
Somos educados para isso.

Vislumbramos sempre o novo.
Mas hoje  tudo nasce antigo,
Previsível.

Somos um tipo obsoleto
De reformadores do mundo.
Ainda almejamos o progresso e o futuro
Quando o próprio tempo
Já não diz o infinito do outro
Que escreve o dia seguinte.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

ENTRE O PENSADO E O IMPOSSÍVEL


Entre o pensado e o possível,
Invento o infinito,
Abraço o inesperado.

Sei que nada é dado,
Tudo é devir...

O vento visita a hora
Enquanto me fala o espaço
E meu corpo acontece
como coisa entre coisas.

Estou sempre em movimento
No meio da paisagem.
Estou sempre reinventando
O possível e o pensado.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

O ESTRANGEIRO COMO SOMBRA

A consciência é a sombra de um estrangeiro na concretude do vivente em sua corporeidade. Existir, afinal, é ser um corpo. Este é o nosso acontecimento, nossa presença em um mundo de planos e diversidades.

Cada existência é uma micro geografia que extrapola a linguagem, que recusa o estrangeiro que na ignorância do corpo captura a consciência. 

Mas tudo é corpo no dentro e no fora de nós mesmos. Mesmo quando o corpo é prisioneiro deste estrangeiro antropológico que se insinua na consciência.

sexta-feira, 21 de junho de 2019

A HISTÓRIA PELO AVESSO


Fatos e documentos não ensinam o tempo,
Apenas alimentam ilusões historiográficas.
Já o devir não é humano,
Não é teleologia.
É a imprecisão do múltiplo,
Da natureza e das pulsões.
A história não está nos arquivos
Que sacramentam silêncios
Em banal iminência.
Ela está no corpo que definha,
na paisagem que passa,
Inventando vestígios
E alimentando imaginações.
A história é a impertinência do intempestivo.
É o que dura
E o que através de nós persiste.
É tudo aquilo que não é humano
Mas através do homem existe
No virtual da memória e do porvir.