segunda-feira, 2 de maio de 2016

TEMPO DE POESIA

Atualmente me preocupo apenas
Com o tempo, o espaço,  o sentir do corpo
E com os infinitos das imaginações.
Sou feito da intimidade das aventuras
Do meu pensar nômade  e incerto
Que busca a vida em todas as possíveis  e aleatórias
Direções  da existência.
Pouco me importa o certo, o errado
E a certeza de pensamento.
Me surpreendo um feliz náufrago  de mim mesmo
Nas invenções  das minhas precárias subjetividades.
Serei tudo aquilo que me for possível ser,
Apesar de todos os limites do dia a dia.
Fora isso, existo no tempo incerto da poesia.

IMAGENS, SÍMBOLOS E HIPER INFORMAÇÃO

A partir de uma leitura simbólica analógica do imaginário contemporâneo podemos traçar um panorama dos grandes temas arquetípicos hoje constelados na cultura ocidental. Imagens universais como a grande mãe, a criança e o mito do herói, mais claramente do que outras, aparecem em nossas narrativas simbólicas.  Coisa que facilmente podemos constatar através do cinema, na literatura ou, até mesmo da propaganda, só para citar alguns exemplos mais corriqueiros expressos recorrentemente em nossa cultura imagética.  

O que questiono é se em tempos de hiper informação não ocorre uma banalização das formas conscientes e já estabelecidas dos conteúdos arquetípicos através das  imagens consteladas na consciência coletiva.

Assim, haveria uma surpreende conversão de alguns símbolos tradicionais à condição de signos já que seus conteúdos, de tão degradados, teriam perdido sua capacidade de “dizer” com a mínima fidelidade qualquer expressão do inconsciente coletivo.  Na consideração do imaginário contemporâneo vale a pena questionar tal fenômeno.

Evidentemente não me cabe aqui dizer nada de conclusivo a respeito.


O DILEMA DA IMAGINAÇÃO

O mundo anda se tornando um lugar hostil aqueles que apostam nas virtudes da imaginação. Entretanto , a imaginação  é  hoje tudo que nos resta contra a fantasia da realidade. Como dizia Baudrillard, vivemos em tempos de hiper realidade. Todas as meta narrativas estão  mortas. Assim como o passado....

sexta-feira, 29 de abril de 2016

FILOSOFIA E IMAGINÁRIO

A filosofia sempre foi o jogo do não  sentido e não  uma busca da verdade. Apesar de Platão , Aristóteles e toda escolástica. 

A razão  nunca ultrapassou o mito, o devir e a falta de significado do sensível. Ela sempre se ocupou do imaginário como fundamento do humano. 

Somos nossos enunciados. E eles possuem uma vida própria que nos transcende.

ALÉM DA VERDADE

"A verdade não  representa mais uma solução. Mas talvez possamos almejar uma resolução poética do mundo, do tipo prometido pela História ou pela linguagem."
Jean Baudrillard in A Ilusão  Virtual


O desaparecimento da verdade é  a consequência natural da morte de deus e do colapso de toda razão  em seus fundamentos metafísicos. A consciência é  a medida de tudo que é  humano.

Mas tudo que é  humano  existe como inconsciente. Levar as últimas consequências nossa singular capacidade de imaginar o mundo ainda é  uma tarefa futura.

IDENTIDADE E ENUNCIADO

A realidade é construída através de nossa capacidade de representação e codificação linguística da existência. A performática linguística estabelece o dizer como um fazer constante da consciência. O que me permite associar o habitar de um discurso a construção da identidade do sujeito. Daquilo que digo deduzo quem eu sou. È assim que o discurso se torna significante através daquele que o enuncia, que encadeia enunciados e é ultrapassado por sua própria narrativa. Somos de certa forma pensados pelo que pensamos. Esta autonomia dos discursos me parece ser o pressuposto do acontecer humano.  



quarta-feira, 27 de abril de 2016

INDIVIDUO E SOCIEDADE

A objetivação de nossa subjetividade norteia a relação da sociedade com o individuo na contemporaneidade. A racionalização do comportamento singular através dos imperativos de conduta coletivamente estabelecidos, ainda desempenha algum papel sobre o destino de cada um de nós. Somos induzidos a consumir determinados símbolos, objetos e , até mesmo, necessidades artificialmente estabelecidas. Inscritos no imaginário social como objetos de ideias comuns somos induzidos a mesmice, a ausência de reflexão e criatividade.

Mas se a sociedade é um poder soberano, isso não impede que cada indivíduo, em alguma medida, se reinvente como desvio do mimetismo mecânico do dia a dia. Mas, é importante observar que  a afirmação da própria individualidade é também afirmação de um desinteresse pela individualidade do outro. Peculiaridade que estabelece o exercício da individualidade, muito frequentemente, como uma experiência de marginalidade ou, simplesmente, isolamento. A afirmação do individuo, afinal, tem por essência sua diferenciação dos demais indivíduos.  Logo, é uma constante luta contra a igualdade.


A mais eficiente estratégia de construção da subjetividade é justamente a experiência estética  ou artística. Através dela transbordamos o mundo e nossa própria persona através da experiência simbólica  do real. Subjetividade e evasão andam juntas no esforço individual de invenção de si mesmo. Assim, a grande questão não é de forma alguma o conhecimento de si mesmo, mas o exercício constante de desconstrução de nossas ilusões coletivas.

ENTRE O SIGNO E O SENTIDO

Há um grande desespero em meus escritos,
Uma necessidade profunda de escrever
A própria existência
Como se na palavra coubesse
Qualquer coisa mais profunda
Do que o  signo.
As ideias possuem vida própria
Enquanto imagens
Que transbordam o pensamento
E inventam o mundo.
Talvez meu dizer não caiba
Na letra morta  presa a folha

E eu nunca transcenda o desespero.

terça-feira, 26 de abril de 2016

SOBRE A SUBJETIVIDADE

O mundo não  começa  quando nascemos. Ele nos antecede e supera. Ele  independe do indivíduo isolado e se apresenta para ele como contingência e como  um conjunto de fenômenos  autônomos. Assim, o mundo é  para cada indivíduo como  um enigma. Exige respostas, interpretações, que só  se tornam possíveis  na exata medida em que nos tornamos parte dele, em que nos confundimos com o problema.

A qualidade de nossa consciência do mundo, nossa capacidade de codifica-lo de modo complexo, é  o que faz diferença  em nossas vidas isoladas. A maioria das pessoas apenas reproduz as convenções  sociais sem produzir uma crítica do existente do ponto de vista de si mesmo. Mas é  justamente esta possibilidade que faz cada um de nós  únicos.

sábado, 23 de abril de 2016

NOTA AUTOBIOGRAFICA DE UM ESCREVINHADOR

Desde  muito jovem cultivo o hábito de escrever . Sempre foi uma necessidade para mim e  a ideia de me definir como um escritor me agrada a muito tempo . Mas acho que sou apenas alguém  que aprendeu a habitar mais nas palavras do que no mundo cotidianamente vivido. Escrever  é para mim uma forma de evasão;  mais do que um referencial de identidade; uma  compulsão  antes de um ofício  ou expressão  artística. Por isso a palavra é  um exercício cotidiano, algo tão  necessário quanto respirar. Assim, leitores são  secundários ou um apêndice. Eu escrevo , sequencialmente,  porque não  tenho escolha.