domingo, 13 de setembro de 2009

THE BACK TO THE FUTURE

Sou compelido a voltar,

Retornar as origens
Em buscas de significações
Perdidas
Que de algum modo
Conduzam meu eu
Á profundeza
De algum distante futuro...
Sou compelido a buscar
Entre meus tantos passados
Um traço de perspectiva
E destino
Em labirinto
Que me guarde ou aguarde
Além de mim mesmo
Em escuro canto e encanto
De mera existência...

sábado, 12 de setembro de 2009

ENCONTRO


Toda pessoa humana

Define-se
Por sua exterioridade,
Pelo não lugar de sua essência
Na permanente desconstrução
Da existência
Em sensações coletivas.

As ilusões do outro
Nos vestem de profundidade
Enquanto extrapolamos
Os limites do rosto
Nas auto representações
De nós mesmos
Vomitadas em um beijo...



segunda-feira, 7 de setembro de 2009

BEATLES E POS MODERNIDADE: O EFEITO NOWHERE MAN

A crise de representação que configura a cultura contemporânea afeta especialmente o pensamento critico, esta tendência filosófica que busca a partir do modelo das ciências naturais a construção de conceitos e definições cada vez mais “precisas”, um esforço reflexivo em permanente auto superação analítica de si mesmo inspirada no mito de um “saber absoluto” a ser alcançado.
Tal metafísico objetivo, que conduziu muitos filósofos e pensadores a balburdia e confusão de indagações, definições e explicações infinitas sobre “O que é o mundo, as coisas e o pensamento”, definitivamente exauriu-se...
Já não há nenhum objeto que seja legível ao conhecimento... apenas a performance lingüística como estratégia de livre representação de um real que absolutamente nos escapa e sobre o qual não temos nada a dizer.
No tempo presente pensar identifica-se com a desconstrução do próprio pensamento... ou com a arte ou o jogo de codificar a própria imaginação...
Um dos ensaios mais interessantes da coletânea The Beatles and Philosophy BY Michael Baur and Steven Baur, é o de James Crooks “ PEGUE UMA CANÇÃO TRISTE E FAÇA-A MELHORAR: OS BEATLES E O PENSAMENTO PÓS MODERNO. Uma determinada passagem deste ensaio me é particularmente cara por definir com precisão o significado da contra cultura que os Beatles representaram e ainda representam através de uma leitura pós moderna através do “efeito Nowhere Man”, diga-se de passagem uma de minhas canções prediletas dos Beatles:
“ As palavras “deixe-me de fora!” exprimem alienação -um tema central para os Beatles do começo do fim. As vozes narrativas de “Misery”, I call Your Name”, “You Can’t Do That, “I’m a Loser”, “I’m a Loser”, “I’m Down”, “Run for Your Life”, e “I’m Looking Throught You” pertencem a amantes alienados. As mulheres retratadas em “Eleanor Rigby”, “Lady Madonna” e “She’s Leaving Home” são amigas e parentes alienadas. As pessoas Em Paperback Writer, “A Day in the Life”, “Taxman” e “Piggies” são consumidores ou trabalhadores alienados. Cantar esse tema não é, em si, algo particularmente notável. Os grupos de rhythm’n’blues que deram origem ao rock e suas conseqüências já eram, de forma coletiva,uma cultura de reclamação nutrida e sustentada por um elenco de personagens que foram deixados de fora, ou se excluíram, de relacionamentos, famílias e da corrente principal da sociedade. A quantidade de variações é impressionante. A antologia “ deixe-me de fora” dos Beatles parece incluir todos os modos de alienação- incluindo aquele audível com clareza nas obras de Heidegger ( 1889-1976), Foucault ( 1926-1984) e várias gerações de seguidores dedicados à critica minuciosa do pensamento moderno e suas instituições. Ela é reproduzida de maneira simples e elegante na letra de “Nowhere Man”.
Segundo a explicação de Jonh, essa canção nasceu de sua frustração com seu próprio bloqueio criativo ( “Não me vinha nenhuma inspiração. Eu fiquei aborrecido e fui me deitar; tinha desistido., Então, pensei em mim mesmo como o “homem de lugar nenhum” [“nowhere man”]- sentado em sua “terra de ninguém” [“nowhere land”] ). Uma breve reflexão sobre o dilema que apresentei a pouco, no entanto, revela uma referência mais ampla. Se o pensamento moderno e todas suas instituições já são, em essência, revolucionários, se o mundo moderno é definido por uma série de crises e reformas, então, um critico minucioso- que seja absolutamente sério no que diz respeito à dissensão- não tem onde se colocar. Parta Heidegger, Foucault e espíritos semelhantes, o problema com a modernidade é que, como os borgs da série Jornada nas Estrelas: A Nova Geração, ela assimila toda oposição-ou, em termos mais técnicos- “totaliza” seus próprios valores e métodos. Sérios pensadores pós modernos, precisamente para ser sérios, devem reportar-se ao estado do mundo como se tivessem um status de refugiados em algum outro lugar-asilo, em um tipo de “nowhere land” filosófico.”

( James Crooks. Peguem uma canção triste e faça-a melhorar: Os Beatles e o pensamento pós moderno, in Os Beatles e a Filosofia: Nada que você pensa que não pode ser pensado/tradução de marcos Malvezzi. SP: Madras,2007 p.182-3 )

domingo, 6 de setembro de 2009

PÓS MODERNIDADE E PENSAMENTO CRÍTICO

A crise de representação que configura a cultura contemporânea afeta especialmente o pensamento critico, esta tendência filosófica que busca a partir do modelo das ciências naturais a construção de conceitos e definições cada vez mais “precisas”, um esforço reflexivo em permanente auto superação analítica de si mesmo inspirada no mito de um “saber absoluto” a ser alcançado.



Tal metafísico objetivo, que conduziu muitos filósofos e pensadores a balburdia e confusão de indagações, definições e explicações infinitas sobre “O que é o mundo, as coisas e o pensamento”, definitivamente exauriu-se...


Já não há nenhum objeto que seja legível ao conhecimento... apenas a performance lingüística como estratégia de livre representação de um real que absolutamente nos escapa e sobre o qual não temos nada a dizer.


No tempo presente pensar identifica-se com a desconstrução do próprio pensamento... ou com a arte ou o jogo de codificar a própria imaginação...



THE TIME IS NOW

A vida surge e ressurge,



Continuamente,


Através de rotinas


Que dizem apenas


O passar do tempo,


O permanecer vazio


Entre as coisas


A espera do momento


Incerto


De abrir a porta


De algum novo existir


De mim mesmo


Desvelando paisagens


De primaveras...


The time is now...



quarta-feira, 2 de setembro de 2009

NOSTALGIA DE META INFÂNCIA


Sinto falta do viés irracional



De meus dias de infâncias


Desarrumados em lúdico


E fantasias


De não compreensão plena do mundo,


Coisas imediatas e pessoas.






Sinto falta da ignorância


Roubada pelo pensamento,


Do intenso vento


Que me criava outro


Em cada jogo de fantasia...






Persigo


Meus tempos distantes e vivos


Em meta alma,


Aqueles fantasmas de mim mesmo


Que assombram a forma humana


Em indefinida maturidade


Que me surpreende no espelho...


Busco sua pedagogia e absurdo...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

ESPECULAÇÕES EM TORNO DE UMA MANHÃ DE SOL


A gratuita sensação de dia novo, propiciada por uma manhã intensamente ensolarada, normalmente nos inspira idéias de renovação, continuidade ou plenitude de vida. Independente de que qualquer fato particular ocorrido no imediato do cotidiano corrobore ou não tais idéias ou imagens. Apenas acreditamos, envolvidos pelo sabor da paisagem banhada de sol, que a realidade, em alguma medida, é plástica e sujeita aos caprichos de nossas vontades, que nossa existência pulsa entre transformações e afirmações de si mesma através de gestos e emoções.
O que é interessante nesta experiência de acordar para uma manhã deliciosa de sol é que, objetivamente, ela não contém em si mesma a beleza, bem estar ou significados que lhe projetamos. Ela se quer existe fora de nossos sentidos ou leituras de nosso corpo. Em tais circunstancias matinais apenas nos tornamos suscetíveis a arcaica experiência espontânea do mito como linguagem humana. Afinal, trata-se aqui de uma variação difusa e sem foco ( secularizada) do mito solar cujos símbolos e imagens não tiveram outra origem, mesmo que sob configurações culturais diversas, do que a vivencia diária do sol. É curioso que mesmo hoje em dia, ainda tendamos a confundir ou tomar nossas fantasias espontâneas como idênticas a meta-realidade daquilo que chamamos de verdade. Talvez porque pouco paramos para pensar em oque de fato entendemos como verdade e até que ponto ela se sustenta frente a uma reflexão mais profunda sobre as armadilhas das palavras e pensamentos na constituição da condição humana...

CATARSE

Às vezes
É preciso explorar
O próprio avesso
Para suspreender-se
Vivendo o rosto
Que se diz no espelho,
Deixar-se abandonado
E ao léu,
Mendigo de auto enganos
Ou da vontade de ser
Intensamente dentro do mundo
Até o infinito da finitude
Do muito que em si
Já se perdeu...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

PARANOID ANDROID BY RADIOHEAD...

Paranoid Android by Radiohead é uma das mais belas e poéticas canções dos anos 90 do séc XX e seu vídeo clip uma autêntica obra de arte e artesanatos de linguagens que nos lançam ao deslocamento mais intenso e profundo que a linguagem musical pode nos proporcionar em seu dizer do indizível em meta linguagem...

PARANOID...

if... in my head... now...

A chuva cai sobre mim

me desligando de todas

as vozes

que me dizem o mundo

em introspecção e segredo...

"Posso ser paranoico,

mais não um androide..."

Fique longe de mim...

não me diga a comum realidade

de caos e multidões.

Tudo que existe

é um modo dissimulado

de aprendizado de solidões...

PARANOID ANDROID

Please could you stop the noise,

I'm trying to get some rest

From all the unborn chicken voices in my head

What's that...? (I may be paranoid, but not an android)

What's that...? (I may be paranoid, but not an android)

When I am king, you will be first against the wall

With your opinion which is of no consequence at all

What's that...? (I may be paranoid, but no android)

What's that...? (I may be paranoid, but no android)

Ambition makes you look pretty ugly

Kicking and squealing gucci little piggy

You don't remember

You don't remember

Why don't you remember my name?

Off with his head, man

Off with his head, man

Why don't you remember my name?

I guess he does....

Rain down, rain down

Come on rain down on me

From a great height

From a great height... height...

Rain down, rain down

Come on rain down on me

From a great height

From a great height... height...

Rain down, rain down

Come on rain down on me

That's it, sir

You're leaving

The crackle of pigskin

The dust and the screaming

The yuppies networking

The panic, the vomit

The panic, the vomit

God loves his children,

God loves his children, yeah!

CRÔNICA RELÂMPAGO XVX

Quando temos a consciência e a expectativa de um iminente acontecimento, na exata medida em que o constatamos configurado e prefigurado em imediato de fatos, quase acreditamos que o pensamento antecipa a realidade. Mas tudo o que vivemos em tal circunstância não passa da figuração intuitiva de uma determinada possibilidade de desdobramentos factuais ou causalidades, uma ingênua representação da realidade que, no vazio de um único segundo nos surpreende, ultrapassa e supera.
Como em tudo que diz respeito a vida, também aqui, o essencial nos escapa... justamente porque não existe.