quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

RESPONSABILIDADE COMO FORMA DE LIBERDADE

Um dos grandes desafios que qualquer época coloca a um indivíduo é a responsabilidade por si mesmo. Por tal expressão entendo a necessidade de um constante exame de consciência que nos afaste, tanto do senso comum, quanto de qualquer adesão a conjuntos alternativos de valores e definições de vida.

Superar o comportamento mimético, fugir a multidão sem rosto, é assumir o risco de colocar-se a margem das convenções, mas também de suas contestações mais corriqueiras, expurgando de nossos discursos.

Reconhecer as contradições da realidade não nos conduz automaticamente a defesa de qualquer “deveria –ser”. Nos faz questionar como as coisas são, através justamente do que somos. Em outros termos, não se pode questionar o mundo sem questionar a si mesmo. Apenas entendendo a personagem que somos no teatro do mundo é que podemos sair do espetáculo com responsabilidade, recusar a ilusão dos significados.

Ser responsável por si mesmo é para a maioria assumir uma responsabilidade de consciência que resulte na dignidade de  responder pelos próprios atos. É basicamente um gatilho moral e conservador que faz pesar sobre o individuo a “espada da justiça”, a vontade de todos de forma coercitiva.

Mas aquilo que entendo por responsabilidade sobre si mesmo é algo bem diverso. Em lugar de um condicionamento do “eu” a lei ferrenha do “nós”, fazer de si mesmo objeto de responsabilidade é, simplesmente, ser para si mesmo.  E ser para si mesmo é  descobrir, em todos os contextos vividos,  um ponto de encontro entre os nossos tantos impulsos e vontades mediante uma espécie de equilíbrio hedonista. A responsabilidade deve ser uma forma de liberdade. Trata-se de fugir do mundo sendo intensamente através das coisas.






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