terça-feira, 4 de agosto de 2009

AUTO ESQUECIMENTO


Mal sei o rosto
Que compreendo no espelho
Como a face que me define
E me faz perdido
No olhar dos outros.

Estou longe de mim mesmo
A buscar propósitos
E futuros que me devoram
E realizam,
Estou a alguns segundos
De me esquecer
Nas necessárias fantasias
De viver a vida
Em indiferente cotidiano...

HAPPY DAY


Em alguma parte da vida,
No azul de algum dia,
Sei que me aguardam
EXISTÊNCIAS
Com o sabor de jardins,
Alguma alegria a toa
De tempo e mundo
Que me conduzirá
A simplicidade
De estar vivo nos labirintos
Do aqui e agora
Sem peso de significados vagos
De permanências e tempo...

domingo, 2 de agosto de 2009

O DEUS ESCORPIÃO by WILLIAM GOLDING


O Deus Escorpião (1971) reúne três novelas do consagrado escritor britânico William Golding, também autor do clássico O Senhor das Moscas, uma dos mais prestigiados romances da literatura inglesa. Trata-se das seguintes novelas: O Deus escorpião, que dá nome a coletânea, Clonk, Clonk e O Emisário Extraordinário, este ultimo escrito em 1956. As três narrativas, ambientadas na Roma e no Egito antigo, pelo seu abstrato caráter fantástico, podem despertar certa perplexidade no leitor mais desavisado e não habituado com as experiências de vanguarda do modernismo. Afinal, trata-se aqui de esboços literários formatados por uma desvairada e insólita aventura imaginativa e imagética que rompe com a narrativa convencional. Sua leitura é quase ilegível exige do leitor certo esforço cognitivo para preencher seus vazios e nuanças.
Podemos considerar esta obra uma tripartida variação sobre um mesmo tema: o imaginário do poder e sua elementar e absurda codificação da vida coletiva, ambientadas em uma antiguidade imaginária onde despontam Estados dinásticos e estratificados... Cabe observar que o Egito antigo fascinava o autor que demonstra aqui o quanto merece o titulo de “antropólogo da imaginação”.
Pela ousadia formal e estética destas narrativas, profundamente satíricas em sua critica alegórica a modernidade, tendo a classificá-las, não sem polemicas, como Pós modernas.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

A PÓS MODERNIDADE DA RELAÇÕES AFETIVAS: UM ESBOÇO


Desbotado e roto o amor romântico deixou de expressar ou codificar satisfatoriamente nossos mais generosos sentimentos de privada alteridade. Emoções e sentimentos, o irracional da vida, no tempo presente, já não são mais domesticadas por códigos de representações e sensibilidades inspiradas em estereótipos coletivos.
Já não seguimos em nossos relacionamentos padrões coletivamente cultivados sobre aquilo que devemos buscar ou realizar em um relacionamento. Neste campo da vida, aprendemos a ser pragmáticos, a investir mais no cotidiano conflituoso das trocas afetivas possíveis entre o “eu” e o “outro”, do que nas fantasiosas expectativas definidas por carências emocionais e idealizações de relacionamentos perfeitos.
Em linhas gerais, a grande novidade do tempo presente é que aprendemos que emoções e sentimentos são grandezas psíquicas que vivem mais em função de sua própria dinâmica interna do que da auto realização de seus portadores.
No plano dos jogos emocionais e de intimidade o amor secularizou-se no deslocamento das subjetividades... Eros se reinventa em nossos dias...

PERSPECTIVAS

Passo à tarde
Rascunhando o futuro
No latente desejo
De escrever meu tempo
Em coloridas páginas
De vida.

Fosse hoje outro dia,
Talvez me perdesse
Do rosto
No desconhecido de estradas,
Mergulhasse em labirintos
De antigas buscas
Reinventando a existência
Em desconstruções de mim mesmo...

terça-feira, 28 de julho de 2009

TEMPO E MOMENTO

Brincando com palavras
Aprendo que nada mudará
Meu mundo
Na magia do tempo que passa
Fazendo meu eu múltiplo
No espaço vivo de cada pessoa.

Toda realidade é intercâmbio
De sentimentos e sensações
Que se vão com o vento
No vago da própria vida
Em duradoura sintonia
De mero momento....

segunda-feira, 27 de julho de 2009

PRELUDE

Atravesso a rua
Apressadamente
Sem tempo
Para pensar,
Indo ao encontro
De um pequeno destino
De momento
Que nada diz a biografia...

Imerso na multidão,
Percebo o quanto
Levamos a vida
Entre apostas e fatos
Enquanto o mundo
Passa por nós em silêncio...

domingo, 26 de julho de 2009

A LEX BY SEPULTURA AND A CLOCKWORK ORANGE

Nas faixas do album A LEX do Sepultura encontramos uma expressão singular e violentamente lírica da sensibilidade pós moderna ou contemporânea de uma confusão de linguagens... Dizendo de outra forma, musica e literatura encontram-se aqui em um caos criativo e agressivo que beneficia a arte como não lugar cotidiano da linguagem, como deslocamento existencial e estranhamento da própria realidade... Neste álbum o rock se faz meta linguagem, extra-territorialidade, realizando o profundo e feliz desconforto sombrio que o texto original de Anthony Burgess nos provoca... Trata-se de uma tradução... talvez a altura daquela realizada por Stanley Kubrick para o cinema, que não contou, infelizmente, com a aprovação do autor...

TÉDIO...

Um vento rasga
O rosto de um sonho
Revelando a paisagem
De um eterno outono
Dentro da viva de cada dia.

Tudo acontece
Opaca e provisoriamente
Ao sabor dos tédios
Que animam as horas.

Tudo é tão banal
Que quase
Não me percebo
Nos fatos abertos
Em mera mesmice...

POP POEM


Ícones,
Ídolos
E mitos
Consomem o real
Desfazendo a realidade
No vento
Até o sonho
Tornar-se concreto.

Sacralizado no imaginário
Das multidões,
O indivíduo torna-se
Símbolo vivo
Da aventura humana.

A fama de particulares rostos
Veste nossas personas
Famintas de singularidade
E da paz de jardins ingleses...