quarta-feira, 31 de outubro de 2018

O ABISMO DA NARRATIVA

A narrativa fugidia e incerta se reinventa em suas descontinuidades. Ela é incapaz de reter um sentido. Já não significa qualquer coisa. Não é feita para o entendimento, mas para o cultivo de derivas. Ela é a escrita despida de si mesma. Não oferece aos olhos famintos qualquer alimento. Ela é um aprendizado de silêncios contra todos os textos que já foram escritos. Ela não pretende nada dizer. Não há mais um autor, qualquer sombra de humanidade. Há apenas um arremedo de comunicação. A narrativa fica a morte, desenha desaparecimento no entrelaçamento de palavras que inventam o sem fim de um pedaço qualquer de página.

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