segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

EXPECTATIVA



Fiquei aqui a espera
De qualquer coisa
Que o tempo
Não me trouxe.
Esqueci  das horas,
Dos dias, dos anos...
Esqueci tão completamente,
Que já não acontecia
Entre as coisas todas,
Que já não me reconhecia
Diante do espelho.
A grande verdade
É que eu não vivia.
Apenas esperava
Sem grandes esperanças
Pelo tempo de viver.

ENQUANTO OS SONHOS DORMEM



Enquanto os sonhos dormem
Vou passear pelos cantos sujos
Das minhas meias verdades,
Beber o sol
Que me queima no copo,
Desvendar os limites
Da banalidade da realidade.

Enquanto os sonhos dormem
Vou me desfazer
Entre os devaneios e ilusões
Dos meus desertos mais íntimos.

MINIMO REVEILLON



Estou hoje à mercê
Dos silêncios,
Das expectativas feridas
E dos otimismos moribundos.
Pois o ano termina discreto,
Magro e epilético,
Contagiando o ano seguinte...

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O PUDOR DA LUZ

O enganador pudor
Desta luz
Que ilumina as coisas
É a própria falsidade
Do mundo,
O limite entre
O eu e os outros,
Qualquer forma
De ofuscação vazia
E delicado delírio
Que me envenena
O pensamento e a prosa.

OS SEIOS DA GARÇONETE

Os seios da garçonete
Não estavam no cardápio,
Eram apenas
Para degustação dos olhos
Em devotado silêncio
E encanto
De ancestral feminino,
Ofereciam-se como relíquias
Consagradas ás antigas deusas.

domingo, 1 de dezembro de 2013

A MICROFÍSICA DO AGORA



Aconteciam tantas coisas
Naquela  noite fria e chuvosa
Que não há gramática
Que revele o  quase infinito
De possibilidades
Que encantavam aquela madrugada.
Meu limitado eu ficou ali
Em pedaços diante de tudo
Soluçando imaginações,
Buscando explicações
Para o ilegível das coisas,
Para o intransitivo do agora.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O COTIDIANO DAS ILUSÕES

O mundo gira
Entre a noite
E o dia.
Fora isso,
A vida segue
Sem grandes pretensões.
Segue como  o tédio de um rio
Sem correntezas e exaltações.
Amanhã será como ontem.
Talvez eu viva até mesmo
O calor momentâneo

De algumas ilusões
Perenes,
Destas que brincam de transformações.
Mas quando a noite abraçar as horas
Sofrerei o frio das decepções.

OS FUTUROS QUE NÃO VIVI

Alguns futuros
Passaram por mim
Em festa,
Vislumbres de amanhãs
Impossíveis,
De mundos imaginários
De plena felicidade
Que nunca tocaram
Minha vida.
Através deles
Constato
Minhas distância internas,
Meus lapsos e vazios
Que alimentam tantas
Angustias e silêncios.

SEM SENTIDO

Tenho medo
Quando nada mais
Me parece
Ser possível dizer,
Quando o deserto
Invade imaginações
E pensamentos,
Estagnando emoções.
É como um desencontro
Entre o eu e a palavra
Que torna a vida
Inteiramente irrelevante.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A SUBVERSÃO DO RISO

Tenho risos
Presos na garganta seca
Que nunca tiveram motivo
Para sair.
Mas eles estão lá,
Estejam certos,
Desregrando a fala
Que me cala ansiedades
No sem nexo
De algumas frases.


Eles me arranham
A garganta,
Transformam palavras
Na festa dos atos falhos,
Fazem de mim um palhaço
Na demasiada angustia
De contê-los.


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

AS ILUSÕES DO PROGRESSO



Os futuros de hoje

Já não são

Como os de antigamente.


Não reconhecem passados,
são como presentes ausentes,
oferecendo os mesmos medos

e as angustias de sempre
nas  ilusões do  progresso.

Os futuros de hoje
já nascem obsoletos,
se quer viram noticias
enfeitando o tempo.