sexta-feira, 30 de junho de 2017

A DECADÊNCIA DO LUXO E DO BOM GOSTO

A volúpia culinária e o bem vestir, a economia do superficial, é ainda uma peça importante do jogo social. A aparência permanece como um artifício de prazer e prestigio. Mesmo que em uma sociedade de consumo o uso de tal artifício não seja mais  um privilegio, uma forma de distinção, mas uma lei comum e banal a qual a grande maioria, dentro de suas possibilidades, procura obedecer. 

O  uso do luxo e do bom gosto é uma forma de simular a alegria de viver, quando ela já não é mais possível de outra forma que não passe pela simulação, pelo registro virtual e  compartilhado. Cada um de nós  inventa seu próprio simulacro reproduzindo aquilo que acredita que a vida deveria se como exibicionismo e exposição de um tipo ideal de ilusão.


quarta-feira, 28 de junho de 2017

EM ESTADO DE ESBOÇO

Não estou pronto para o futuro.
Tenho ainda alguns passados pendentes,
Desejos interrompidos
E vazios existenciais que me afastam
De mim mesmo.
Sou qualquer versão interrompida
de um eu possível
que ficou pelo caminho do tempo.
Não sou passível de conclusões.


A PÓS VERDADE ATRAVÉS DA PÓS MODERNIDADE

Tenho muito medo da felicidade,
Do meu querer embriagado
Guardado em segredo contra a sociedade.
Tenho muito medo da minha vaidade,
Das minhas certezas
E versões casuais e cruciais dos fatos.
A verdade é um veneno

Que alimenta certezas vãs.

segunda-feira, 26 de junho de 2017

LINGUAGEM E EXISTÊNCIA

É no plano da linguagem e das estratégias discursivas que as escolhas individuais podem se realizar. É também através dela que o mundo existe como significado e processo teleologicamente orientado.  Podemos mesmo falar de uma estética da percepção definida pelo ato linguístico. Pois a condição humana é, em grande medida, um modo de percepção das coisas através de uma consciência radicalmente diferenciada do inconsciente. Deste modo, existe uma relação radical entre consciência e linguagem que condiciona a percepção. A própria vivência de uma experiência só adquire um conteúdo, um significado, quando esta experiência adquire uma realidade como um conjunto de  enunciados e preposições.


A DECADÊNCIA DA OBJETIVIDADE

A objetividade tornou-se uma caricatura da possibilidade de significação do mundo vivido. Transcendemos o factual através da economia de imagens, impressões virtuais e fragmentação de nossas experiências cognitivas. Contra qualquer tendência totalizante e racional da simples impressão da realidade, afirmamos a descontrução do sujeito através da decomposição do objeto.

Lembrando Baudrillard,

“É isso que chamo de ironia objetiva:  existe uma forte probabilidade, quase uma certeza,  de que sistemas  serão desfeitos  por meio de sua própria sistematicidade. Isto é verdadeiro  não apenas para estruturas técnicas mas também para estruturas humanas. Quanto mais estes sistemas  políticos, sociais e econômicos avançam em direção a sua própria perfeição, mais eles se desconstroem.  Isto é muito claro no campo da mídia e da multimídia, onde, por causa de um excesso de informação, perdemos o acesso  a informação real e aos acontecimentos históricos reais.”
 Jean Baudrillard . A ilusão vital. RJ: Civilização Brasileira: 2001, p. 85

A História foi superada pela imaginação virtual, pela virtualização das épocas,  estilos de vida e pela afirmação constante da economia simbólica de nossas  simulações de existência. Isso vale para todas as dinâmicas da reprodução social da  vida.


sexta-feira, 23 de junho de 2017

NOTA SOBRE O PENSAR E O DIZER

Escrever não é uma comunicação, um compartilhar conhecimentos ou experiências, mas  inventar-se como discurso, perder-se através de um labirinto de enunciados. 

A boa escrita não segue roteiros, é a aventura de um espanto, de uma inquietude, um desassossego, personificado por um discurso que materializa um duplo de nós mesmos.  Todo aquele que sabe o que vai dizer,   cessou de pensar cada palavra que se apresenta a escrita.

A MÁSCARA DO AUTOR E A AUTONOMIA DO DISCURSO

O autor é a persona delineada por um conjunto de signos e símbolos que estruturam um padrão de enunciados e configuração de  narrativas.

 Já uma obra autoral é uma singularidade. Singularidade que se define pela auto identidade de um discurso, pela sua forma especifica de dizer alguma coisa.

 Por isso  um autor não  pode ser um individuo concreto, mas um modo de dizer o mundo.


É assim que a escrita transcende quem escreve: Ela se impõem como jogo objetivo de significados em constante construção e reconstrução simbólica.

PALAVRAS E COTIDIANO

As palavras não são um instrumento  para expressão de nossos estados psicológicos  ou registros de consciência. Elas são a personificação do que somos no plano humano da existência. Elas são um objeto em si mesmo e o dizer não passa da vivencia de seu jogo simbólico/cognitivo.

Nossas vidas acontecem através de palavras.  Quanto mais densos e complexos nossos enunciados, mais articulada é nossa própria existência. A pesar disso, a vida cotidiana não é moldada por nossos discursos mais profundos sobre a realidade, mas pelo mais tacanho e superficial dizer das coisas concretas

quarta-feira, 21 de junho de 2017

IMAGINAÇÃO E EXISTÊNCIA

É cada vez menos possível a descrição de nós mesmos como lugar do acontecer da vida. Somos cada vez menos, através da introjeção de certos papeis sociais configurados por determinada época e formatação cultural, promotores de ações e transformações cotidianas da existência comum. Consequentemente, nos descredenciamos como sujeitos produtores de nós mesmos e nos reduzimos a consumidores de imagens impessoais que se replicam em variadas formatações  na circulação de ideias, emoções e angustias, através de todas as formas de mídia e narrativas. Nos tornamos receptores e reprodutores de imagens-sentido. 

UM LIVRO

Um livro é um objeto que quase nunca se resume aos seus próprios enunciados. Ostenta o nome do autor, a relevância do tema e as inquietudes do leitor. Muitas vezes diz menos do que  promete e se esconde em suas próprias paginas.

Um livro nunca é apenas um livro quando prova o sabor de diversas edições. Ganha, assim, sua própria historia, inventando memorias nas estantes e enfeitando nossas imaginações.

Mas um livro só vale a pena quando mais do que uma boa leitura acorda novas palavras na cabeça da gente, perpetuando-se como um texto .

Um livro, entretanto, também pode ser um objeto mudo.


terça-feira, 20 de junho de 2017

BOA LEMBRANÇA

Do ontem ficou um pouco,
Um gosto de sonho perdido
Que me inquieta
As margens do agora e sempre.

Fui preenchido por um bom momento,
Por um sopro, um movimento,
De existência intensa
Que não cabe no abismo
Da simples rotina.
Estar vivo é surpreender-se.


NOTA SOBRE O TEMPO PRESENTE

O tempo de agora é puro devir em sua enganosa regularidade. Posso senti-lo escapando, se transmutando em constantes variações de si mesmo. Paradoxalmente ele é constante, através do passado e do futuro.

Talvez o presente não passe de um tempo verbal, do ato e do fato em estado bruto, sempre se perdendo ou nos escapando na dissolução do absoluto de cada instante.


domingo, 18 de junho de 2017

NA CONTRA MÃO DA MULTIDÃO

" Um dos traços do Escravo é seu desejo de conformidade, sua vontade de estar ao lado do numeroso, da massa e dos grupos. Sozinho, ele está perdido. Ele quer o calor animal dos discípulos, os vapores da concentração e do espírito gregário. O mimetismo, eis sua qualidade essencial. Quando o hiperboriano evolui na mais franca das altitudes, o homem das multidões apodrece nos buracos da unidimensionalidade."

Michel Onfray in A sabedoria Trágica: Sobre o bom uso de Nietzsche

Aquele que anda sempre entre muitos não sabe distinguir a própria voz do coro da multidão. Nem mesmo conhece seu destino e as vontades do próprio coração.

Aquele que anda sempre entre muitos é puro  mimetismo.  Esta entre todos porque é ninguém. Vive significando o mundo sem tocar o não sentido da sua própria existência.

Apenas no abrigo da solidão pode alguém, dialogando com a própria sombra, vislumbrar o abismo de seus dias e a plenitude da ilusão de sua existência.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

FILOSOFIA DO NÃO SER II

No mercado contemporâneo das ideologias, o niilismo é mercadoria do mais alto valor de uso. Pois denuncia a nulidade de qualquer certeza, eliminando toda concorrência. Não há valor de troca na verdade. O vazio é a medida do desvalor de todos os enunciados com pretensão a verdade.
O próprio niilismo é uma não verdade....

FILOSOFIA DO NÃO SER

Desde Platão somos assombrados pela metafísica da verdade e atormentados pelo fantasma do bem e do justo. Somos obcecados pelo significado, pelo imperativo do Ser. Resistimos ao não sentido, a consciência da nadificação, do paradoxo da simples indeterminação de nosso estar presente no aqui e agora, quando somos apenas silêncio. Nenhum ideal ausente sustenta nossa ilusão presente. Apenas não somos através de tudo aquilo nos afirma a existência e sentimento de mundo.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

SOBRE A COMPLEXIDADE DO TEMPO PRESENTE

O conceito de tempo presente sempre me pareceu uma questão complexa. Afinal, ele comporta a coincidência (simultaneidade) de formatações e referências culturais diversas, camadas de  significações e referências que extrapolam o imediatismo do agora e o tornam contemporâneo de conteúdos simbólicos e psicológicos  que atualizam passados e, em alguns casos, insinuam futuros. Há uma sincronicidade de tempos e vivencias no mero acontecer do presente que transcende a linearidade cronológica. Fato que não deve surpreender ninguém dada a pluralidade de condições culturais que coabitam em uma mesma época.

Essencialmente, o tempo presente é devir e movimento de consciência. Como tal ele é ação e não um atributo abstrato dos fatos . Ele não  se identifica com um conjunto de formatações culturais  efêmeras e “presentistas” que em hipótese definiriam a contemporaneidade como ethos de uma determinada época. Afinal, ele também atualiza e dialoga com o passado.

Na medida em que as tecnologias digitais engendram uma nova experiência de mundo e sensibilidades a própria contemporaneidade passou a envelhecer constantemente e freneticamente apontar para versões mais complexas de si mesma.  O contemporâneo tornou-se indeterminado, praticamente um estar em movimento, deslocando de modo agudo nossos enraizamento em identidades e padrões de experiência cotidiana de mundo e existência.  

segunda-feira, 12 de junho de 2017

DESLOCAMENTO EXISTENCIAL

Sonhava com a transparência imanente de um eterno presente,
Apostava no ato perpétuo de se saber através do espelho
Contra todos os limites da realidade.
Queria confundir-se com seu próprio reflexo
Até não saber mais de si mesmo com precisão.
Precisava esvaziar-se de suas certezas e pensamentos,
Adentrar o escuro de suas duvidas
E o abismo de seus limites.
Vivia a perplexidade de saber muito pouco sobre si mesmo
E se afogava na ansiedade de não se reconhecer
Nas paisagens de sua própria vida.
Não queria mais não ser naquele rosto  que demasiadamente era.

     

DISCIPLINA E UTOPIA

Resultado de imagem para DERRIDA

A  norma como princípio de uma sociedade disciplinar  estabelece a normalidade e a ordem como meta de instituição de psiquismos. Busca a indiferença a qualquer autonomia comportamental, a qualquer vestígio de individuação  ou vontade de potencia.

Gostamos de enunciados em forma de slogans, de meta narrativas totalizantes  e apostas vazias em qualquer forma ideal de existência projetada em algum futuro hipotético. Recusamos a todo custo o reconhecimento das contradições estruturais do nosso modo de construir a realidade a partir de imperativos morais e fundamentalismos ideológicos.


Aceitamos um mundo no qual não nos reconhecemos  por que nos tornamos sua própria sombra.

JAQUES DERRIDA E A PRESENÇA DO PRESENTE

Em uma entrevista intitulada “Outrem é secreto porque é outro”, concedida a Antoine Spire, publicada em  2000 por  Le Monde de L’ education e reunida a coletânea Papel Maquina, Jaques Derrida fala sobre a influencia de Hussel em seu pensamento e nos oferece uma reflexão bastante interessante sobre o tempo:

“ Os grandes textos de Husserl sobre o tempo atribuem uma forma absolutamente privilegiada  ao que se chama de ‘presente vivo’. Este é o sentido, o bom senso mesmo no que aparentemente tem de mais irrefutável : a forma original da experiência é a apresentação do presente; não deixamos nunca o presente, que nunca se deixa,  que nunca deixa nada de vivo. A ciência fenomenológica absoluta,  a autoridade inegável do agora no presente vivo, é justamente aquilo que tematizaram, com estilos e segundo estratégias diferentes, todos os grandes questionamentos  deste tempo, particularmente o de Heidegger ou o de Lévinas.
Num gesto diferente, com outra visada, o que procurei elaborar como nome de rastro {trace}( a saber, uma experiência da diferença temporal de um passado sem presente passado ou de um por-vir que não seja um futuro presente)é também uma desconstrução sem crítica, da evidência absoluta e simples do presente vivo, da consciência como presente vivo, da forma originária (Urform) do tempo que se chama de presente vivo ( lebendige Gegenwart) ou de tudo que pressupõe a presença do presente.”

Jaques Derrida. Papel Maquina. SP: Estação Liberdade, 2004, p. 338-339

O primado de um tempo do agora que é pura imanência e devir é o que nos define a vida. Não o passado e o futuro como momentos distintos de um tempo virtual  multifacetado e aberto as urgências do presente. Este agora, entretanto, não é dado, não é o imediato em seu estado bruto, mas é uma imersão da consciência em seu próprio acontecer. Assim, o presente vivo, me servindo   desta intuição de Derrida,  se inventa nesta tensão entre passado e futuro  na consciência do agora.

A leitura que Derrida faz da  herança  de Husserl é bastante peculiar. Não me ocuparei dela aqui. Mas é provocante a sua proposta de uma “presença do presente” de inspiração fenomenológica. Afinal, o que é vivo através do presente? Quais os limites do próprio presente?   


A CRISE DA IMAGINAÇÃO

Há hoje em dia um estreitamento do espaço do pensável é uma atrofia do dizivel. Pode-se mesmo diagnosticar uma crise da imaginação.

Somos incapazes de restituir o sentido de nossas representações coletivas e meta narrativas. Ao mesmo tempo, entretanto, aqueles enunciados que buscam uma transmutação de valores, não dão conta da consideração cuidadosa do imediato, do efêmero cotidiano em devir, matriz de qualquer ressemantizacao possível do existir.

Para a maioria, a ideia de uma subjetividade desarticulada, de uma filosofia da vertigem, é inadmissível, pois ainda se iludem com o controle e domesticação de nossa economia simbólica, ainda se prendem a norma como princípio do significado. Felizmente, apesar de tudo, ainda escutamos os ecos desconstrucionista do dadaismo através das últimas décadas....

quarta-feira, 7 de junho de 2017

POEMA ANTI PARNASIANO

Jamais faria um soneto parnasiano para dizer minha vida,
A arte pela arte não diz a poesia,
Não sabe a vida convulsa da palavra embriagada
Que se recusa como retorica.

Palavras explodem o sentido
E acordam imagens que ofuscam o sol
E inauguram o onírico e a escuridão.


A poesia é o dizer do indizível.

PANACÉIA VIRTUAL

 Na atual sociedade de consumo somos induzidos a  buscar uma felicidade quase publicitaria definida pelos mimos das novas tecnologias digitais. Tudo se converte em acontecer simbólico, imagético, através da tele-vida oferecida pelos  celulares, jogos eletrônicos e  outros paraísos artificias que nos transportam ao acontecer virtual ao qual fomos iniciados pela tela do computador. Mas já não se trata mais de estar conectado, mas de viver a conectividade como um modo de existência , como uma extensão  de nosso acontecer no mundo. É cada vez mais difícil pensar, sentir e se expressar longe de uma tela.

Pode ser que logo chegue um tempo em que o próprio conceito de humano nos pareça demasiadamente antiguado para a persona virtual  que cada vez mais nos serve de duplo e tranborda. 

Pode ser que a simulação substitua um dia o mundo tal como conhecemos impondo o virtual como um novo e complementar referencial de realidade. 


SOBRE A VIRTUALIZAÇÃO DA ESCRITA


A virtualização da escrita é, em grande medida, uma luta contra o papel, contra  a concretude das coisas e sua materialidade. A palavra já não busca dizer a realidade.  Ela é inesgotável a qualquer discurso ou enunciado possível.  Deste modo,  sua existência é praticamente uma abstração.  A escrita virtual assume sua condição de discurso, de codificação de mundo que se fecha sobre si mesma através da trama do sentido.

Em outro plano, a virtualização da escrita implica na sua  dessacralização como representação de autoridade e verdade legitimada por uma série de instâncias sociais que permitiam sua seleta publicidade. O virtual democratiza a persona autoral e torna universal sua visibilidade. Pois desloca o escrito do suporte material do livro. Suporte este consagrado ao monopólio de uma elite letrada  articulada em ordens de discursos diversos  e institucionalizados em disciplinas técnicas  que formatam a  abstrata entidade que é a literatura ficcional  ou não.


A escrita virtual é acessível a qualquer um, bem como sua publicidade através do cyber espaço. Ela não possui numen, não expressa nenhum poder. É basicamente um ato de individuação, de construção de um avatar linguístico que resgata o lúdico de escrever, de inventar-se através de enunciados livres do peso de qualquer verdade oficial. Volta-se, ao contrário, contra todas as verdades sagradas.
O texto torna-se a própria assinatura, uma forma única de dizer , de dar vida a um avatar.

OS LIMITES DO LIVRO

O saber circular e pedagógico personificado pelo  livro é cada vez menos sedutor . Os discursos já o transcendem  como  meio ou artifício em tempos de digitalização da própria percepção. Pois o livro não comporta a fragmentação, a simultaneidade caleidoscópica do virtual como nova plataforma de construção e circulação do conhecimento de forma anti sistemática e constantemente aberta. Na medida em que reinventamos o olhar através da tela os enunciados não cabem na monotonia e concretude do impresso.


FRAGMENTO E ENUNCIADO

O jogo de sentido entre a dispersão avulsa e a totalidade dos meus enunciados tem por resultado um dizer aberto. Nada é sistemático ou conclusivo. Afundo convulso no superficial do significado.  Pensar é como colecionar cacos de espelho. Não passa de um jogo e, como tal, possui um componente lúdico.


O dizer das coisas não é um dizer de um eu que pensa, muito menos uma busca pelo desvelamento de qualquer verdade, mas um acontecer de discursos que guardam em si mesmos seu próprio sentido. Aforismos são mais interessantes do que tratados pois proporciona ao dizer uma pluralidade de temas e enunciados que não se esgotam em qualquer arbitrária convenção discursiva.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

DESVIOS EXISTENCIAIS

A vida seguia seu curso
E o mundo sua sina.
Éramos órfãos de muitos futuros
Enquanto cultivávamos o passado
Nas estufas vazias do tempo presente.
Nada dizia venturas,
Viagens ou casa nova.
Éramos os restos de nossos projetos,

Os desviantes de alguma utopia.