quarta-feira, 27 de maio de 2015

RADICAL INDIVIDUALISMO

Não quero estar em comunhão com o mundo.
Me recuso a viver como todos.
De uma vez por todas,
Entendam,
Sou único
E abito apenas
Em meu próprio mundo.
Não insistam.
Mantenham distância.
Eu sou único.
Não me curvo aos outros.


terça-feira, 26 de maio de 2015

POR UMA VIDA AUTÊNTICA

Tenho errado em viver de acordo unicamente com minha consciência.

Pouco me importam os modismos, as ideologias, valores hegemônicos ou, simplesmente, como sou visto pelos outros.
Não me curvo ao olhar do outro, as necessidades corriqueiras do traquejo social.

Não perco meu tempo cultivando boa aparência ou opiniões de maioria.

Tenho o defeito de ser franco, demasiadamente franco.

Estou preocupado com meus monólogos e nada espero dos diálogos que estabeleço com quem quer que seja. Entre eu e o outro sempre haverá um abstrato e fatal abismo.


Preocupo-me apenas, portanto, em  manter um precário e difícil equilíbrio entre as múltiplas tendências e possibilidades do somatório de tudo aquilo que sou.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

FRUSTRAÇÃO

Estava vazio e sozinho
Em meio ao arrependimento
De ser eu mesmo.
Escutava os ecos de antigos erros
Entre as saudades de perdidas felicidades.

Colhia o nada e o absurdo de me perder no tempo
E desesperadamente querer o improvável,
O inacessível,
Contra o  inútil dos meus atos.

A alegria e a felicidade riam de mim
Nos cumes do impossível.


REALIDADE

Vivemos todos à sombra de nós mesmos,
Afundados em nossas questões pessoais
E atormentados por nossas interrogações sociais.

Vivemos todos a beira de abismos,
Flertando com o vazio,
Nos equilibrando precariamente

Entre o absurdo e o sentido.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

FALSAS ESPERANÇAS

Era apenas mais um dia.
Pura rotina e pouco sentido
Guiavam meus atos
Entre as horas
Que nos conduziam a noite.

Eu já não estava,
Eu já não era,
No enfadonho dos fatos.
Toda minha vida
Não passava de uma  quimera.

Mesmo assim eu esperava,
Em qualquer torto dia,
Uma boa novidade.
Um futuro que me adiava o encontro
E me impedia o beijo

De uma bela novidade.

ANONIMATO

Inacabados e incertos
São todos os meus atos.
Estou sempre em esboço,
Provisório
E alheio ás identidades
E definições.

Sou feito de incertezas,
Incoerências
E algumas frustrações.
Tenho tendências ao silêncio,
A inercias.

Talvez nunca me torne
Quem quer que seja.


FILOSOFIA DA DOR

Todas as dores nos ensinam uma falta,
Uma necessidade frustrada,
Que nos devora expectativas
E vontades
Através do fato amargo
De uma impossibilidade.

Todas as dores nos reduzem
A elementar banalidade que somos
Sem as ilusões de um ego.


segunda-feira, 18 de maio de 2015

MOTIVAÇÃO E ROTINA

Nunca foi tão difícil ter motivação para cumprir o enfadonho ritual dos afazeres cotidianos.

Hoje acreditamos menos no significado e valor dos nossos atos.
Também nossas vidas já não são mais tão ingenuamente preenchidas pelos inspiradores sentimentos de amor aos outros e pela pseudo convicção de que exercemos  um bom papel na sociedade.

Admitimos sem pudor o enfado de tudo, o quanto estamos vazios e sozinhos diante do mero e civilizado esforço inútil de assegurar diariamente a mera sobrevivência.

O mundo, como nunca antes, não nos inspira grandes feitos... Mas ainda não nos bastamos. O que se tornou um assustador dilema.




SEGUNDA METADE DA VIDA

Os anos passam mais rápido
Do se pensa
E as coisas mudam
Não necessariamente para melhor.

Nossas vidas ficam menores,
Mais degradas e sem brilho,
Nossas expectativas diminuem
E mansamente caminhamos para o nada.
Mas nos tornamos mais lúcidos
E conscientes
Daquilo que realmente importa

Em nossa existência.

REALISMO

O realismo nos torna amargos
Pois, através dele,
Descremos dos sonhos,
Nos despimos das ansiedades
E, ironicamente,
Deixamos de esperar  muito da realidade.

O realismo nos faz distantes e amargos,
Menos generosos com os fatos,
Aprendendo o degredo
De existir um pouco a margem

Do mundo vivendo de minimalismos.

sábado, 16 de maio de 2015

CONVERSAS COM WOODY ALLEN. FRAGMENTO

Mergulhando no universo ficcional de Woody Allen. Revendo seus filmes e pensando sobre a vida e seus cotidianos absurdos e dilemas, os desesncontros entre as pessoas e a incapacidade de encontrar respostas satisfatórias a todo este caos cotidiano. Como já dizia Bukowiski , a vida, as vezes, parece um filme ruim no qual identificamos nossos papéis....

“SE VOCÊ SOFRE  DAQUELE JEITO, COMO CONSEGUE EVITAR O DESESPERO QUE LEVOU A PERSONAGEM DA GERALDINE PAGE AO SUICÍDIO?
Acho que  cozinhei a minha vida inteira  no fogo lento da depressão. Não tenho  o tipo de depressão  que chamam de “clínica”, ou a que te faz cometer suicídio. Maas tenho um tipo de depressão de baixa intensidade, feito uma  chama piloto, que está sempre acesa. Ao longo dos anos, trabalhei  milhões  de pequenas estratégias para contornar a depressão: estratégias de trabalho, de relacionamento e distração.”

In CONVERSAS COM WOODY ALLEN by ERIC LAX

sexta-feira, 15 de maio de 2015

IMPASSE

Enquanto a noite passa
Vou me desfazendo em pensamentos
Sobre coisas absurdas e abstratas,
Vou me perdendo no silêncio
E na escuridão dos meus afetos
Até me sentir menos
Do que um grão de areia
No corpo de uma onda que morre
Em uma praia.
Não sou do tipo que encontra soluções,[
Mas daqueles que reinventam

Velhos problemas.

ETERNA JUVENTUDE

Tive uma infância tão magnifica
Que abominei a vida adulta.
Não gosto de me levar a sério
E viver como uma prostituta.

Odeio as obrigações do tédio,
As responsabilidades da ordem
E os abismos de precisar dar certo.

Jamais vou amadurecer
Ou conseguir entender
O que faz todo mundo escravo

Deste absurdo negócio de ser normal. 

terça-feira, 12 de maio de 2015

APARÊNCIAS

As pessoas estão sempre tentando parecer melhor  do que são.
Vestem-se bem, tentam dizer boas coisas e parecer inteligentes,
Exibir boas maneiras...
Mas sempre tem uma hora em que a mascara cai,
Em que a realidade fala mais alto
E a dignidade grita mais baixo.
Ninguém é aquilo que pensa ser.

O ego é apenas  um auto engano.

O DESAFIO DOS INDIVÍDUOS

Vivemos em um mundo opaco
Onde as pessoas não são transparentes
Ou evidentes em si mesmas.
Vivemos de imaginações selvagens de realidade
Lutando contra o limite das coisas.

Vivemos de acasos,
Silêncios e dúvidas,
Vazios e prostrações.
No danificado da vida coletiva
Buscamos reinventar
Nossa mínima individualidade possível.

Além disso

Nos esmaga o deserto...

segunda-feira, 11 de maio de 2015

PRIVACIDADE

As pessoas nas ruas me parecem demasiadamente iguais e desinteressantes.

É monótono estar entre elas, observa-las, ficar exposto.

Sempre preferi lugares fechados e, de preferência, reservados. A ideia de privacidade me fascina. É quase um sinônimo para intimidade.

Não sou definitivamente um homem de muitos amigos.

No mínimo aprendi a não esperar muita coisa dos outros.

Já é suficientemente difícil  ter de lidar comigo mesmo.

A VIDA QUE SEGUE....


A gente nunca sabe o que vai acontecer no dia seguinte. Mas nos comportamos como se tudo fosse previsível, como se a rotina domesticasse a vida. Ledo engano... Nada está sobre controle. Absolutamente tudo pode acontecer. Este é o problema. Não temos segurança de porra nenhuma.

Aprender a conviver com isso é  sempre nosso maior desaio. Enquanto isso o tempo passa e a gente vai perdendo um monte de gente e coisas, a gente vai perdendo a si mesmo. O tempo é uma coisa absurda que rouba da vida qualquer signicado na exata medida em que faz ela acontecer.

Precisamos lutar o tempo todo contra nossa tendência a estupidez.



sexta-feira, 8 de maio de 2015

VENENO

Lembro de quando éramos apenas duas crianças
Que não entendiam o mundo.
Tudo era mais fácil
E não tínhamos o peso de tantas certezas ruins.
Hoje convivemos com o desencanto
Das mais duras verdades,
Quase não sorrimos
E pouco vivemos.
O mundo se fez para nós

Um violento veneno.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

REINVENTAR O PASSADO....

De tudo aquilo que foi vivido
Ficou um pouco de saudade,
Um vazio que cresce
E apaga o tempo
No desespero
De correr de encontro ao passado,
Fugir   de todo futuro.
Apagar a morte,
Os erros e a tempestade.
Mas já é tarde,
Muito tarde.
O dia acabou mais cedo.


segunda-feira, 4 de maio de 2015

FILOSOFIA DA CHUVA


... E um pouco de chuva encanta a cidade
Quebrando a noite em melancolias,
Apagando qualquer ilusão de felicidade.

Há mais verdade na introspecção da pedra
Do que realidade  na subjetividade
De um ato de humanidade.

Somos todos
Tempo, espaço  e desvio,
Mas isso pouco importa
Enquanto cai a chuva...

FUTURO PERDIDO

Todos os sonhos que tenho hoje
Não passam de variações
De algum passado perdido
Onde ficou esquecida
Minha própria vida,
Tudo aquilo que não me foi possível
No mais profundo do Eu.
Tudo que sou hoje
É o resultado desta primordial subtração
Que roubou de mim,
Desde e o início,

O mais autentico futuro.

PREGUIÇA MATINAL

Era hora de sair da cama, seguir pelo labirinto de mais um dia cumprindo rotinas vazias. Meu corpo resistia bravamente a tal imperativo dos fatos. Sentia-me dominado pela preguiça dos desesperançados.  Queria voltar ao vazio dos sonhos, aos silêncios da vida, pois nada mais daquele acontecer sem rumo me parecia digno de manutenção.  Tinha vontade de parar a vida por um tempo, viver qualquer forma de desaparecimento. Mas a realidade, como de costume, estava contra mim. A sobrevivência estupida me impunha aquela rotina de horas de trabalho inútil, de convívio social absurdo e sem conteúdo.


Apesar disso tudo, continuava deitado ignorando o relógio. Fazia de conta  que o  tempo havia parado, que não tinha compromissos, obrigações  e tédios.  Tentava apagar meu rosto e , simplesmente, voltar a dormir e me enterrar  na minha elementar solidão.

domingo, 3 de maio de 2015

SOBRE INDIVIDUALIDADE E CONVENÇÕES SOCIAIS

Vivemos em uma cultura onde somos encorajados a fazer de nossa própria individualidade uma artifício para agradar aos outros. Então, apresentar-se de forma a atender as convenções de beleza, dizer e fazer aquilo que esperam de você, ter aprovação social, é visto como algo mais importante do que o aprendizado de sua própria singularidade Já que isso lhe aproxima mais dos loucos e dos desajustados do que aqueles considerados bem sucedidos.

É preciso ter uma vida “apresentável”, mesmo que isso signifique recorrer a uma boa dose de hipocrisia  ou deixar-se perder em meio as contradições entre atender as exigências coletivas e viver de acordo com seus impulsos irracionais.

É obvio  que se trata aqui de um falso dilema. As pessoas apenas não são capazes de pensar, de viver de acordo com suas contradições, com suas fraquezas, limites e angustias, quando isso é tudo aquilo que realmente as define.  Preferem ao contrario existir no artifício da aparência, no culto ao corpo, a saúde e a uma suposta qualidade de vida que traduz a estúpida ilusão da possibilidade de uma vida que supera suas próprias deficiências.

Ma a verdade é que nada pode nos salvar daquele caos que nos agita a confusão de vontades e nos faz “feios” aos olhos dos mais elevados ideais sociais. Uma vida real nunca será perfeita, nunca será livre de imperfeições e angustias.

Nunca viveremos em um comercial de TV, felizes , satisfeitos e bem ajustados.

A busca da construção da própria individualidade é uma meta que, na contramão dos valores estabelecidos, exige o esforço de abrir mão de corresponder as artificiais exigências de uma vida “bem sucedida” e socialmente apresentável.