segunda-feira, 30 de março de 2015

DESANIMO E COTIDIANO

Eram pequenas as minhas expectativas.
Tudo que eu esperava era continuar respirando,
Seguindo em minhas rotinas
Sem sentir o peso dos meus vazios.

Abdicara de ser qualquer coisa próxima
Ao selvagem querer de mim mesmo
Transbordando entre as horas.

Sobreviver era mais importante
Ou, pelo menos,
Tudo que me restava.
Tudo que era
Ainda possível

Sem riscos e sem tempestades.

PASSAR DO TEMPO

Espero que o tempo corra
Contra meus vazios,
Contra minhas certezas,
Contra meus limites
E desesperos.

Espero que isso tudo
Passe,
Que minha dor
Se desfaça em poesia,
Que respirar se faça

Minha única agonia.

NOSTALGIA

Queria que tudo
Fosse de novo como antigamente.
Que o meu presente tivesse
O gosto e o brilho das minhas infâncias,
Que o tempo fosse seguro e certo,
Que os fatos e os atos
Não me roubassem a vontade
e que a vida fosse maior
do que todo silêncio.


sexta-feira, 27 de março de 2015

RESPOSTA A FREDERICH NIETZSCHE E AO SEU ABISMO

Meu caro Frederich Nietzsche,
Quando o abismo te olhar de volta,
Mergulhe nos olhos dele
E seja o cisco que incomoda
E toda visão entorpece
Contra a confusão dos fatos.
Humanize o olhar do abismo,
Na queda do pensamento
Que em sua total lucidez

Torna-se absurdo e cego.

quinta-feira, 26 de março de 2015

O QUASE NADA DE NOSSA CONDIÇÃO HUMANA


Não são as alegrias que importam.
O que nos molda ao longo da vida
São as perdas,
Enganos e erros.

O amargor de nossas derrotas,
Os silêncios de nossas certezas,
As carências, medos e limites,
Definem o que realmente somos.

Não passamos dessa coisinha pequena,
Desse quase nada,

Que nos define humanos. 

segunda-feira, 23 de março de 2015

ESQUECIMENTO

Seriamos todos mais felizes
Caso a memória das coisas
Não existisse.

Nenhum sofrimento,
Nenhuma lembrança.
Apenas sempre o mesmo dia,
Sem arrependimentos,
Culpas ou saudades.
Sentimento algum...
Nenhum passado para carregar.

Seriamos todos mais felizes
Caos a memória das coisas

Não existisse....

domingo, 22 de março de 2015

A CHUVA

A chuva é um quebrar de rotinas
E um chorar do céu.
Tudo nela é melancolia.
Sei que meu telefone
Não irá tocar
Enquanto penso sobre isso.
Não há ninguém lá fora
Pensando em mim.
Sou apenas eu aqui
Me importando com a chuva,
Como se ela fosse

Qualquer forma de companhia.

terça-feira, 17 de março de 2015

SOBRE NOSSOS PROBLEMAS E DILEMAS PESSOAIS

Ter problemas não é uma meta de vida. Ninguém em sã consciência busca inventar obstáculos para si mesmo ou arrumar razões para perder o sono à noite. Mas os problemas sempre aparecem. Este é um dado significativo. Os filhos da puta nos perseguem! Você pode atribuir isso a destino ou inventar alguma metafísica idiota para justifica-los , mas se você tem problemas, não procure uma religião ou qualquer resposta coletiva idiota ou formula mágica para fugir deles. Se você tem problemas eles são seus e fazem parte de tudo aquilo que você faz e de suas próprias configurações pessoais de pensamento e ethos.  Você é seus problemas. Não por opção, mas por estar condenado a si mesmo. Cada um de nós, de um modo irracional e compulsivo, faz por merecer os problemas que tem por não reconhecer e mascarar como virtude as próprias limitações. Esta é a razão pela qual não tenho pena de ninguém e não sou caridoso. As pessoas estão sempre sofrendo de si mesmas.

OFUSCAÇÃO

Quando um sentimento de ausência nos informa o sabor dos dias, nos aproximamos daquele estado autêntico de existir individuado onde as pessoas e o mundo se tornam relativos e duvidamos de nossas próprias personas.  
 
A vida se faz transparente e claro enigma, sem verdades de fé e vaidades. 
 
Nada faz qualquer sentido, e isso torna a existência uma aventura muda onde entrelaçamos acasos no efêmero dos atos.


segunda-feira, 16 de março de 2015

POEMA LÍRICO SURREALISTA

Vivo em farrapos
E em minhas vontades quebradas
Em busca de qualquer realidade
Que me acorde a existência.
Estou a margem do mundo
Percorrendo um sonho antigo
Onde a vida se revela  plena
No simples
E intenso acontecimento
De agarrar o dia pelo rabo.


quinta-feira, 12 de março de 2015

QUASE AMANHECER

A manhã mansamente
Deitou em minha cama,
Me deu um beijo de preguiça
E me cobriu de sonho.
O dia sumiu lá fora,
A vida encolheu aqui dentro
E o tempo parou em meus olhos.


terça-feira, 10 de março de 2015

A VIDA COMO QUESTÃO


Em alguma parte da vida
Me perdi do tempo e dos acontecimentos,
Passei a ser espectador de mim mesmo
Apartado do meu próprio tempo.
Pus de lado a realidade

E passei a viver de dúvidas e questionamentos.

quarta-feira, 4 de março de 2015

QUIXOTE PÓS MODERNO

Tenho dentro de mim
Todas as dores do mundo
E o universo na palma da mão.

Levo a imaginação armada
E os sentimentos em guarda,
Pois guardo em meus olhos
Moinhos de vento
E uma causa perdida.

Meu destino é o ermo,
O riso do abismo
e um bocado de diversão.


segunda-feira, 2 de março de 2015

SOLITUDE


Entre o existir e o viver
Eu me invento imperfeito,
Provisório incerto.
Nada espero do amanhã.
Joguei fora meus passados
E me perdi do presente.
Meu destino é o vento,

A liberdade e o silêncio.

A IDEIA DE DEUS E A REALIDADE

Sempre me pareceu incoerente a imaginação de um deus criador por traz de toda a suposta trama do mundo. É como pressupor algo exterior as coisas e situações, um significado que vem de fora da realidade vivida e percebida. Esta exteriorização do significado das coisas, para além das próprias coisas, me parece totalmente absurda. É como dizer que uma pedra não é uma pedra, mas algo que esta fora dela em alguma espécie de não lugar. Não percebo nada fora de mim que me defina alguma espécie de essência invisível. Isso não é um dado da realidade, mas um delírio inconsequente.

Em outras palavras, um dos grandes problemas da ideia de um deus criador é que ela diminui nosso sentimento concreto de real, nossa consciência imanente das coisas através da hipótese irracional de uma transcendência inverificável. Nenhum religioso conseguiu me convencer da pertinência da ideia de deus porque ela extrapola a realidade como princípio. A “realidade” deste deus estaria além de tudo o que entendemos por realidade, mas  também não é verificável, não possui evidencias ou se quer indícios.Trata-se apenas de uma ideia antiga e infantil da humanidade que se preserva entre aqueles que não são capazes de assumir a realidade como principio de sua própria consciência.