terça-feira, 30 de dezembro de 2014

SOBRE AS CONSEQUÊNCIAS DA LIBERDADE

O que nos faz humanos é o peso da liberdade e a consequente necessidade de transcender o simples e banal cotidiano em uma cada vez mais radical afirmação da vida contra os imperativos das necessidades.

Não somos feitos apenas de nossas escolhas... Mas , fundamentalmente, de nossas necessidades.


segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

FATOS INACABADOS

Os fatos inacabados
Esperam na fila dos acontecimentos
A oportunidade de um desenlace fecundo.
Querem ser conhecidos e famosos,
Virar noticia e ganhar o mundo.

Mas a fila não anda,
O tempo passa,
E tudo termina em tedio e nada.

Os fatos inacabados nunca serão lembrados...



ALÉM DO REVEILLON

Não basta que o ano acabe,
Os fogos da passagem,
O brinde e o beijo a meia noite.
É preciso que a vida mude,
 Que a gente estranhe o rosto no espelho,
E que o mundo nos deixe em paz os ombros
Através de qualquer modo novo
De sentir e fazer as coisas.
Pouco me importa o passar do ano.
Quero saber apenas
do quanto me perderei de mim mesmo

na invenção de futuros.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

E A INFORMAÇÃO VENCEU A POESIA

Na era da informação e das tecnologias digitais, a poesia perdeu  sua aura e consequentemente um contingente significativo de leitores. De alguma forma o signo venceu o símbolo, o sexo mecânico venceu o amor, o fútil derrotou o encanto e todos tem algum pudor no trato com seus sentimentos.

Virou perda de tempo cultivar as dores do mundo, escrever cartas ou se render  a melancolia de não saber da vida.
Ninguém mais tem tempo pra se abandonar a si mesmo, duvidar tão profundamente do cotidiano até o ponto de rasgar a própria realidade.


O imperfeito, o inacabado e o transbordamento de si mesmo agora é só objeto de uma receita medica.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

REFLEXÕES SOBRE A ARTE DA AUTOCRITICA

O mundo vivido é uma invenção pessoal, quase um ato de imaginação.

Cada pessoa vive em uma realidade própria e carrega dentro de si sua própria e distorcida imagem do mundo. Por isso somos sempre condensedentes como nossos defeitos e limites. Mesmo quando admitimos nossos erros nunca comprometemos a integridade de nosso limitado eu.  Talvez isso fosse diferente caso pudéssemos, como um espectador invisível ou alter ego sombrio, acompanhar nossos atos e falas em câmera lenta até o ponto de não nos reconhecermos neles. 

EU E O ACASO

Não tinha muito a dizer,
Nada a esperar ou fazer.
Apenas deixava o tempo passar
E qualquer coisa acontecer.

Sim. Apenas jogava com o acaso
E brincava com o destino.

Afinal que outro significado
Sustenta a vida
Além da falta de sentido
Da soma de fatos aleatórios?

Meu eu é um jogo de quebra cabeça...


sábado, 6 de dezembro de 2014

SOBRE A SOLIDÃO

A solidão não é propriamente o fato de estar sozinho, mas um modo de se estar insuportavelmente acompanhado apenas de si mesmo.

Não se trata de um jogo de palavras....
Suportar a si mesmo pressupõe uma incômoda lucidez quanto  a nossa existência pessoal, nossos limites, sonhos, angustias, virtudes, fraquezas e todas as experiências vividas que definem nossa biografia.


A solidão acontece quando, de tão envolvido com si mesmo se é incapaz de corresponder as ilusões e carências dos outros, ela é a agonia da necessidade de estarmos demasiadamente absortos em seguir nosso próprio caminho, independente de toda necessidade de companhia.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

TRANSFIGURAÇÃO POÉTICA

Entre a retórica e a poética
O poeta desespera
Perante a imaginação,
Sofre seus sentimentos
Que de tão intensos
Se tornam vazios.

Versos ensinam 
o lirismo dos abismos
Que nos transcendem.
Inspiram o delirio
que decora o  vestido triste
 que cobre
A mulher do fim do mundo.


terça-feira, 2 de dezembro de 2014

UM DIA...

Era um dia para escutar,
Um momento de sentir
Qualquer musica dodecafônica
No ar.
Era o instante de um relâmpago,
O vazio do grito
Na tempestade dos nossos silêncios.
Era um dia apenas...
Um dia que de tanta realidade

Não existia.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

EM BUSCA DE SI MESMO

Perdido pelas ruas em busca de qualquer coisa que desfaça todas as minhas angustias, desvendo lugares colhendo vestígios de experiências esquecidas no tempo, reencontrando rostos que já  não me frequentam  desde as  idades mais serenas.

Tenho estado além e aquém de mim mesmo,
Rarefeito em minhas incertezas de dias  futuros e embriaguez dos fatos.

Talvez eu nunca me torne quem eu sou.

Talvez eu nunca me conheça. 

A VIDA COMO LABIRINTO

O acaso e seus descasos
É o que transforma
A vida da gente
Em um labirinto mágico.
Vale a pena seguir sem direção,
Ao sabor do vento,
Esperando qualquer surpresa
Em alguma esquina
Que sem qualquer razão
Nos conduza a um outro dia

De nosso sentimento de mundo.