domingo, 30 de junho de 2013

A MISÉRIA DE PENSAR



Penso
Com os nervos
Desesperadamente
A vida impossível
E urgente
Que a cada instante
A existência me rouba.
Penso contra
Mim mesmo
E contra o mundo,
Contra o impossível
Da realidade.
Penso com tanta gana,
Fome
E  deespero
Que me desencontro
Do mais próprio do pensamento.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

QUARTO ESCURO

A luz apagou de repente
Me deixando em um canto
De límpida treva.
Já não havia mais
Qualquer
Jogo barroco bobo
Entre claro e escuro,
Apenas o turvo
De minhas imaginações,
Vontades e raiva
De uma realidade
Que se tremia de medo
Perante minha desesperada
E parca vaidade.
Toda solidão do mundo
Ria na platéia daquele episódio.

terça-feira, 25 de junho de 2013

MEU MUNDO

Meu mundo  é pequeno,
Menor do que
Meus pensamentos,
Do que minhas necessidades
E vontades.
Não há nele
Nada de especial
Ou excepcional.
Por isso
Meu maior objetivo
É descobrir outros mundos...

segunda-feira, 24 de junho de 2013

LIMITE DA PALAVRA

Muitas palavras
Decoram meu rosto
E atos
No banal acaso cotidiano.
A maior parte
Não vale um travo
De angustia,
Não aponta
Para o não dito
Que aos poucos
Me devora
Roubando o sentido
Do mundo.
Tantas palavras vãs...
O sentir não cabe nelas,
Minhas vontades
Não lhes preenchem.
Mas ninguém escuta
O incomunicável.

ALEM DE TODA ESPERANÇA

Estou farto
Da esperança,
Deste estranho encanto
Que nos faz crer
No que queremos.
Já aprendi
Que a vida nunca atende
Nossas vontades.
Não importa o quanto
A persigamos
existência a fora
com a gana de um selvagem.
A  vida nunca atende
As nossas vontades...


A MORTE DA FLOR

Presto minha homenagem
A solitária flor
Que sob chuva e vento
Se desfaz aos poucos,
Pétala por pétala,
Naquele esquecido
Jardim
De ermo de mundo.
Desaparece
Em silêncio
Na agonia cândida
De um fim resignado.

domingo, 23 de junho de 2013

TRISTEZA



A tristeza
É uma falta
Que nos afoga
Uma fome
Que nos consome
A vida,
É a perda tão absoluta
De si mesmo,
Que reduz todos os futuros
Ao vazio do pré  nascimento.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

A MUDANÇA DE SI MESMO

As mudanças mais importantes
Em nosso modo de ser e viver
O mundo
Acontecem sem alvoroço.
Quase não a percebemos.
Ocorrem como uma silenciosa
Desconstrução interna
De nossas gramaticas e símbolos
Mais íntimos.
Quando nos damos conta,
Já estamos simplesmente diferentes,
Pensando outros pensamentos,
No cultivo de novas sensibilidades,
De novos silêncios,
De novas prisões e angustias.

MEMÓRIA DO QUE NÃO FUI

Enquanto o dia passa, imagino a vida que poderia ser.
Sinto falta das promessas de futuro que se perderam
Pelos labirintos do presente.
Afinal, as sombras do ontem contem muitas possibilidades esquecidas... A grande maioria nunca percebi no sufocante acontecer das coisas e se quer atingiram a condição de passado. É espantoso o quanto de nós fica pelo caminho. Essas ausências nos definem mais do que qualquer traço de nossas personas, qualquer conquista de nossas geniosas personalidades.
A memoria ou inventário do que se perdeu, do que se perde a cada momento, em tudo que não nos foi e não é possível ou, simplesmente ignoramos, é um esforço de vida inteira, onde aprendemos a nos conhecer não por quem somos. Mas por quem não somos ou não conseguimos ser.... 

quarta-feira, 19 de junho de 2013

SOLIDÃO E CONDIÇÃO HUMANA

O grande problema é que o desejo de um nunca será o espelho do desejo do outro. Tal premissa elementar dos relacionamentos humanos torna o compartilhar do mundo um labirinto de desencontros e deslocamentos no cotidiano exercício da gramatica dos desacordos.
As pessoas não se entendem pelo simples fato de serem indivíduos, mônadas, que apenas parcialmente se identificam uns com os outros. Neste sentido, estamos todos tragicamente condenados a certo sentimento de solidão.  

MATURIDADE PERDIDA

Bem dentro
De minhas infâncias
Reencontrei
O adulto que seria um dia.
Tanta melancolia
Guardava em teu rosto,
Tanto quebranto pesava
Em teu corpo,
Que não se via nele
Qualquer traço
De futuro.

terça-feira, 18 de junho de 2013

FALTA

A elementar falta
Que fatalmente
Me cala
Não cabe
Em todo meu silêncio,
No sofrimento
De viver em pedaços,
De ser em retalhos
No lixo de cada dia.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

DESALENTO

Chega um tempo em que a gente se perde da gente e revê a vida em suas urgências, em seus limites e insuficiências. Toda realidade então empalidece, vazia de verdades e sem o conforto de qualquer sentimento de mundo.
Tudo se perde em um grande silêncio, no improvável dos fatos e nas rubras vontades que se escrevem no rosto como um profundo cansaço de tudo.
Entretanto, seguimos  pela existência. Mesmo que sem metas, objetivos ou futuros.
Seguimos aos tropeços...
Pura e simplesmente seguimos. 

domingo, 16 de junho de 2013

ALEM DA CAUSA E EFEITO



Causas e efeitos
Já não explicam os fatos,
As atitudes,
Angustias e ânsias
Que nos  definem
A condição humana.
Somos
Feitos de ventos,
De sementes de tempestades
E barulhentos silêncios.