sábado, 31 de dezembro de 2011

PARA ALÉM DE JANO E DO ANO NOVO


Entre o lugar comum
Do ano novo
E o intimo sentimento
Do tempo
Que nos passa,
Sabendo-me além
Do eterno retorno do revellon,
Escrevo-me simplesmente outro
No passar dos dias
Livre de nostalgias
Ou ritos de futuro...

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

NOSTALGIA FUTURA


Um dia novo



Se esboça,


Se esforça,


Contra o sem rosto


Do tempo,


buscando a realidade


De uma manhã chuvosa


Onde se escreve abstrato


O melhor dos nossos passados...

IMPRESSÕES SURREALISTAS

Perdendo do tempo



O rumo


Nos abismos do agora,


Recolho cacos


De horas quebradas


Desfazendo futuros


E imaginações,


Reinventando o tempo


Nos olhos de pensamentos perdidos


No fosco de alguma paisagem...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

METAMORFOSES NATALINAS

Desde Marcel Mauss sabemos da importância da pratica da troca de presentes como uma componente relevante do imaginário das sociedades arcaicas e também de nossas sociedades contemporâneas.

Expressão da construção de vínculos e alianças, gostem ou não os religiosos, o arcaico costume da troca de presentes é, por exemplo, a essência da celebração contemporânea do natal. Trata-se hoje mais de uma data consagrada ao consumo e ao lazer do que propriamente uma celebração religiosa cujas origens remontam a antiga cultura pagã do norte da Europa. Prova disso é que o natal vem ganhando mundo a fora, formas cada vez mais heterodoxas de celebração. Talvez logo seja impossível falar do natal no singular....

Mas para ser breve, limitar-me-ei aqui a afirmar que nenhuma outra celebração rompeu tanto com suas formatações tradicionais e conservadoras e se reinventa nas metamorfoses da contemporaneidade do que o natal...

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

DEVIR E EXISTÊNCIA


A existência
Me atravessa no tempo,
Passa através de mim
Em cada acontecimento
Que inventa o mundo,
Que me desfaz aos poucos,
Nas rotinas da casa e do rosto
Com os quais provisoriamente decoro
As inquietudes de minha intima finitude...

domingo, 18 de dezembro de 2011

NOTA SOBRE A CONDIÇÃO HUMANA

Tudo que temos é a aventura do aqui e do agora, o dia presente que nos acorda no auvoroço das horas que aleatoriamente preenchemos com atos sem direção. Existimos como um complexo conjunto de fenômenos físico-químicos projetados no abstrato de cada pensamento possível. Eis aqui o grande paradoxo da condição humana...

UM POEMA DE EMILY DICKNSON

“Senti na mente esta rasgadura-
Como se o cérebro se cindisse;
Tento acertar costura com costura,
Mas não há nada que as fixe.

O pensamento atrás com o adiante,
Em ajuntá-los me desvelo,
Mas a sequência se esfia sem que a alcance-
Tal qual no chão rolam novelos”

EMILY DICKINSON

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Como lidar com ateu???

OSCILAÇÕES

Nunca quis na vida



Ter tudo aquilo que quero,


Gasto o meu tempo


Tentando manter o que tenho


Contra os constantes furtos


Do passar do tempo


E surpreendentes variações


De mim mesmo...



CONDIÇÃO HUMANA

Somos feitos de desejos



Em uma vida inspirada


Pela realização


De pequenas vontades


Que nos definem


Em cotidiano e mundo,


Colecionamos ansiedades


Na brandura de imprescindíveis vazios...

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

VIVENDO O VENTO


Meu futuro
Não existe
Foro do agora,
De seguir o vento
Colecionando rostos,
Memórias e lugares,
Até perder da vida
Todas as definições possíveis,
Através das vivencias múltiplas de um acaso
Quase infinito de imaginações e sombras.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

RETRÔ E CONTEMPORÂNEIDADE

Quando experimentado como uma modalidade de evasão do tempo presente, o passado, ou mais propriamente, sua vivência através de manifestações artísticas,  como aquela que tem lugar através do culto a filmes antigos, a música ou literatura de outras épocas, relativamente próximas ou muito distantes, constituem algo mais do que mera nostalgia. Personificam uma recodificação do agora e do próprio passado através da construção de um mosaico de referências simbólicas atemporais que desconstroem definitivamente o conceito de progresso tal como concebido na Europa dos oitocentos. Trata-se de uma contemporânea e sutil virtualização da vida cotidiana   que torna o retrô uma linguagem nova que desloca o passado do próprio passado...

domingo, 4 de dezembro de 2011

O Cérebro não funciona... Ele acontece, nos faz tudo aquilo que somos na medida em que acontecemos nele. Ele é o princípio, o fim e o meio de toda condição humana.
O cérebro nos define, contra toda tradição filosófica ocidental...

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O DIA E O TÉDIO


Hoje
Será apenas
Uma data vazia
Em calendário
E rotina
Na qual a vida
Aquietara-se  tímida
Entre as quatro paredes
Do mero cotidiano.

Hoje
Tudo que terei
Será a mera alternância
Do céu e da lua
No vazio de um céu qualquer.

A INERCIA DA LIBERDADE

Sempre chega



Um tempo


Em que aprendemos


A viver de adiamentos,


A sofrer sonhos


Enquanto os dias


Passam por nós


Pela janela aberta...


Trata-se de um tempo


De inércias


Onde o rosto


Se perde


No ralo da pia


E nos libertamos no vento...

domingo, 27 de novembro de 2011

MUDANÇA E CONTEMPORÂNEIDADE



“ A objeção, o saltar para o lado, a alegre desconfiança, o gosto pela zombaria são sinais de saúde: Todo incondicionado pertence a patologia.”
F. Nietszche; sentenças e interlúdios § 154 in PARA ALÉM DO BEM E DO MAL

A CONTEMPORÂNEIDADE É ESSENCIALMENTE  UMA RADICAL TOMADA DE CONCIENCIA DO  DEVIR E DA FLUIDEZ DE TUDO AQUILO QUE DEFINE A CONDIÇÃO HUMANA.

 CONTRA OS ECOS DE MODERNIDADE E SUA OBSESÃO PELO FIXO E PELO  IMUTÁVEL , IMPORTANTE DIZER,  INSPIRADOS PELA SECULAR IDEIA DE VERDADE QUE ATÉ AGORA SUSTENTOU TODA TRADIÇÃO CULTURAL OCIDENDAL , O CONTEMPORÂNEO É A ÉPOCA DA REVIRAVOLTA DE TODOS OS VALORES E CONSCIENCIAS... 

A DEFINITIVA DERROCADA DE TADAS AS TRADIÇÕES.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

LOOK AND SAY


É praticamente um lugar comum a interseção subjetiva do olhar e do dizer, a percepção de que as vezes podemos falar com os olhos o que cala na palavra ou que, em certas circunstâncias, dialogamos uns com os outros por intermédio do próprio silêncio.

Na verdade esta evasão da formalidade da linguagem sugere uma valorização curiosa da ambigüidade, do impreciso, como componente cada vez mais presente nas trocas humanas em tempos de sentimentos e vidas cada vez mais “liquidas”...

Aprendemos finalmente a enfrentar a existência sem a segurança de nossos protocolos sócias de certezas e etiquetas sociai...

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

AUSÊNCIA

Seu rosto



Espalhado no caos


Desafiava o dia


Que sonolento


Reinventava o tempo


Em preguiças.






As horas


Já não trajavam significados,


Vagavam nuas


Nos pensamentos das pedras


Enquanto eu


Serenamente dialogava


Com os demônios da sua lembrança


As margens de um devaneio....



segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O CELEBRO CONTRA A ALMA

Realizamos  futuros fazendo crescer o passado que nos carrega por dentro, constantemente multiplicando as possibilidades daquilo que somos e que seremos, tornando cada vez mais nítidas as possibilidades infinitas de nossos cérebros em funcionamento...
Em tempos de radical contemporaneidade de todas as coisas da cultura humana, o tradicional dualismo alma e corpo foi superado pela nova ciência  do cérebro, pela definição de tudo aquilo que é “humano”  pelo complexo acontecer de nossa estrutura cerebral. Tal acontecer, afinal, é o que nos torna biologicamente  singulares na vida animal sobre a terra, é nossa capacidade de reinventar a vida no não lugar do pensamento e da reflexão através de uma consciência radical de nós mesmos e das coisas exteriores...
Em poucas palavras, o que antes se definia como  “alma” não passa do mero acontecer cerebral em cada individuo da espécie.... 

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

DO EU AO EU EM MOVIMENTO

Em todas as coisas
Que faço
Procuro estar
Um passo a frente
De mim mesmo
Seguindo os segredos
Da minha própria sombra,
Reinventando-me
Permanente e provisoriamente
Nas infinitas possibilidades
Do vivido dos fatos.... 

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

AFORISMAS SOBRE A EXTERIORIDADE DA EXISTÊNCIA

As vezes penso a vida como um sonho defeituoso onde somos inventados por nossos mais banais e profundos desejos...
@
A necessidade é o que nos define na existência... necessidade de viver mais nas coisas do que no indeterminado de si mesmo...
@
Aconteço o tempo todo no mundo, nunca em mim mesmo...
@
O outro do mundo é positiva e negativamente o alimento de nossa individualidade...
@
Dou mais valor a qualidade de uma pergunta do que a precisão de qualquer resposta...
@
Geralmente, percebo que estou errado quando ninguém me critica...

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

POEMA OPACO

Entre os dias
E as noites
Cada um
se inventa um mundo.


Mas quase
Não nos percebemos
No mecânica fazer das coisas.

Nossa realidade não cabe
em nossas rotinas. 

domingo, 13 de novembro de 2011

SOBRE O PERDER-SE DOS DIAS

Sou feito
De sombras e sonhos,
De acasos e incertezas,
Que no absurdo do possível
De meramente acontecer
Em cada novo dia,
Afirmam-se contra um mundo aberto
Em infinitas possibilidades
De mim mesmo...
Sou feito de aventura
E vento.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

PASSA TEMPO

Passo distraído



De um momento


A outro


Buscando respostas


Para os silêncios


Que povoam


O profundo das horas,


Corro de um instante


A outro


Fugindo do tempo


Que me persegue...

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

CONTRA CULTURA HOJE

Em suas diversas manifestações contemporâneas, a contracultura permanece hoje como um sinônimo de questionamento radical das vigentes e corriqueiras convenções coletivas de realidade, através do lúdico, do hedonismo, do riso e da afirmação  de um ethos de liberdade...
Como nunca antes, em tempos de digitalização e reinvenção da existência, ela é capaz de abalar consciências, fazer pensar e reinventar individualmente a simplicidade do mero cotidiano...

VIDA , DEVIR E MEMÓRIA

O silêncio
É a vida da reminiscência,
O falar dos outros
E lugares que nos habitam
No sem tempo do pensamento,
que, simplesmente,
A tatuagem que
Carregamos no devir do rosto...
Ele é a marca viva
Do passar do tempo
Que se define
Como biografia
E ausências
Que nos transformam
Na banalidade
Do calar permanente das coisas...

AVESSO

Vejo-a



Correndo na contramão do dia


Em desastrada rotina,


Em busca


De uma simples migalha


De liberdade e vento...


Em seus olhos


Brilham futuros


Que talvez não alcance


Mergulhada


Em seu profundo sonho


De rasas imensidões...



segunda-feira, 31 de outubro de 2011

F SCOTT FITZGERALD E O CURIOSO CASO DE BENJAMIM BUTTON

Se pudéssemos definir os loucos anos 20 do último século através de um único nome, ele certamente seria o do escritor norte americano F S Fitzgerard. Sua obra e biografia ,afinal, personificam intensamente  o espírito libertário  e contestador daquele período.

Recentemente revisitei um de seus mais saborosos e surpreendente contos: O estranho caso de Benjamim Burtton.  Ao contrário do que possa sugerir a idéia de uma vida vivida ao contrário, não se trata aqui simplesmente de um conto fantástico sobre a idéia de envelhecimento. Recheado de um humor tout court, o conto é na verdade uma sátira  a própria idéia de “norma” e de “propósito”, questão que perpassa toda narrativa através  das desventuras de Burtton para afirmar-se em uma sociedade onde definitivamente ele não tem lugar pelo simples fato de ser “diferente”. Já no  inicio da narrativa a reação indignada do pai de Burtton com o estranho caso do filho revela claramente o caráter satírico do texto.

Mas o interessante é que a  história é ambientada em 1860, quando

“era do bom nascer em casa. Atualmente os autos deuses da medicina decretaram que os primeiros vagidos do recém nascido devem ser lançados no ambiente anestésico de um hospital, de preferência de um hospital elegante.  Assim o jovem casal Roger Button estava cinquenta anos à frente da moda quando resolveu, num dia de verão de 1860, que seu primeiro filho deveria nascer num hospital. Se tal anacronismo teve algo a ver com a surpreendente história que vou contar, é coisa que jamais se saberá.”

( F. Scott Fizgerald. O curioso caso de Benjamim Button e outras histórias  da era do jazz. Tradução e ensaio introdutório Brenno Silveira, 8ª edição, RJ : Jose Olympio, 2009, p. 108.)

Mas apesar do humor o pequeno e despretensioso conto em questão não deixa de ter um lado sombrio.  Digo isso pela sua melancólica conclusão.  Afinal, ao contrario do sugerido pela nossa natural tendência para pensar a juventude como um estado ideal e o envelhecimento como um mal inevitável, O caso Burtton nos mostra que não faria a mínima diferença se em lugar de envelhecer  ficássemos cada vez mais jovens.  Afinal, não deixaríamos de ser mortais, perecíveis...
Segue seus últimos parágrafos:

“Não havia lembranças perturbadoras em seu sono infantil; não havia sinal algum de seus bravos dias na universidade, os cintilantes anos em que ele aturdira o coração de tantas jovens. Havia apenas as grades brancas, seguras, de seu berço, e Nana e um homem que, às vezes, ia vê-lo, e uma grande bola  alaranjada para a qual Nana apontava, na hora  vespertina em que ia  para cama e dizia: “Sol.”Quando o sol se punha, seus olhos estavam adormecidos: não havia sonho algum que o persiguisse.
O passado- as violentas arremetidas, à frente de seus homens, monte San Juan acima; os primeiros anos de seu casamento, em que, nas noites de verão, trabalhava para a jovem Hildegarde, na  cidade fervilhante, até muito depois do pôr do sol; os dias em que ele, antes dessa época, ficava  a conversar e a fumar, noite adentro, em companhia do seu avô, na sombria e velha casa dos Button, em Monroe Street- tudo isso havia se dissipado de seu espírito como um sonho inconsistente, como se nunca houvesse acontecido.
Não se lembrava. Não se lembrava sequer, claramente, se o leite era quente ou frio em sua última refeição, ou de que modo os dias passavam. Havia apenas seu berço e a presença familiar de Nana. Depois, já não  conseguia recordar coisa alguma. Quando sentia fome chorava- nada mais. Apenas respirava através dos dias e das noites e, sobre ele, havia suaves murmúrios e ruídos que mal ouvia, e odores levemente diferentes, e luz e treva.
Depois tudo se tornou escuro, e o berço branco, e os vagos rostos que se moviam em torno, e o cálice e doce aroma do leite se dissiparam de todo de sua mente.”    
( idem, p. 137-8)

O SILÊNCIO DAS PALAVRAS

Palavras embaralhadas



No quintal de um sonho


Desconstroem significados,


Inventam o não dito


Dos atos,


Escrevem vontades


No corpo das horas


Até o abstrato limite


De um tumultuado silêncio...

domingo, 30 de outubro de 2011

O TEMPO E OS DIAS


Sei o peso
Do acumulo de instantes
Dos antes que me definem
Auxente
De algum remoto futuro.
Mas por hora
Me basta o sol e o agora...
Saber o sol que me acorda em dia
No me vestir de aurora
Em meio as ruinas
Dos meus inertes futuros
De outrora...

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

SOBRE RADIO E ROCK AND ROLL


Em tempos de tecnologias digitais pode parecer um pouco retrô falar sobre a importância do radio. Mas não há como fugir a importância de certas configurações culturais que hoje nos parecem quase obsoletas para definição daquilo que se tornou possível  hoje.
Dos anos 50 até pelo menos os anos 80 os disc jockeys foram uma categoria social  decisiva para difusão e afirmação do rock enquanto estilo e cultura musical. Não podemos nos esquecer que foi justamente um disc jockey o responsável pelo seu batismo.
O fato é que no aqui mencionado período, o radio foi o grande termômetro e ator privilegiado da cultura popular e de massas. Sem ele o rock não teria alcançado o impacto social que teve ao longo daquelas décadas. Eis uma questão interessante de se pensar em paralelo aos nossos atuais cenários de nova tecnologia.
Afinal, de que maneira  substituição da cultura do radio pela da internet, passando pela MTV mudou nosso modo de viver musica?
É interessante o fato de existirem agora rádios digitais, por exemplo, provando que não se trata de uma relação simples entre arcaísmo e novidade...

PENSAMENTO QUEBRADO


Observo



um pequeno pensamento


quebrado e abandonado


sob a morosa tarde


de um dia de tédio,


resto de algum banal


sentimento das coisas


que já não diz mais nada a ninguém,


que já não é mais pensado,


lembrado ou marcado


em qualquer caderno,


radical expressão do descartável


e perene


que nos define humanos...



O DIA EM QUE O ROCK MORREU

O texano Buddy Holley teve uma carreira curta, restrita a um período de aproximadamente 3 ano de visibilidade no cenário do rock and roll do final dos anos 50 até morrer tragicamente em um acidente de avião em 3 de fevereiro de 1959. Mas foi tempo mais do que suficiente para imprimir sua decisiva marca na história do rock pela sofisticação de suas composições para a época. Holley contribuiu para o amadurecimento da musicalidade do rock introduzindo harmonias e melodias mais trabalhadas, além de letras mais complexas e menos ingênuas comparadas aos clichês românticos de então.

Ainda hoje o dia de sua morte é lembrado como o “o dia em que o rock morreu”, mas seu legado contribuiu justamente para o renascimento do rock nos anos 60. O primeiro de muitos que se perpetuam até o tempo presente...

terça-feira, 25 de outubro de 2011

NOTA SOBRE ROCK E CONTRACULTURA


A relação entre rock and roll e contracultura nos anos 60 não é algo obvio. Afinal a chamada contracultura teve como principal matriz a geração Beat, movimento literário cuja aversão ao rock dos anos 50 era mais do que evidente assim como sua profunda ligação com o jazz.

Pode-se mesmo dizer que nos idos dos anos 60 o rock andava em baixa, sendo eclipsado pela folk music que então desfrutava de maior popularidade entre uma juventude americana cada vez mais politizada , critica e, portanto, indiferente a ingenuidade da primeira geração de rockers.

Tal cenário começou a se transformar com o advento das “Invasões Britânicas” lideradas pelos Beatles a partir de 1964. Ao lado dos Stones , Who, etc., os garotos de Liverpool reinventaram a linguagem do rock e prepararam sua reinserção no cenário cultural da época a ponto de hoje em dia o rock ser associado de maneira visceral a idéia de contracultura em um contexto muito mais amplo que aquele identificado com os anos 60 É o que desde os anos 70 conhecemos como cena undergraund.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

DEVIR


Não importa
O tempo
Que pesa no corpo.

Os sonhos
São sempre jovens
E vislumbram ganhos
No cenário de todos
Os mundos possíveis
Dentro da gente.

A imaginação
Mira sempre avante...

domingo, 23 de outubro de 2011

CONDIÇÃO HUMANA

Sei que uma vida inteira
Não basta para realização
De todos os meus futuros.

Pois as possibilidades
De uma mera existência
São múltiplas e infinitas
Na cotidiana  vertigem
Da permanente reinvenção
Do humano....

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

PROSA BOEMICA

As alegrias abertas



Explodem na sala de estar


No nervosismo de risos,


Soluços e gritos


De compartilhada embriaguês.






As palavras dançam


De uma boca a outra


Nuas e cambaleantes


Reinventando em gozo


O mais simples significado


Das coisas..

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

SOBREVIVÊNCIA

Quase não sei
O dia lá fora
No simples acontecer
Do ato
De estar vivo...

As rotinas
Simplesmente acontecem
Enquanto a vida pulsa
Dentro de mim
Como se nada mais
Realmente importasse,
Como se não houvessem perigos
No risco de cada esquina.

Tudo que realmente importa agora
É que estou vivo
Contra o mundo e os fatos....

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

TEMPO EFÊMERO

Uma única fotografia antiga
Pode ensinar
A distância
Que nos separa
Do próprio tempo,
Desfazer  infâncias
Com o olhar de agora
No jogo de luz e sombra
Da pragmática urgência
De um dia seguinte...

SOBRE OS ANOS QUE PASSAM

Os anos passam
Mas o que são os anos?
Que coisas importam
A caprichosa memória
Quando tudo
Que existe
É a embriaguez
Do agora,
Esta eterna e flamejante aurora
Que ofusca em vertigem
O turvo dos anos.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

AFORISMAS SOBRE A POÉTICA PÓS MODERNA

A verdade de uma palavra é a própria palavra
Como signo e ato de pensamento.
Seu significado é meramente gramatico.
Tudo o mais decorre disto.
*
Diante de uma frase que não faz sentido nos deparamos simultaneamente com uma “revelação” e u um “ocultamento”. Brincamos com a própria ideia de verdade.
*
Ampliar o uso de uma palavra para além de seus significados correntes é a mais cara tarefa  a qual pode se dedicar um indivíduo.
*
A narrativa poética deve estruturar-se como a paródia de  um enigma de esfinge.
*
A poesia é a uma forma de transgressão linguística. 

NOVÍSSIMA POESIA

A poesia é o cálculo da imaginação,
O lugar onde as palavras
Libertam-se  da pragmática dos atos linguísticos
E os signos equivalem-se aos símbolos
No eclipse de nossa capacidade
De pensar  e dizer
Por intermédio de um eu
Projetado em mundo...
A poesia deve reinventar-se hoje
Como anti humanismo.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

UM FRAGMENTO DE C. SANDRERS PIERCE

“Toda sensação, por definição, é essencialmente ativa (...) A única maneira de aprender uma força é através de algo semelhante tentando opor-se-lhe. Que fazemos algo parecido mostra-se pelo choque que recebemos com uma experiência inesperada. É a inercia da mente quem tende a permanecer no mesmo estado(...)”

Sanders Pierce in FENOMENOLOGIA

Renaissance "Island"

A INVENÇÃO DA REALIDADE

Quando as certezas falham
As dúvidas
Nos esclarecem
A realidade
De um modo mais simples.
É quando vislumbramos
A estranha arte
De sermos surpreendidos
De ponta cabeça
Reinventando as coisas
Nos vislumbres dos acasos
De cada momento em estrada aberta....

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

NOTA SOBRE MAD MEN: INVENTANDO A VERDADE


Considerada a sucessora natural da aclamada serie FAMILIA SOPRANO, MAD MEN é mais do que uma releitura acida do cenário sociocultural da New York do inicio dos anos 60. Como sugerido pelo seu subtítulo, “Inventando a verdade”, trata-se antes de tudo de uma sutil alegoria do novo status da cultura em uma  sociedade pós industrial através do universo da propaganda e de seus profissionais em uma época em que a novidade estava na pauta do dia.

Em seu surpreendente GUIA NÂO OFICIAL  DE MADMEN, OS REIS DA MADISON AVENUE  Jesse McLean nos oferece algumas chaves interessantes para uma leitura mais profunda deste drama televisivo que dá sentido a celebre frase de Gregory House “Menos leitura e mais televisão”.

Pensando na estrada até agora ( referencia gratuita a SUPERNATURAL) segue um pequeno fragmento da obra aqui citada:

À ESTRADA  PERCORRIDA  E A ESTRADA POR VIR

“Mathew Weiner atravessou uma longa e sinuosa estrada até alcançar o sucesso com seu projeto de estimação. Através do prisma das aventuras do independente e solitário Don Draper no mundo  da publicidade dos anos 1960 em Nova York, o roteirista permite à audiência  enxergar as  várias  facetas da cultura norte americana,que vivenciou uma transformação devastadora naquela época em excitante, das politicas de gênero e primeiras fendas no chamado “teto de vidro” à politica presidencial durante as campanhas Kennedy e Nixon. Nessa mesma  época, a psicanálise era aceita pelo grande público e o movimento pelos direitos civis alterava as noções de raa de modo revolucionário. Além disso, uma crescente consciência social mudou o papel da juventude americana na sociedade, e a própria publicidade passou por uma alteração cataclísmica, assim como a cultura como um todo.
Mad Men fornece um coquetel espumante de roteiros formidáveis, com figurino e cenografia inebriantes, polvilhando com uma doce ironia que ajuda a compreender tanto o passado distante quanto o mundo atual.”

Jesse McLean. O guia não oficial de Mad men, tradução de  Patricia Azevedo, RJ: BestSeller, 2011, p.25

Como sugere aqui a autora, mais do que um exercício de imaginação “histórica” a série em questão nos permite pensar o tempo presente, igualmente marcado por transformações e angustias novas sem qualquer precedente passado....

Definitivamente é hora de assistir mais TV....