quarta-feira, 30 de junho de 2010

Radiohead - In Rainbows - 15 step

Radiohead - House of Cards

HAPPINNES!



Ser feliz
É viver o mundo
Como um tiro
Que explode no peito
Na queda livre do corpo
Em abismo de fecundo pensamento
guardado em fundo
de arcaicas imaginações...

Ser feliz
É desfazer realidades
No mais destilado desejo  lúdico
Escrito no irracional e absoluto
Da radicalidade  concreta
De qualquer sentimento material...


TIME IS TIME


Surpreendendo-me
Quase criança...
Visto os olhos de horizonte
Brincando entre jardins.
Pois sem querer
Perdi o rumo dos anos
E o sabor das horas,
Desaprendi o significado
Das coisas e rostos...
Desfiz, definitivamente,
O mundo
Em lapsos de razão diária
Até apagar meus retratos perdidos
Na abstração de espelhos...

CONTRA A UNIVERSALIDADE COMO PRINCÍPIO DA VIDA DO PENSAMENTO


Não sei o que condiciona a vitalidade de uma dada formula de pensamento, o que determina que ela prevaleça ou pereça no acumulo das épocas, seja vestida de sagrado ou estética. A corriqueira resposta que remete a uma suposta universalidade que transcende o tempo, parece-me  ingênua e insuficiente. Pois toda reflexão abstrata tem suas raízes em seu particular presente vivido como abstração e reflexão. Sua longivitude temporal não está, definitivamente, na suposta  universalidade de sua construção e conteúdo, mais na fantasia de realidade que lhe sustenta e nutre em desdobramentos fecundos.
É pelos caminhos do irracional e do acaso das abstrações coletivas que formulas de pensamento convertem-se em cânones culturais e civilizacionais. É através do simbolismo e doa codificação simbólica , vivenciada como enigma que qualquer obra de construído passado converte-se em objeto de projeção da simbologia e codificação de nosso tempo de agora...

terça-feira, 29 de junho de 2010

CONTEMPORANEIDADE E ONTOLOGIA


  
Costumo definir a contemporaneidade como um estado de fronteira, um viver a margem de antigas certezas estabelecidas pelos mitos d a modernidade e sua ambígua racionalidade mítica, em áspera consciência de nossa intima e particular finitude e limites ontológicos. 
É através de um desenraizamento radical, da plena consciência de nossa fragilidade, que reinventamos a existência, talvez como um jogo simbólico ou labirinto de codificações que conduz a experiência do imediato e do lúdico como essência de cada momento humanamente possível...  

MORTALIDADE



Os tantos rostos e lugares
Que me povoam a memória
Sustentam minha face,
Escrevem futuros
No ocorrer de cada momento.

Mas tudo, em um só instante,
Rende-se ao passado
No vazio do tempo
Que contra mim avança
Sem qualquer mínimo consolo
De esperança...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

SOBRE RAIDO HEAD IN RAINBOWS



O ALBUM SEM PREÇO do Radio Head, IN RAINBOWS,lançado em outubro de 2007, pode ser considerado um dos mais inovadores acontecimentos da cultura pop rock das últimas décadas. Não bastasse sua qualidade musical e simbólica, chama atenção a iniciativa da banda contra as lógicas da industria cultural, sua afirmação da arte acima dos cifrões...
Mas também se trata de um álbum diferenciado na carreira da mais singular de todas as bandas britânicas contemporâneas.
Afinal, é impossível não considerá-lo “meta conceitual”, tecnicamente perfeito, indefinível em sua linguagem paradoxalmente homogênea e diversa...     
De certo modo, ele reflete as oscilações cotidianas de nosso humor e virtuais identidades egoicas...  

Bodysnatchers - Radiohead live from the basement

individualismo e ontologia


Saber-se só é uma descoberta do  abismo definidor das distancias entre o eu e o mundo, um aprendizado da insólito e vaga certeza de si mesmo em um obscuro universo em expansão...
Saber-se só, é carregar a biológica  obrigação da morte, contra todas as nossas convicções culturais ...
Mas o isolamento ontológico de uma vida humana , o acontecer das coisas dentro de um individuo, é a personificação mais radical do desafio humano

O MOMENTO DENTRO DO TEMPO



Recebo um carinho do vento
Vivendo o sem tempo
De cada momento...
Talvez,
Toda minha vida
Ganhe sentido
Em um segundo
De imaginação e labirinto
Enquanto me  perco
No acontecer sem rumo
Do mero cotidiano...

quinta-feira, 24 de junho de 2010

NOTA DE UM DESAJUSTE


Vestido de inverno me perco  na paisagem urbana decorada de dia. Busco algum absurdo para fugir a rotina e me reconstruir em cada momento como esboço de mim mesmo na aventura de tudo aquilo que poderia ser...
Vivo de tudo aquilo que dentro de mim se perde como recusa do mundo que os outros dizem...  

SUBTERRANEAM

O encanto de um devaneio
Conduz o pensamento
Ao mais longe
Do agora.


Surpreendo-me perdido
E distante
Vivendo noturno
Fantasias de arcaico
E infâncias
Até o limite da realidae...

terça-feira, 22 de junho de 2010

The Scientist - Coldplay

FEEL THE WIND


Um gosto de inverno
E tédio
Rouba-me do cotidiano
No lúdico d’alma...

Que importa rotinas,
Destinos e objetivos
Quando me vejo perdido,
Quase infinito,
Diante de praias
E  ondas
Vestindo  púrpuras evasões
E devaneios sob um vento frio?....

FUTURE



Eu vivo das janelas
Que me abrem o mundo
Através do pensamento...
Busco apenas
Um momento,
Talvez menos,
Para dizer minha vida
Sem o medo do vazio
De saber eternidades
Além de mim...

NOVAS JANELAS PARA O UNIVERSO



NOVAS JANELAS PARA O UNIVERSO by Maria Cristina B. Abdala e Thyrso Villela Neto é uma pequena brochura paradidádica destinada a um breve , porém  substancial,  panorama dos avanços da Astronomia comtemporânea.
Falando muito livremente, pessoalmente considero um dos méritos deste pequeno ensaio de ciências dedicado ao público leigo,  o fato de nos induzir a uma conceituação mais ampla de meio ambiente que incorpora o sol, as estrelas e os planetas como parte de nosso meio vivido fomentando reflexões sobre como convencionalmente representamos a condição humana.
Afinal, enquanto codificação do real, todo conhecimento do universo é um conhecimento de nós mesmos através da linguagem  e que invariavelmente  produz realidades e situações novas.
Não por acaso o texto nos chama atenção para o significativo impacto que as  tecnologias produzidas neste campo do saber cientifico exercem sobre o mais imediato cotidiano através de invenções  hoje banais como o forno de  micro ondas e nossos telefones celulares.
Mais o que este belo ensaio nos  informa essencialmente é o surpreendente  limite de nossos conhecimentos sobre o universo apesar de nosso enorme arcabouço tecno-científico.  No dizer dos próprios autores:
“Segundo os melhores dados de hoje, apenas 4% DO Universo é constituído de matéria cujo comportamento é regido por teorias conhecidas, ou seja, a matéria comum composta pelos elementos conhecidos da tabela periódica, opacos ou que emitem luz. Por sua vez, 26% do que se observa no Universo é feito de uma matéria que de fato não conhecemos, chamada matéria escura. A tendência em favor da matéria escura entrou no cenário da Astrofísica e solidificou-se, baseada em firmes dados de pesquisa sobre toda a matéria existente no Universo. Depois de anos e anos de observações, os cientistas concordam que, por meio de uma aritmética simples, a soma de toda matéria não exótica com a exótica explica apenas 30% do Universo!
Além da matéria escura exótica, hoje em dia não há mais duvidas de que deve existir ainda um outro tipo de elemento no universo. Esse novo ingrediente foi chamado de energia escura e isso significa que 70% do Universo é regido por ela. Finalmente, temos a  contribuição dos fótons, que é muito pequena, responsável pela temperatura do Universo ser hoje de 2,726K.
Resumindo, os valores aproximados para constituição do Universo são os seguintes:
CONSTITRUINTES DO UNIVERSO                                              QUANTIDADE
Fotons                                                                                               0,005
Matéria luminosa                                                                           0,5
Matéria escura não exótica                                                          3,5
Matéria escura exótica                                                                  26   
Energia escura                                                                                 70
Isso significa que  desconhecemos a constituição de quase 96% do Universo! A maior parte dele é permeada por uma matéria ou energia escura que não podemos ver nem entender ainda. Significa ainda que 96%  da gravitação que se manifesta no Universo não pode ser atribuída a aglomerados isolados de matéria. Entender esses números é uma das grandes tarefas da Física Moderna.”
( Marisa Cristina B Abdalla. Thyrso Villela Neto. Novas Janelas para o Universo. SP: Editora UNESP, 2005 ( Coleção Novas Tecnologias), p. 104-105)
Creio que o presente fragmento é mais do que suficiente para nos induzir a uma reflexão sobre os contemporâneos limites do conhecimento humano e de nossas representações convencionais de realidade.
Ainda nos movemos essencialmente sobre o desconhecido no que diz respeito a existência e nenhuma fantasia religiosa pode dar conta das enormes lacunas  de nosso conhecimento. Mas isso é o mesmo que dizer que a aventura humana , depois de tantas centenas de anos, ainda se encontra em seu mais elementar limiar...   

quinta-feira, 17 de junho de 2010

SOCIABILIDADES E INDIVIDUALIDADE


Não sei o que me define no cotidiano jogo das sociabilidades humanas. Não sei meu lugar entre os outros que povoam o acontecer da minha vida... Pois tudo que me importa é estar perdido em mim mesmo no insólito e dialético exercício de invenção e reinvenção constante de meus eus projetados e em irracional movimento...
Sei que não passo de uma conformada vítima de mim mesmo...  

quarta-feira, 16 de junho de 2010

LET IT BE



Tudo que agora
Posso dizer ou fazer
Contra os fatos
Que me enterram neste momento é...
LET IT BE...

Futuro algum
Avança no espelho
Ou no dizer de relógios,
Calendários e atos
centenários em alma...
LET It BE ...

Mesmo assim
Me refaço
Em uma minima manhã vazia
Acreditando no resto
Dos dias
Que contra mim
Correm em frente
Percorrendo o avesso
Dos meus passados...

MASK



Minha vida
Ganha um rosto
Que não conheço
No estreito espelho
Do dia a dia.
Sei que
A cada passo
Ultrapasso fatos
Surpreendendo-me
Como opaca variação
Da soma torta dos meus eus perdidos...
Tudo agora
É impreciso
Em um sempre igual e morto amanhã...

ACASO DO ACASO


Tudo aquilo
Que não pude ser
No se fazer do mundo
Realiza-se na existência
De algum anônimo
Que em mim esbarra
Ao passar sem rumo
No passeio público...
Afinal,
É próprio do destino
Não ter rostos
E da sorte
Ignorar nomes...

domingo, 13 de junho de 2010

Led Zeppelin - Moby Dick

MOBY DICK by HERMAN MELVILLE



Embora possua uma obra bastante extensa e possa ser considerado o pai da moderna prosa norte americana, Herman Melville (1819-1891) é lembrado em todo mundo pela consagração de seu  mais impactante e fascinante romance, definitivamente revolucionário para época em que foi publicada, sobre a baleia branca e seu incansável algoz.
Moby Dick possui  lugar privilegiado no cânone da literatura universal. Por isso é realmente irritante vê-lo convencional e corriqueiramente classificado como um romance de aventura, dadas suas  tantas versões condensadas destinadas ao  público infanto-juvenil.
Trata-se, afinal, de uma narrativa épica e complexa cujo grande tema é a própria condição humana e sua teleologia, nossa dramática aventura através do mundo natural que, tomando como parâmetro a imanência como essência do humano, cotidianamente nos confere significado e propósito.  
As intermináveis descrições de aventuras e lembranças de sua viagem de três anos pelos mares do sul abordo do baleeiro Pequod, pelo narrador identificado como Ismael, os grandes trechos de não-ficção sobre variados assuntos, desde a caça as baleias à reflexões metafísicas, conferem a obra uma densidade só comparável a de um bom tratado de filosofia.
Não seria, aliais, exagero dizer que no fundo é justamente isto que Moby Dick é, um tratado de ontologia ou teologia... Afinal, a obsessão do capitão Ahab por sua baleia branca é de natureza religiosa no mais radical sentido passível de ser atribuído a tal palavra.
Estamos falando de um trágico confronto entre a razão humana e a razão animal em um combate épico onde o que está em jogo é o significado e conteúdo da própria existência, mas que aos poucos vai revelando apenas a fragilidade de nossas mais arraigadas convicções e valores humanos...
Mob Dick nos lembra o quanto sermos humanos definitivamente não quer dizer absolutamente grande coisa...  
Segundo o escritor e tradutor Carlos Heitor Cony  na introdução que fez a sua tradução condensada da obra para o português,

“Melville conseguiu impor ao seu romance um significado que transcende ao de simples aventura. Moby Dick é, sobretudo, o Absoluto, o Absurdo, o Infinito, talvez o próprio Deus, que os homens teimosamente tentam apreender e assimilar. A obstinação do capitão Ahab em busca de sua enorme baleia branca tem um patente significado místico e talvez sexual. Sua luta contra o monstro inatingível é a própria busca de um destino que por ser absurdo não deixa de ser profundamente humano. E sua derrota é humana também.”

sobre pesamento e linguagem


 A REALIDADE EXISTE ATRAVÉS DAS RETÓRICAS ESTABELECIDAS PELOS TEXTOS VIVOS QUE SOMOS NO EXERCICIO DE NOSSA INDETERMINADA E VIRTUAL CONDIÇÃO HUMANA.
EM CERTO SENTIDO, NOS FAZEMOS ENUNCIADOS DO MUNDO NA EXATA MEDIDA EM QUE O INVENTAMOS.
SOMOS OS NARRADORES E AS PRÓPRIAS NARRATIVAS, COMO SE A LINGUAGEM TIVESSE UMA EXISTÊNCIA PRÓPRIA E AUTONOMA ATRAVÉS DE TUDO AQUILO QUE SOMOS EM SEU EXERCICIO...   

LEITURA PÓS JUNGUINANA DO ARQUETIPO DE ANIMA



Em termos pós-junguinanos, anima é uma fantasia meta erótica contra sexual que demonstra na psique masculina o quanto sexo e imaginação são fenômenos psíquicos interligados de uma forma arcaica e impessoal.
Quanto mais exploramos as fantasias eróticas associadas as vivencias masculinas das imagens primordiais e representações simbólicas do feminino através do encontro intimo com mulheres , mais somos surpreendidos pela pertinência do mito como privilegiada modalidade de  codificação do vivido.