terça-feira, 28 de abril de 2009

POEMA A VIRGINIA WOOLF


Inteiramente imóvel
Sob o estático do dia
Que desaparece
No passar das horas,
Quase me reconheço,
Quase percebo o tempo
Dentro de mim
Como biografia.

Mas tudo me escapa
Em um segundo de incertezas
No falso de realidades.

Na radical desconstrução de experiências
Em absolutos de linguagem
E concretismos do nada
Submerso,
Desapareço...
Como testemunho do Tempo
que vivo infimamente
como duvida...

INCERTEZA

Seguir em frente
A direita ou a esquerda;
Escolher,
Pura e simplesmente,
Sem o peso dos determinismos
Que o passado impõe,
É o desafio
Do meu ser futuro.

Sou mais o produto
De erros
Do que de acertos.

Sou sombra
De tudo aquilo que me corroe
Em incertezas de amanhãs possíveis
Em azul
sob inspirações de lua.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

A CONTEMPORANEIDADE E O POSITIVO DO VAZIO

O tecido do que reconhecemos tradicionalmente por realidade vem se alterando significativamente através nas novas experiências e vivências proporcionadas pelas novas linguagens digitais. Inaugurou-se no domínio do humano uma nova perspectiva de vazio. Vazio confunde-se agora com a ausência de qualquer referencial seguro de totalidade e universalidade. Talvez, dentre muitas outras coisas, a contemporaneidade seja a constatação simples de que somos definidos por jogos entre a linguagem e o vazio... Mas é justamente isso que nos faz humanos e nos destina um lugar especial no reino animal...

sábado, 25 de abril de 2009

OLD HOUSE


O passado
É como uma ferida aberta
No doer de memórias
De muitos eus perdidos,
De lugares redefinidos,
Existências reconstruídas
No deslocamento de coexistências.

The house is silent...
I am alone;
I wonder where
Ends this darkness...
Only life hás a way out.

LITERATURA INGLESA XLIII



Rupert Brooke ( 1887- 1915), morreu com apenas 28 anos de idade em uma trágica batalha durante a I Grande Guerra. Não nos legou, portanto, uma obra passível de avaliação profunda das dimensões e possibilidades de seu talento. Não é, francamente, considerado um grande poeta pelo que produziu em seus breves anos de atividade. Basicamente, deixou-nos intimistas poemas de juventude onde insinua claramente sua opção homossexual, alguns bons versos como em The Old Vicarage, Grantchester e poemas de guerra que o tornaram imortal como testemunha e vitima da barbárie européia que destruiu e fez desaparecer muitos gênios europeus cuja potencial contribuição a cultura ocidental perdeu-se dramaticamente.
Além de Brooke, outros poetas britânicos morreram na guerra e merecem serem citados nesta pequena lembrança...

John McCrae (1872-1918)
Wilfred Owen (1893-1918)
Isaac Rosenberg (1890-1918)
Alan Seeger ( ?)
Edward Thomas (1878-1917)


The War Sonnets by Rupert Brooke


I. Peace


Now, God be thanked

Who has matched us with

His hour,

And caught our youth, and wakened us from sleeping,

With hand made sure, clear eye, and sharpened power,

To turn, as swimmers into cleanness leaping,

Glad from a world grown old and cold and weary,

Leave the sick hearts that honour could not move,

And half-men, and their dirty songs and dreary,

And all the little emptiness of love!
Oh! we, who have

known shame, we have found release there,

Where there's no ill, no grief, but sleep has mending,

Naught broken save this body, lost but breath;

Nothing to shake the

laughing heart's long peace there

But only agony, and that has ending;

And the worst friend and enemy is but

Death.


II. Safety


Dear! of all happy in the hour, most blest

He who has found our hid security,

Assured in the dark tides of the world at rest,

And heard our word,

"Who is so safe as we?"

We have found safety with all things undying,

The winds, and morning, tears of men and mirth,

The deep night, and birds singing, and clouds flying,

And sleep, and freedom, and the autumnal earth.

We have built a house that is not for

Time's throwing.

We have gained a peace unshaken by pain for ever.

War knows no power.

Safe shall be my going,

Secretly armed against all death's endeavour;

Safe though all safety's lost; safe where men fall;

And if these poor limbs die, safest of all.


III. The Dead


Blow out, you bugles, over the rich

Dead!There's none of these so lonely and poor of old,

But, dying, has made us rarer gifts than gold.

These laid the world away; poured out the red

Sweet wine of youth; gave up the years to be

Of work and joy, and that unhoped serene,

That men call age; and those who would have been,

Their sons, they gave, their immortality.
Blow, bugles, blow!

They brought us, for our dearth,

Holiness, lacked so long, and

Love, and Pain.

Honour has come back, as a king, to earth,

And paid his subjects with a royal wage;

And nobleness walks in our ways again;

And we have come into our heritage.


IV. The Dead


These hearts were woven of human joys and cares,

Washed marvellously with sorrow, swift to mirth.

The years had given them kindness.

Dawn was theirs,

And sunset, and the colours of the earth.

These had seen movement, and heard music; known

Slumber and waking; loved; gone proudly friended;

Felt the quick stir of wonder; sat alone;

Touched flowers and furs and cheeks.

All this is ended.
There are waters blown by changing winds to laughter

And lit by the rich skies, all day.

And after,Frost, with a gesture, stays the waves that dance

And wandering loveliness.

He leaves a white

Unbroken glory, a gathered radiance,

A width, a shining peace, under the night.


V. The Soldier


If I should die, think only this of me:

That there's some corner of a foreign field

That is for ever

England.

There shall beIn that rich earth a richer dust concealed;

A dust whom England bore, shaped, made aware,

Gave, once, her flowers to love, her ways to roam,

A body of England's, breathing

English air,

Washed by the rivers, blest by suns of home.
And think, this heart, all evil shed away,

A pulse in the eternal mind, no less

Gives somewhere back the thoughts by

England given;

Her sights and sounds; dreams happy as her day;

And laughter, learnt of friends; and gentleness,

In hearts at peace, under an

English heaven.

O SILÊNCIO DOS MARES


O mar dos argonautas
Já não existe.

Os oceanos já não dizem
Desafios, tragédias
Batalhas ou conquistas.

O mar agora
É apenas o mar
Desvendado em todos
Os mapas..
Em silêncio de tempestades,
Despido de mitos.

CRÔNICA RERÂMPAGO LII

Nada é mais desconcertante do que a experiência de um susto, de um tremer de momento e rotina em ocasional surpresa de inesperado. Tal experiência remete, afinal, a elementar incerteza da existência e ao fluxo não linear dos fatos cotidianos, ao incontrolável...
Através dela nos damos inesperadamente conta do quanto o destino é aleatório, o quanto, em nosso irrefletido agir cotidiano, somos meros joguetes a mercê dos caprichos e irracionalismos do absoluto caos que define a existência e o mundo...
Naturalmente, não há nada que possamos fazer sobre isso...

sexta-feira, 24 de abril de 2009

O REAL E O IMAGINADO

Ainda aguardo resposta
Dos desfeitos versos
De vento
Que me fizeram seguir
Em frente
Inventando universos
Em lágrimas de esperanças.

Mas creio,
Tão somente,
No imediato e efêmero
Das nuanças de pequenos prazeres,
Ocultos em rasgos de realidades
Pseudo sonhadas.

Acredito
nas imaginações do acaso...

quinta-feira, 23 de abril de 2009

FANTASIA DELIRIO

Sinto falta
De um rosto
Em minhas palavras,
De uma certeza de beijo
Entre as ilusões da verdade.

Sinto falta de ser criança,
De um devaneio e crepúsculo
No alem do ego
Que me escapa.

Sinto falta de você
De quem nunca soube
No até agora da vida...

NIETZSCHE E FILOSOFIA DA LINGUAGEM


Sobre Verdade e Mentira no sentido extra moral ( 1873) é um dos mais instigantes textos já produzidos por Nietzsche. Neste, o autor aborda com peculiar maestria o clássico problema da verdade em sua relação com a fenomenologia do intelecto humano, descrito, entre outras formas, como um meio para a conservação do individuo, como um “disfarce” que estabelece a linguagem como mediadora da oposição entre “mentira” e “ verdade” no fazer-se do existir em sociedade ou “viver em rebanho”.
No prefácio para Humano, Demasiadamente Humano de 1886, Nietzsche refere-se a este texto como um escrito juvenil e de formação condicionado a um momento de crise ou niilismo absoluto no qual duvidara até mesmo de seu grande mestre Shopenhauer. Nada disso elimina a coerência do texto com o desdobrar posterior de sua filosofia.
O fato é que, naquele momento, para Nietzsche, a verdade não passava de uma invenção semântica não correspondente a qualquer hipotética realidade. Ela seria uma convenção estabelecida pela vida coletiva, pelo arbítrio da moral dominante. Por outro lado, quando o intelecto se liberta da escravidão dos conceitos e das convenções socialmente estabelecidas, transforma o homem através da intuição em um construtor de metáforas, desvela o domínio absoluto da arte sobre a vida no ininterrupto fluir da existência em sua pluralidade que jamais se cristaliza sob qualquer momentânea forma e conteúdo.
Creio que é nesse sentido que ele nos diz:

“ O que é uma palavra? A figuração de um estímulo nervoso em sons.Mas concluir do estímulo nervoso uma causa fora de nós já é o resultado de uma aplicação falsa e ilegítima do principio da razão. Como poderíamos nós, se somente a verdade fosse decisiva na gênese da linguagem, se somente o ponto de vista da certeza fosse decisivo nas designações, como poderíamos no entanto dizer: a pedra é dura: como se para nós esse “dura” fosse conhecido ainda de outro modo, e não somente como uma estimulação inteiramente subjetiva! Dividimos as coisas por gêneros, designamos a árvore como feminina, o vegetal como masculino: que transposições arbitrárias! A que distância voamos alem do cânone da certeza! Falamos de uma Schlange ( cobra): a designação não se refere a nada mais do que o enrodilhar-se, e portanto poderia também caber ao verme Que delimitações arbitrárias, que preferências unilaterais, ora por esta, ora por aquela propriedade das coisas! As diferentes línguas, colocadas lado a lado, mostram que nas palavras nunca importa a verdade, nunca uma expressão adequada: pois senão não haveria tantas línguas. A “coisa em si” (* tal seria justamente a verdade pura sem conseqüências)é, também para o formador da linguagem, inteiramente incaptável e nem sequer algo que vale a pena. Ele designa apenas as relações das coisas aos homens e toma em auxilio para exprimi-las as mais audaciosas metáforas. Um estimulo nervoso, primeiramente transposto em uma imagenm! Primeira metáfora. A imagem, por sua vez, modelada em um som! Segunda metáfora E a cada vez mais completa mudança de esfera, passagem para uma esfera inteiramente outra e nova. Pode-se pensar em um homem, que seja totalmente surdo e nunca tenhas tido uma sensação do som e da música: do mesmo modo que este, porventura, vê com espanto as figuras sonoras de Chladni desenhadas na areia, encontra suas causas na vibração das cordas e jurará agora que há de saber o que os homens denominam “som”, assim também acontece a todos nós com a linguagem. Acreditamos saber algo das coisas mesmas, se falamos de arvores, cores, neve e flores, e no entanto não possuímos nada mais do que metáforas das coisas, que de nenhum modo correspondem às entidades de origem. Assim como o som convertido em figura na areia, assim se comporta o enigmático X X da coisa em si, uma vez como estimulo nervoso, em seguida como imagem, enfim como som. Em todo caso, portanto, não é logicamente que ocorre a gênese da linguagem, e o material inteiro, no qual e com o qual mais tarde o homem da verdade, o pesquisador, o filósofo, trabalha e constrói, provém, se não der Cucolândia das Nuvens, em todo caso não da essência das coisas.”

Friedrich Wilhelm Nietzsche. Obras Incompletas- Vol.I /seleção de textos de Gerard Lebrun; tradução e notas de Rubens Rodrigues Torres Filho; 5 ed. SP: Nova Cultural, 1991. ( Os Pensadores); p. 33-34)

LITERATURA INGLESA XLII ( Edward Hughes: in memoriam)


O nome do poeta britânico Ted Hughes, ou Edward James Hughes ( 1930-1998) é normalmente lembrado pelo seu trágico casamento com a também poeta Silvia Plath que suicidou-se em 1963.
Mas Hughes, embora pouco conhecido e lido, foi um dos mais interessantes nomes das letras inglesas de sua geração. Alem de poesia, dedicou-se a literatura infantil, possuindo também um sem numero de boas traduções. O horizonte de imagens de infância e delicada fantasia lhe propiciam uma introspecção e uma linguagem poética realmente singular. A lembrança do nome do autor, infelizmente ocorreu-me hoje em função da noticia do recente suicídio de um de seus filhos com Plath, o biólogo Nicolas Hughes, professor e pesquisador na Escola de Ciências Oceânicas e da Pesca da Universidade do Alasca.
Avesso a qualquer discussão ou comentário sobre a obra e vida de seus pais, sua morte, ao contrário do que pode ser sugerido, como certamente proporia o morto, não esta vinculada a qualquer resquício ou influencia das opções ou eventuais episódios biográfico envolvendo seus progenitores. O suicídio foi para ele uma opção pessoal e intima cujas motivações não temos o direito de fazer objeto de especulações sem sentido e meramente inspiradas pelas curiosidades e arbitrariedades do imaginário coletivo.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

MEMORY


Recordo pequenas belezas
Que me bastaram
Na magia incerta dos ventos,
A intensidade dos verdes momentos
De distante e dourada infância.

Recordo a doce dor
Que me aguarda
Alem do infame dia a dia
Entre os jardins do infinito,
A felicidade da intimidade do mero finito
Em majestosa realidade
Do ínfimo como principio
E pluralidade de ilimitadas
Direções do sentir e do pensamento.
.

I FEEL EMPTY


Aquilo que conquistamos
Jamais estará a altura
Do que queremos.

Pois é próprio do humano
Buscar o futuro,
Rasgar leis e limites
No vislumbre de seu
Mais intimo absoluto.

É próprio do humano
A liberdade
De reinventar-se
A cada segundo
De ontológica insatisfação.

I feel empty....

terça-feira, 21 de abril de 2009

PAUL IS DEAD...


A história do rock and roll é recheada de mitos e lendas envolvendo os ícones de sua cultura. Uma das mais famosas e curiosas é a da suposta morte de Paul McCartney em um fatal acidente automobilístico com seu conversível Aston Martin onde teria supostamente tido o crânio esmagado ou a cabeça decapitada.
O boato surgiu um pouco depois do lançamento de REVOLVER, em 1966, mas ganhou novo fôlego em 1969, quando os Beatles já não faziam turnês, através do disc jockey Russ Gibb, da cidade americana de Detroid que, motivado por um telefonema, leu comicamente no ar uma lista de indicios sobre a suposta morte de Paul que, para sua surpresa, foi levado a sério por muita gente figurando em manchetes de jornais no dia seguinte.
O cúmulo da ironia é que, apesar das negativas e impaciências do próprio suposto morto sobre o assunto, o boato alimentou-se, por muitos anos, através de sofisticadas especulações envolvendo a hermeneutica de letras dos Beatles e do simbolismo contido na capa dos seus albuns.
É muito provável que, considerando o profundo senso de humor da banda, os próprios Beatles tenham deliberadamente criado uma serie de pistas falsas ironizando a inusitada fantasia.
De um modo ou de outro, apesar desse pseudo mistério, Paul jamais foi istigmatizado como um impostor, embora até os dias de hoje existam pessoas que percam tempo considerando com alguma ingênua seriedade tão descabido asunto.
O fato é que os Beatles, enquanto icones máximos de toda uma época, foram demasiadamente expostos, solicitados, questionados e admirados de um modo profundamente irracional e imprevisível. O episódio “Paul is Dead” não é no fundo muito diferente das repercursões das declarações de John em uma entrevista, se não me engano, de 1964 ao jornal London Evening Standard à Maureen Cleave, onde inocentemente ousou dizer singelamente que:

“ O cristianismo vai passar. Vai se encolher e desaparecer. Não há necessidade de discutir esse assunto. Estou certo disso, e o tempo é o que vai me provar. Somos hoje mais populares que Jesus. Eu não sei qual desaparecerá primeiro, se o rocki and roll ou se o cristianismo. Jesus era o.k., mas seus discipulos eram pessoas estupidas e comum. É a dertupação feita por eles que, para mim, causa todo o estrago.”

NOTHING'S GONNA CHANCE MY WORD..."

Estou convicto unicamente de minhas incertezas, dos meus vazios, limites e dúvidas. Pois são elas que, em última instância, determinam minha vida. Logo, nada me prende a nada, nada espero de nada. Tudo que sou já é passado ou futuro que abandonei em, definições de presentes.

“NOTHING’S GONNA CHANGE MY WORD...”

segunda-feira, 20 de abril de 2009

DAY

O tempo
Passou por mim
Em silêncio
Como se o dia de hoje
Não existisse.
Deixou-me vazio
Com palavras mortas
Na boca
Diante de um relógio
Quebrado
Entre preguiças, inércias
E atos abandonados.

domingo, 19 de abril de 2009

INDIVIDUALISMO POSITIVO

No mundo contemporâneo, em que pesem outros abstratos referenciais ontológicos, o individuo isolado, auto-performático, é a medida de todas as coisas que nos definem as dinâmicas da existência coletiva.
Afinal, somos todos orientados a buscar o prazer e o conforto como metas últimas da existência. Estamos positivamente condenados a um mundo criado e moldado por nossas instabilidades e incertezas, definido por um ordenamento instável, que reflete pura e simplesmente nosso mais intimo sentimento pessoal de mundo ou incerto e inconstante estado de espírito. O ingênuo apelo a qualquer moral inspirada pela tradição e de natureza coercitiva pode mudar tal fato.
Dizendo de outra maneira, a existência, enquanto construção coletiva, já não é referencia para a cognição social e a invenção de significados. Somos cada vez menos sensíveis a f orça de qualquer mitologia laica ou ainda sacralizada. Aprendemos a depender cada vez mais apenas de nós mesmos no continuo esforço de reproduzir a própria vida. Como em nenhuma outra época passada, a auto consciência que define o indivíduo foi tão decisiva para as mutações das possibilidades humanas...

quarta-feira, 15 de abril de 2009

CRÔNICA RELÂMPAGO L I

O fim de um dia de trabalho é como uma página em branco de biografia onde nos contentamos com a insignificante expontâneidade do acontecer sem compromisso de rotinas não laboriosas.é quando passamos dos desertos públicos aos desertos privados na continuidade de vazios que nos definem no exercicio de insondáveis silêncios intimos e constantes...

A TRAGÉDIA DE Hillsborough


Nesta quarta feira, a cidade de Liverpool vestiu-se de luto para lembrar amargamente os 20 anos daquela que foi a maior tragédia do football inglês.
Trata-se da partida de 15 de abril de 1989 da semifinal da Copa da Inglaterra, entre os times Liverpool e Nottingham Forest, no estádio Hillsborough, em Sheffield.
O jogo foi interrompido seis minutos após o início quando, depois de uma agromeração e confusão nos tuneis estreitos que davam acesso ao estadio, 730 pessoas ficaram feridas e, 96 torcedores, todos do Liverpool, morreram esmagados...
Entre as homenagens aos mortos desta quarta, houve dois minutos de silêncio na cidade de Liverpool às 14 : 06 horas (horário local), quando a 20 anos atrás a tragédia aconteceu...
Até hoje o time do Liverpool não joga no dia 15 de abril...
Que dias como esse jamais voltem a acontecer pelos caminhos incertos de cada acaso e fortuna ...
Essa tragédia ainda é uma ferida aberta...

O OUTRO COMO CAMINHO DA INDIVIDUAÇÃO


O que há de mais paradoxal na condição de indivíduo é a incontornável necessidade do outro para sustentar a própria auto-consciência... É através do outro que paradoxalmente nos tornamos o que já somos; um outro que em muitos sentidos sempre permanece irremediavelmente distante. Pois quanto mais íntimos nos tornamos de alguém, mas somos surpreendidos pelo seu ontológico alheamento.Disso se conclui que a individualidade, ou o humano em singularidade psicológica, não é propriamente uma condição definida pela auto consciência, mas sim um fluxo de experiências autônomas estabelecidas interativamente. É a experiência da diferença, da pluralidade de possibilidades e escolhas, através do outro o que nos torna únicos no estranho processo de tomada de consciência de si mesmo que também é uma vivencia constante de estranhamentos e redescobertas.

NOW...


Nada me prende ao agora,

Ao aleatório movimento

De me fazer

Em tempo e espaço.


Adivinho futuros calados

E pequenas esperanças

Que passeiam no vento

Para fugir ou ficar

Indiferente

Ao caos presente.


Em tudo

Sou apenas amanhã,

Esboço de um outro

Em potencial existência

E esforço de plenitude

De movimento futuro.

SOBRE A ILUSÂO DA VERDADE

Aquilo que conhecemos como verdade não é uma qualidade do mundo sensível, mas algo definido pelo intelecto humano. A verdade é tão somente uma necessidade, uma tendência inerente as configurações da consciência para estabelecer referencia e padrões de realidade. Isso faz dela uma função do pensamento, algo que não corresponde a qualquer coisa objetivamente existente.A verdade, em resumo, é apenas um mito...

domingo, 12 de abril de 2009

BLACK NIGHT


É preciso apostar
No futuro,
Mesmo quando
Não acreditamos nele,
Quando tudo
Que o tempo oferece
É o silêncio de nós mesmos.

É preciso acreditar
No acaso
Pelos labirintos da vida
Até os limites do onírico
em brilho discreto de lua...

CRÔNICA RELÂMPAGO XLIX


Há estranhas ocasiões em que penso no quanto seria decisivo, talvez, poder mudar o passado, trasmutar o presente em reinvenções de expectativas de futuros. Mas nenhum desejo poderia ser mais fútil e inútil no ato de ser precariamente em uma biografia.
Todo viver é, o tempo todo, esboço e pluralidade de possibilidades em qualquer determinado cenário de circunstâncias. O Hoje é o grande campo de batalha da vida perante um potencial amanhã que nunca morre como possibilidade.
Como esboços de sobrevivências a nós mesmos, construímos os futuros possíveis em readaptações e reinvenções do que provisoriamente somos na aventura de cada momento...

RELEITURAS


Estou a dois passos
Do passado
Apagando presentes
Em futuros sonhados.

Estou deslocado
De mim mesmo
No infinito desejo
De páginas
De tempo em branco.

Desconstruo-me
Em construção de desejos...
Perco-me em contemplação
Da mudez do céu...

sexta-feira, 10 de abril de 2009

MONTY PYTHON: A VIDA DE BRIAN


Lançada em 1979 LIVE OF BRIAN, segundo filme wado grupo de comediantes britânicos Monty Python ainda hoje é a única comédia bíblica de toda a historia do cinema. Trata-se na verdade de uma inteligente e divertida critica a difusão do messianismo cristão e uma sátira mordaz as clássicas adaptações wollywoodianas de temas bíblicos.
Brian Cohen ( Gaham Chapman) é um relutante candidato a messias na Judéia do ano 33 DC, onde o Império Romano procura manter alguma ordem em meio ao caos, miséria, movimentos messiânicos, profetas delirantes e atos de crucificação.
Para mim, particularmente, o melhor momento desta singular e hilariante comedia é seu final, ou mais precisamente a crucificação de Brian após uma série de reveses e peripécias. O tema musical que acompanha a cena é certamente uma das mais preciosas amostras do humor corrosivo e irreverente do Monty Python e, porque não dizer, uma verdadeira filosofia de vida...


ALWAYS LOOK ON THE LIGHT SIDE OF LIFE


Some things in life are bad

They can really make you mad

Other things just make you swear and curse

When you're chewing on life's gristle

Don't grumble, give a whistle

And this'll help things turn out for the best...

And... ...always look on the bright side of life...

(Whistle)

Always look on the light side of life...

(Whistle)

If life seems jolly rotten

There's something you've forgotten

And that's to laugh and smile and dance and sing

When you're feeling in the dumps

Don't be silly chumps

Just purse your lips and whistle - that's the thing.

And...always look on the bright side of life...

(Whistle)

Come on. Always look on the bright side of life...

(Whistle)

For life is quite absurd

And death's the final word

You must always face the curtain with a bow

Forget about your sin - give the audience a grin

Enjoy it - it's your

last chance anyhow.

So always look on the bright side of death

Just before you draw your terminal breath

Life's a piece of shit

When you look at it

Life's a laugh and death's a joke it's true

You'll see it's all a show

Keep 'em laughing as you go

Just remember that the last laugh is on you

And always look on the bright side of life...

(Whistle)

Always look on the bright side of life...

(Whistle)

Come on guys, cheer up.

Always look on the bright side of life...

Always look on the bright side of life...

Worse things happen at sea you know.

Always look on the bright side of life...

I mean - what have you got to lose?

You know, you come from nothing - you're going back to nothing.

What have you lost?

Nothing.

Always look on the bright side of life...


(Esta letra foi retirada do site www.letrasdemusicas.com.br )



quinta-feira, 9 de abril de 2009

LIVRES ESPECULAÇÕES EM TORNO DE GEORGE HARRISON


A devoção de George Harrison, “the quiet Beatle" ao hinduismo nos fins dos anos 60 do ultimo século, influenciou decisivamente a musicalidade e entrada dos Beatles na maturidade tanto quanto contribuiu para a assimilação da cultura oriental pelo ocidente em um momento de profundos questionamentos identidários e culturais para os quais o rock era uma linguagem, uma forma privilegiada de expressão. Talvez este seja o principal legado do individuo singular que foi George...
Definitivamente, o mais discreto e introspectivo dentre os Beatles também foi o mais sofisticado e complexo poeticamente. Uma canção aparentemente simples como Here Comes the sun ( 1969), por exemplo, não fala poeticamente do amanhecer, mas desnuda o caráter ilusório de nossas percepções contraposta a imagem da luz interior e exterior personificada pelo nascer sol. É uma “canção mito” de momentos de transformações, mudanças e descobertas.
Mas é sabido que, ao contrário de John Lennon, George era um pouco cético com relação ao poder da linguagem como meio de expressão. Arrisco-me a afirmar que, para ele, as questões e experiências mais importantes da vida não poderiam ser traduzidas convenientemente em palavras, pois a essência da condição humana é inefável e indefinível em termos racionais. Gosto de pensar como um exemplo desta ousada hipótese a clássica canção Something (1969). A letra não nos oferece qualquer definição do amor, apenas especula em devaneio sobre “aquela coisa” que existe no modo de se mover de uma determinada mulher que, sabe-se lá porque, atrai o narrador e a torna única para ele. O amor é aqui apenas “aquela coisa” indefinível, aquela magia sem nome que conduz um homem a uma determinada mulher. No fundo o amor é realmente apenas isso no alem de conceitos e abstratas valorações inúteis.


Something
By George Harrison

Something in the way she moves

Attracts me like no other lover

Something in the way she woos me


I don't want to leave her now

You know I believe and how


Somewhere in her smile she knows

That I don't need no other lover

Something in her style that shows me


I don't want to leave her now

You know I believe and how


You're asking me will my love grow

I don't know, I don't know

You stick around now it may show

I don't know, I don't know


Something in the way she knows

And all I have to do is think of her

Something in the things she shows me


I don't want to leave her now

You know I believe and how

TO BE...


Queria poder ser
Todos os rostos
E almas que já tive,
Viver alguma esquizofrenia
De vento de consciência.

Queria saber as coisas
Em todas as variáveis possíveis
De mim mesmo,
Atingindo o saber absoluto
De um eu em frenesi
E mergulho.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

MATRIX: 10 ANOS DEPOIS...


No último dia 31 de março comemorou-se os dez anos de lançamento do primeiro filme da triologia Matrix, escrito e dirigido pelos irmãos Andy e Larry Wachowski e contando no elenco com nomes de preso como Keanu Reeves, Lawrence Fishburne e Carrie Anne Moss.
Ganhador de quatro Oscars: efeitos visuais, efeitos sonoros, edição e som, o filme é ainda hoje cultuado e considerado um marco cinematográfico por ter criado uma linguagem e uma estética nova nitidamente impactante sobre a maioria dos filmes de ação e ficção cientifica que lhes sucederam.
O roteiro de Matrix, por si só, é surpreendentemente original. O programador Thomas Handerson (Keanu Reeves), que a noite é o hacker Neo, obcecado por descobrir o significado de uma lenda virtual: a Matrix, é contactado por Morpheu (Lawrnce Fishburne) e seu grupo de “foras da lei”. Através dele Neo descobre a aterradora verdade: O mundo real não existe, é a Matrix, uma realidade virtual criada e mantida por inteligências artificiais que após um confronto apocalíptico com a humaniodade passaram a dominar a terra convertendo humano a meras fontes de energia para o sustento de seu admirável mundo novo.Fora de Matrix, os poucos humanos que se libertaram do domínio das máquinas lutam pela liberdade defendendo arduamente a cidade subterrânea de Sião, ultimo reduto da humanidade livre.
Projetada em um futuro impreciso, a trama remete a temas como crença, livre arbítrio, amor, evolução, progresso e controle social. Entretanto, uma compreensão mais profunda desta bela peça cinematográfica pressupõe a apreensão de seu implícito diálogo com as formulações do filosofo francês Jean Baudrillard. Autor controvertido e critico radical da modernidade. É possível estabelecer paralelos surpreendentes e reflexivos entre o deserto do real de Matrix e a cultura do simulacro e o virtual na óptica de Baudrillard como demonstra claramente o seguinte fragmento que nos conduz “a toca do coelho”:

“ ... Mas é preciso que se diga que esta expressão, “realidade virtual”, é um verdadeiro oxímoro. Não estamos mais na boa e velha acepção filosófica em que o virtual era o que estava destinado a torna-se ato, e em que se instaurava uma dialética entre as duas noções. Agora, o virtual é o que esta no lugar do real, é mesmo sua solução final na medida em que efetiva o mundo em sua realidade definitiva e, ao mesmo tempo, assinala sua dissolução.
Chegando a esse ponto, é o virtual que nos pensa: não há mais necessidade de um sujeito do pensamento, de um sujeito da ação, tudo se passa pelo viés de mediações tecnológicas. Mas será que o virtual é o que põe fim, definitivamente, a um mundo do real e do jogo, ou ele faz parte de uma experimentação com a qual estamos jogando? Será que não estamos representando a comédia do virtual, com um toque de ironia, como na comédia do poder? Essa imensa instalação da virtualidade, essa performance no sentido artístico, não é ela, no fundo, uma nova cena, em que operadores substituíram os atores? Ela não deveria, então, ser mais digna de crença que qualquer outra organização ideológica. Hipótese que não deixa de ser tranqüilizante: no final das contas tudo isso não seria muito sério, e a exterminação da realidade não seria, em absoluto, algo incontestável.
Mas, no momento em que nosso mundo efetivamente inventa para si mesmo seu duplo virtual, é preciso ver que isto é a realização de uma tendência que se iniciou há bastante tempo. A realidade, como sabemos, não existiu desde sempre. Só se fala dela a partir do momento em que há uma racionalidade para dizê-la, parâmetros que permitem representá-la por signos codificados e descodificados.
(...)
Existe atualmente uma verdadeira fascinação pelo virtual e todas as suas tecnologias. Se ele é verdadeiramente um modo de desaparecer, esta seria uma escolha- obscura, mas deliberada- da própria espécie: a de se clonar, corpo e bens, em um outro universo, de desaparecer enquanto espécie humana propriamente dita para perpetuar-se em uma espécie artificial que teria atributos muito mais performáticos, muito mais operacionais. Será que é nisso que se aposta?”

Jean Baudrillard. Senhas. Tradução de Maria Helena Kuhner. RJ: Difel, 2001, p. 42-44.

LITERATURA INGLESA XLI


Muitos consideram Francis Bacon pelos seus escritos filosóficos o pai da ciência moderna, embora não lhe seja atribuída qualquer invenção ou descoberta original. Sem entrar neste mérito, ocupar-me-ei aqui exclusivamente de sua Nova Atlântica, obra escrita em seus últimos anos de vida e publicada postumamente em 1627.
Embora a referência ao continente perdido de Atlântica seja uma clara referência a Platão, o estado imaginário apresentado por Bacon é em todos os sentidos antagônico a República de Platão. Nele não encontramos, e nisso se Difere também da Utopia de Morus, nenhuma descrição de uma organização social ou econômica hipoteticamente perfeita como contraponto de uma realidade concreta. Sua Nova Atlântica é uma alegoria para as possibilidades abertas pelo conhecimento cientifico. Justamente por isso, a Nova Atlântica é formatada pelo domínio da natureza através da técnica e da ciência fomentada pela sua instituição central e nuclear, a “ Casa de Salomão”, onde vivem e trabalham seus sábios em cotidiana luta contra a natureza e pelo progresso de sua sociedade fundamentada no que para época poderíamos chamar não muito propriamente de tecnologia.
Esta peculiar utopia baconiana expressa uma imagem de ciência empírica e autônoma frente aos outros campos do fazer coletivo humano anunciando o advento do Homo Faber como imagem vital a época moderno que então se iniciava sob a inspiração renascentista.
Justifica-se, entretanto, este breve comentário à obra, não pelo lugar e importância do autor na historia dos saberes científicos, mas pelo fato de Nova Atlântica, pelo seu estilo literário, ser considerada por muitos um clássico da literatura inglesa, cuja imagética e caráter fantástico, aproximar-se de certa forma a literatura de Daniel Defoe e Jonathan Swift. Mas tal encontro entre literatura e ciência nos primórdios da modernidade é deveras sugestivo...

domingo, 5 de abril de 2009

APOSTA

Joguei fora
Algumas palavras
De tédio
Na avenida aberta
De um crepúsculo de semana.

Esperava,
Admito,
Qualquer resposta
De acaso
Por invisíveis princípios esculpida
Entre fatos aleatórtios.

Esperava,
Qualquer coisa viva,
Qualquer inútil acontecimento
Que me levasse embora
A alma e o tédio.

ROCK E POS MODERNIDADE: DIALOGOS...




Para afirmação da relevância do rock and roll como objeto de pesquisas historiográficas e olhares mais apurados no campo das sensibilidades subjetivas e configurações cognitivas contemporâneas, creio ser muito apropriado reproduzir aqui um fragmento de CULTURA PÓS MODERNA: INTRODUÇÃO ÀS TEORIAS DO CONTEMPORÂNEO de Steven Connor sobre cultura popular:


“Os últimos anos viram uma explosão de interesse por toda uma gama de textos e práticas culturais antes desdenhados pela critica acadêmica ou invisíveis a ela. Os críticos culturais contemporâneos, seguindo o inspirador caminho aberto por Richard Hoggart, Raymond Willians, Roland Barthes e Stuard Hall, tomam como tópico o esporte, a moda, os estilos de cabelo, as compras, os jogos e os rituais sociais, e passam a empregar nessas áreas, sem nenhum pudor, o mesmo grau de sofisticação teórica que empregariam com um artefato da alta cultura. De certo modo, isso constitui em si um fenômeno pós moderno, por ser a marca do nivelamento de hierarquias e do apagamento de fronteiras, efeito da explosão do campo da cultura descrita por Jamenson, na qual a cultura, o social e o econômico deixam de ser facilmente distinguíveis um dos outros.
Muitas dessas formas e práticas culturais contribuem-se a qualidade de elementos representativamente pós modernos em si, embora possam ser formas e práticas que nunca passaram por alguma fase modernista reconhecível. Essas formas, ao que parecem, não necessitam de legitimação da teoria pós moderna para gozarem da sua condição pós moderna. Mas isso não quer dizer que não haja formas significativas de transferência e de paralelo entre outros tipos de teoria cultural pós moderna. Na cultura popular, como em, outros campos, a condição pós moderna não é um conjunto de sintomas simplesmente presentes num corpo de evidência sociológica e textual, mas um complexo efeito do relacionamento entre prática social e a teoria que organiza, interpreta e legitima as suas manifestações.

ROCK

De certo modo, para falar a verdade, o rock como forma cultural especifica só pode ser chamado de pós moderno por analogia. Pode-se alegar que o rock passou por uma acelerada genealogia interna que imita, ou pode ser entendida como imitando, narrativas de emergência da sensibilidade pós moderna em outras áreas culturais. Frederic Jamenson chega perto disso ao apresentar os Beatles e os Rolling Stones como o “grande momento modernista” do rock. A espécie de narrativa que isso implica poderia ser: depois de sua rebelde ressurreição nos anos 60, o rock foi canonizado e assimilado pela industria cultural nos anos 70, embora os seus mais avançados representantes parecessem estar explorando estilos experimentais ou paródias desses estilos associados com a estética de vanguarda contemporânea; isso produziu um amálgama contraditório mas, discutivelmente “modernista” do experimental, e do institucionalmente incorporado. A isso se seguiu, no final dos anos 70, a musica punk e new have, associada com grupos como The Clash, The Sex Pistols e outros, que pretendiam purificar o “o rock de estádio” aristocrata que se desenvolvera através do retorno às energias e à origem primais do rock nas experiências de jovens descontentes da classe trabalhadora.”

Steven Connor. Cultura Pos Moderna: Introdução às teorias do contemporâneo.lSP: Edições Loyola, 4? Ed, 2000, p.149-150

BIOMAGIA


Não sei o principio
Do dia,
O ponto cego
Onde se escondem
Os nomes das horas
Ou os números
Que definem o tempo.

Sei apenas
A intuição de um grande
Silêncio,
De um puro vazio
A preencher o pouco
De cada coisa
No acontecer mágico
Da vida.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

TEST PAPER

Há tempos
De sonho e espera
Entre ceticismos.

Faço do mundo labirinto
Em busca de sobras
Do meu próprio intimo
Na súbita reconstrução
Do meu particular infinito.

No saber do mundo
Em viver de mil coisas
Entre falsos gritos
Recolho-me em expectativas de azul
Buscando rublos espetáculos de futuro.

You reap what you sow...