quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

AS ORIGENS DA POS MODERNIDADE SEGUNDO PERRY ANDERSON


AS ORIGES DA POS MODERNIDADE...Este livro do historiador britânico Perry Anderson, como o próprio título sugere, é indiscutivelmente uma referência importante para a compreensão das origens da Pos moderno enquanto ideia e conceito, mas em contra partida é questionável para uma definição e real compreensão da pos modernidade, suas implicações e diversos significados culturais e epstemológicos. Neste ensaio, o autor baseia-se unicamente nos textos de Frederic Jamenson sob o tema, nada mais natural já que fora escrito originalmente como introdução para uma coletãnea de textos do autor sobre o tema. O problema é que em sua leitura do pos moderno Anderson, apesar da erudição, é lamentavelmente metodologicamente inspirado por um marxismo estreitro produzindo uma narrativa pouco convincente em sua insistencia em reduzir a pos modernidade em uma “ideologia” apologetica do capitalismo tardio mediante reducionismos economicistas e politicos.
Mas, como já disse, seu ensaio é importante para discursão das origens da pos modernidade que, segundo ele, em uma tese muito original, tem seus primordios ou proto-história na America Espanica e na Inglaterra. Vale apena ilustrar essa tese através do fragmento seguinte que tambem procura lançar luzes sobre a origem do modernismo, embora eu discorde totalmente dessa leitura...:

“Pos- modernismo”, como o termo e idéia, supõe o uso corrente de “modernismo”. Ao contrário da expectativa convencional, ambos nasceram numa periferia distante e não no centro do sistema cultural da época: não vem da Europa ou dos Estados Unidos, mas da América Hispânica. Devemos a criação do termo “modernismo” para designar um movimento estético a um poeta nicaragüense que escrevia num periódico guatatemalteco sobre um embate literário no Peru. O inicio por Rubén Dario, em 1890, de uma tímida corrente que levou o nome de modernismo inspirou-se em várias escolas francesas-românica, parnasiana, simbolista- para fazer uma “declaração de independência cultural” face a Espanha, que desencadeou naquela década um movimento de emancipação das próprias letras espanholas em relação ao passado. Enquanto em inglês a noção de “modernismo” só passou ao uso geral meio século depois, em espanhol já integrava o cânone da geração anterior. Nisso os retardatários ditaram os termos do desenvolvimento metropolitano- assim como no século XIX “liberalismo” foi uma invenção do levante espanhol contra a ocupação francesa na época de Napoleão, uma exótica expressão de Cádiz que só muito depois se tornaria corrente nos salões de Paris ou Londres.
Assim, também a idéia de um “pós modernismo” surgiu pela primeira vez no mundo hispânico, na década de 1930, uma geração antes de seu aparecimento na Inglaterra ou nos Estados Unidos. Foi um amigo de Unamuno e Ortega, Frederico de Onís, quem imprimiu o termo posmodernismo. Usou-o para descrever um refluxo conservador dentro do próprio modernismo: a busca de refúgio contra o seu formidável desfio lírico num perfeccionismo don detalhe e do humor irônico, em surdina, cuja principal característica foi a nova expressão autêntica que concedeu às mulheres. Onís contrastava esse modelo- de vida curta, pensava, com sua seqüela-, um ultramodernismo que levou os impulsos radicais do modernismo a uma nova intensidade numa série de vanguardas que criaram então uma “poesia rigorosamente contemporânea” de alcance universal. A famosa antologia de poetas de língua espanhola organizada por Onís segundo esse esquema foi publicada em Madri em 1934, quando a esquerda assumiu o comando da república na contagem regressiva para a Guerra Civil. Dedicada a Antônio Machado, seu panorama do “ultramodrnismo” terminava em Llorca, Vallejo, Borges e Neruda.”

( Perry Anderson. As origens da pós-modernidade/tradução de Marcus Prenchel. RJ: Jorge Zahar ed., 1999, p. 9-10 )

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